"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de outubro de 2015

DELATOR DIZ QUE PROPINAS BANCARAM A ELEIÇÃO DE JACQUES WAGNER



O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou à Polícia Federal que o novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, teve campanha eleitoral ao governo da Bahia beneficiada com o esquema de desvios de dinheiro na estatal. 

O delator da Operação Lava-Jato afirmou que eleições para o governo estadual e para as prefeituras foram abastecidas com “a remessa de recursos da companhia para o Estado da Bahia, a fim de financiar o Partido dos Trabalhadores”.

Ele não menciona o ano das campanhas — o ministro venceu as disputas de 2006 e 2010. O delator sustenta que os recursos foram viabilizados pela Gerência Executiva de Comunicação, subordinada ao então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, ex-secretário de Planejamento do governo de Wagner (2007-2014).

BOATOS INTERNOS

Apesar de dizer que sua convicção está baseada em “boatos internos” da petroleira, Paulo Roberto declarou que uma auditoria poderia confirmar a acusação. 
“O declarante acredita que, se forem auditados os contratos da Gerência Executiva no Estado da Bahia, serão encontradas irregularidades”, disse Paulo Roberto ao delegado Josélio Azevedo Sousa, em depoimento de 22 de julho.

O depoimento de Paulo Roberto foi prestado no Rio de Janeiro, onde o ex-diretor de Abastecimento cumpre penas alternativas, fruto de seu acordo de colaboração premiada com investigadores do caso. 

Na Superintendência da PF no estado, ele afirmou que uma negociação para pagar as agências de publicidade Muranno e Mistral foi “a única ocasião” em que “tratou claramente de corrupção” com Gabrielli, ex-presidente da estatal. 
Ele disse que “seria mais provável” que o então presidente da Petrobras tratasse desses assuntos com Renato Duque, ligado ao PT e então diretor de Engenharia da estatal, por onde passavam quase todas as licitações.

TENTATIVA REQUENTADA

A assessoria do ministro desqualificou as afirmações do delator. “Trata-se de tentativa requentada de envolver o ministro Jaques Wagner na questão”, afirmou a assessoria do ministro ao Correio.

“Tais tentativas foram sempre baseadas em ilações ou depoimentos que não apresentam qualquer evidência ou conexão com a realidade.”

Ao menos até o momento, o ministro é mencionado na Lava-Jato, mas não foi arrolado como investigado em inquéritos na operação. 
Procurada desde 18 de setembro para comentar o caso, a petroleira não esclareceu se fez auditorias na Gerência Executiva de Comunicação. 

“A Petrobras não teve acesso aos depoimentos”, disse a empresa em nota. Gabrielli não retornou os pedidos de esclarecimentos feitos por meio de ex-assessores, mas ele já negou participação em esquemas de corrupção.

É O QUARTO MINISTRO

Wagner assumiu o cargo de chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, em substituição a Aloízio Mercadante, que voltou para a Educação. 

Desde a deflagração da Operação Lava-Jato é o quarto titular ou ex-ocupante da pasta citado como beneficiário do esquema, embora nenhuma referência diga respeito à atuação na Casa Civil. José Dirceu, preso e acusado criminalmente, Antônio Palocci e Gleisi Hoffman, investigados, são os outros. 
Mercadante é alvo de um inquérito de caixa dois no Supremo Tribunal Federal derivado da Lava-Jato. Todos negam as acusações.

18 de outubro de 2015
Eduardo MilitãoCorreio Braziliense

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