O principal destaque jornalístico do V Congresso Nacional do PT, foi a entrevista que o presidente regional do PT no Estado do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, que é prefeito de Maricá, deu ao Estadão em Salvador, dizendo que o ex-ministro José Dirceu está preocupado com os rumos da Operação Lava Jato.
Em matéria assinada por Ana Fernandes, Vera Rosa e Ricardo Galhardo, que fizeram a cobertura das reuniões do partido, o dirigente petista revelou ter-se encontrado há poucos dias com Dirceu, condenado no processo do mensalão. “Ele estava calmo, tranquilo, gosta de fazer análises sobre o futuro do PT, do País”, relatou Quaquá aos jornalistas, dizendo admirar o amigo, de quem disse gostar de ouvir conselhos. Na verdade, o presidente do PT fluminense é uma das lideranças do grupo de Dirceu, muito ligado ao jornalista Marcelo Sereno, que é uma espécie de braço-direito do ex-ministro.
Quaquá relatou que Dirceu demonstra preocupação com o cerco da Operação Lava Jato em torno dele, pelos supostos serviços de consultoria prestados a empreiteiras. Disse que Dirceu foi e é “injustiçado”, porque ajudou a alavancar as empresas no Brasil e no exterior. “Eu já ouvi de vários diretores de empreiteiras que o Zé (Dirceu) vale até mais do que pagam pra ele, ele tem olho, o serviço de consultoria dele abre oportunidades de negócio”, afirmou.
Quaquá disse que as investigações da Lava Jato Eestão sendo direcionadas e criticou a atuação do juiz Sérgio Moro. “Não há dúvidas que há interesse político na atuação de Moro. Vejo um ânimo de promotor no juiz da Lava Jato”.
O dirigente petista amigo de Dirceu disse ainda que é “besteira” a especulação de que o ex-ministro se sinta traído pelo PT ou pelo ex-presidente Lula.
E relatou que Dirceu até tem dito ver uma recuperação do PT no futuro, traçando um paralelo com o Partido Socialista Operário Espanhol, que segundo ele passou por uma crise semelhante de representatividade na Espanha e conseguiu se recuperar.
As declarações do prefeito de Maricá necessitam de tradução simultânea. Na verdade, Dirceu está apavorado com o cerco da força-tarefa da Lava Jato, porque sua empresa de consultoria não se preocupou em produzir relatórios que pudessem comprovar a prestação dos serviços que teriam sido prestados.
Quis levar essas preocupações a Lula, há dois meses. Como Lula mudou os telefones e não os forneceu a Dirceu, ele teve de buscar um intermediário. Pediu então a Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, que marcasse com o ex-presidente e até adiantou o assunto – a necessidade de se estabelecer uma defesa sólida do PT na Operação Lava Jato. Dirceu, é claro, ficou furioso quando soube que Lula não aceitara se reunir com ele.
Depois disso, Dirceu já vazou duas vezes informações contra Lula. Na semana passada, mandou dizer (e saiu publicado na grande imprensa) que ele, Lula e Dilma, estavam “no mesmo saco”.
Lula também já despertou para a gravidade da Lava Jato também no que concerne a ele. Sabe que seu envolvimento com as empreiteiras é mais do que notório, não há como negar, mas está tudo (digamos, quase tudo) declarado à Receita. Está preocupado também com a ação da CPI da Petrobras, que já aprovou a convocação de Okamotto.
Mesmo assim, Lula não que assunto com José Dirceu. Ainda acha que a Lava Jato vai ser igual ao mensalão, quando ele e Dilma disseram que não sabiam de nada e ficaram de fora. Desta vez, porém, se depender de Dirceu, tudo vai ser diferente.
17 de junho de 2015
Carlos Newton
As declarações do prefeito de Maricá necessitam de tradução simultânea. Na verdade, Dirceu está apavorado com o cerco da força-tarefa da Lava Jato, porque sua empresa de consultoria não se preocupou em produzir relatórios que pudessem comprovar a prestação dos serviços que teriam sido prestados.
Quis levar essas preocupações a Lula, há dois meses. Como Lula mudou os telefones e não os forneceu a Dirceu, ele teve de buscar um intermediário. Pediu então a Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, que marcasse com o ex-presidente e até adiantou o assunto – a necessidade de se estabelecer uma defesa sólida do PT na Operação Lava Jato. Dirceu, é claro, ficou furioso quando soube que Lula não aceitara se reunir com ele.
Depois disso, Dirceu já vazou duas vezes informações contra Lula. Na semana passada, mandou dizer (e saiu publicado na grande imprensa) que ele, Lula e Dilma, estavam “no mesmo saco”.
Lula também já despertou para a gravidade da Lava Jato também no que concerne a ele. Sabe que seu envolvimento com as empreiteiras é mais do que notório, não há como negar, mas está tudo (digamos, quase tudo) declarado à Receita. Está preocupado também com a ação da CPI da Petrobras, que já aprovou a convocação de Okamotto.
Mesmo assim, Lula não que assunto com José Dirceu. Ainda acha que a Lava Jato vai ser igual ao mensalão, quando ele e Dilma disseram que não sabiam de nada e ficaram de fora. Desta vez, porém, se depender de Dirceu, tudo vai ser diferente.
17 de junho de 2015
Carlos Newton
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