"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de outubro de 2015

DILMA FAZ UM GOVERNO DE DIREITA. VAI DEFENDER?

DILMA FAZ UM GOVERNO DE DIREITA. VAI DEFENDER?



Gente, por favor. Dilma faz um governo marcadamente de direita. 
Preferiu, num contexto economicamente pior que o de seu antecessor, aliar-se e render-se à direita histórica ao invés de se unir às forças progressistas que, inclusive, garantiram sua última vitória nas urnas. 
Esse governo promove retrocessos absurdos – tanto quanto ou mais que o tão falado ‘congresso mais reacionário da história’ – e endossa essa mesma política nos estados.
Apoio à leis criminalizantes, aliança com agronegócio, dependência de oligarquias regionais, política econômica neoliberal e imposição de um ajuste fiscal que beneficia os ricos e pune os pobres, privatizações, apoio a políticas de segurança pública de promoção do encarceramento e do genocídio negro, retirada de direitos trabalhistas, retrocesso nas políticas de direitos humanos… É um governo indefensável.
E não me venham dizer que “falar mal do PT ajuda a direita”, afinal, falar da direita, que são canalhas, seria chover no molhado. O grupo que prometeu ser uma coisa e foi outra é o que governa o país há 4 mandatos. Um grupo que, embora eleito em nome da classe, jamais enfrentou os grandes interesses dos algozes seculares do povo brasileiro. Ao contrário, preferiu a tática da conciliação, como se nunca houvera aberto um livro de história para saber o quão impossível seria.
AVANÇOS SOCIAIS
Alguns dirão: é a defesa aos avanços sociais dos últimos anos. Responderia: não se trata da negação daquilo que alguns consideram “avanço”, mas sim do que devia ter sido feito, em forma e conteúdo, e não se fez. 
Das brigas e disputas políticas e ideológicas que não se fizeram. Do enfrentamento aos interesses da classe dominante, que não se fez. E que sequer foram tentadas. E o porquê de não terem sido tentadas, mesmo com o clamor permanente dos movimentos sociais.
Essa crítica em nada tem a ver com defender impeachment ou “golpe”. E cá entre nós, não acho provável nenhum dos dois – até porque faltam elementos objetivos para tal – afinal, derrubar um governo que garante os interesses dos ricos e a opressão dos pobres tão bem quanto o governo Dilma, para que, né?!
Mas vivemos no Brasil, onde os absurdos são comuns. Então também não duvido. E num contexto de disputa “político ideológica” entre PSDB/PMDB versus PT, eu leio assim: de um lado a direita histórica, escravocrata, fascista, racista e elitista, logo, inimigos históricos da classe trabalhadora. De outro os capatazes, ex-escravos, a serviço das vontades do senhor, logo, traidores da classe trabalhadora. A “esquerda” não está, a meu ver, em meio a essa disputa.
POLITICAMENTE EQUIVOCADO
Quando digo isso, deixemos explícito, falo dos projetos políticos e da direção de cada um dos lados, e não do povo iludido ou politicamente equivocado – na minha opinião – que as partes reúnem.
É deprimente ver gente séria, com trajetória de luta e compromisso se rebaixando em último nível para defender o indefensável. Triste, muito triste.
Sim, é preciso juntar os cacos de um vaso que nós mesmos quebramos. Não há de se negar ou demonizar o PT ou os grupos e movimentos apoiadores do governo, claro que não, até porque “os partidos são as pessoas”, e tem muita gente séria e comprometida nesses espaços.
Mas é preciso superar, construir o novo com novos atores e, caso os atores de sempre queiram colaborar, que reconheçam e limpem sua sujeira, que lavem seus pratos cuspidos e peguem a fila lá de trás. 
O protagonismo não deve estar com aqueles que nos conduziram à beira deste precipício. Estes, por dignidade, deveriam perceber isso.
(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas). 

18 de outubro de 2015
Douglas Belchior, professor de História da rede pública de São Paulo

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