"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de outubro de 2015

UM HIPOPÓTAMO NA PRAÇA DOS TRÊS PODERES




Um congresso reunindo os maiores caçadores do mundo fazia sucesso no coração da África. 
Numa clareira, no meio da selva, cada um dos participantes esmerava-se em contar as façanhas mais corajosas. 
Ao final de cada intervenção, o orador era aplaudido.
Quanto mais leões e leopardos tivesse  matado, mais palmas e gritos de entusiasmo. Foi quando o Gaguinho, célebre caçador de onças do pantanal, levantou-se e exclamou “Hip! Hip!” ao que a assembleia completou  “Hurra! Hurra!”. 
Mais duas  vezes, com os olhos fora da órbita, ele repetiu “Hip! Hip”, seguindo-se vibrantes “Hurra! Hurra”, com tentativas de carregar nos ombros o caçador mais corajoso, que abatera oito leões com uma única bala no fuzil.
Foi quando chegou um hipopótamo e comeu todo mundo. Ninguém percebeu  que o Gaguinho estava alertando para o avanço da fera…
Conta-se a historinha onde os hipopótamos são carnívoros,  a propósito de  outro congresso, se  não de caçadores, ao menos  de mentirosos, reunido na Praça dos Três Poderes. 
Derramam-se todos em veementes exortações a respeito de a impunidade estar varrida do Brasil e de que quantos meteram a mão nos dinheiros públicos sofrerão as penas da lei.
Pois o Gaguinho, que também é deputado, já começou a alertar, mas ninguém presta atenção. Trocando as sílabas, ele denuncia que Eduardo Cunha, presidente da Câmara, não será punido. 
Que manterá seu mandato e sua função, por conta do alegado benefício da dúvida, da  liderança e das manobras que executa junto aos colegas e pelas ligações com o palácio do Planalto.
FANTASIADO DE POVO
O problema para os nossos caçadores é o hipopótamo que se aproxima, fantasiado de povo. Não dá para imaginar o cidadão comum permanecendo mergulhado na indiferença. Acabará ganhando as ruas, sem a certeza de suas manifestações acontecerem pacífica e ordeiramente, como as mais recentes.  E não se pense que centralizadas apenas na figura de Eduardo Cunha. Há montes de caçadores sendo flagrados em assaltos à Petrobras e demais empresas públicas. Dos 513 deputados e 81 senadores, quantos mantém contas secretas na Suíça e em variados paraísos fiscais? Quantos receberam dinheiro podre para as campanhas e mil outros objetivos?
O hipopótamo está com fome e revoltado diante do desemprego em massa, da alta de impostos, taxas e tarifas, da redução salarial, da deterioração dos serviços públicos e da violência crescente.

18 de outubro de 2015
Carlos Chagas

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