O tom menor do 5º Congresso Nacional do PT, em 35 anos de vida do partido, não ficou evidente apenas na baixa adesão ao encontro — os 750 delegados foram aquém do esperado. Os relatos de desinteresse da plateia em discursos de líderes nacionais da legenda também ajudaram a ilustrar o momento de baixo astral petista.
E é justificável. Reeleita, a candidata do partido Dilma Rousseff teve o bom senso de adotar uma política econômica de ajuste fiscal, mas assim contrariou o que dissera nos palanques. Deixou a oposição mais enfurecida, diante de um caso clássico de estelionato eleitoral, e petistas, perplexos.
Esta atitude, embora correta em si, se somou ao crescimento do escândalo do petrolão e edificou elevados índices de impopularidade para Dilma e o PT, enquanto a velha bandeira ética da legenda ficava definitivamente esfarrapada.
Ao final do congresso, o entendimento entre as duas maiores facções do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), de Lula, e Mensagem ao Partido, do ex-governador Tarso Genro, evitou mais dissabores para a presidente Dilma. O documento do encontro não cita o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nem pede, de forma direta, uma alteração nos rumos da administração da economia; apenas defende que a política econômica precisa visar à “ampliação das políticas sociais”. Sequer reivindica a volta da famigerada CPMF, como defende o presidente do partido, Rui Falcão. Tudo muito anódino. Melhor assim para o governo. Mas a questão para os petistas é saber o que virá pela frente.
Na sexta-feira, ao comparecer ao congresso, Dilma fez a correta defesa do ajuste e terminou aplaudida sem euforia pela militância. Entende-se a reação, porque sempre foi dito à massa que tudo depende da determinação política dos companheiros. E não é assim.
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A presidente soltou, ainda, uma frase sugestiva: “O partido precisa entender que muitas vezes as circunstâncias impõem movimentos táticos para alcançar objetivos estratégicos”. Pode ser que a militância metabolize a frase achando que o ajuste é apenas uma pequena parada para, depois de controlada a inflação etc., tudo voltar a ser como antes: gastança generalizada, subsídios a rodo no BNDES, déficits fiscais e assim por diante. Sério engano, pois, dessa forma, a crise renascerá com força.
Petistas clamam, também, pela “volta às bases”, por uma guinada à esquerda. Este retorno às origens supostamente energizaria a legenda. É difícil apostar nesta alternativa, já que o PT só se tornou viável para assumir o Planalto quando deu uma guinada para o outro lado, a direita.
É instigante a agenda de debates e reflexões que o partido precisa seguir. Um congresso como este de Salvador é pouco.
E é justificável. Reeleita, a candidata do partido Dilma Rousseff teve o bom senso de adotar uma política econômica de ajuste fiscal, mas assim contrariou o que dissera nos palanques. Deixou a oposição mais enfurecida, diante de um caso clássico de estelionato eleitoral, e petistas, perplexos.
Esta atitude, embora correta em si, se somou ao crescimento do escândalo do petrolão e edificou elevados índices de impopularidade para Dilma e o PT, enquanto a velha bandeira ética da legenda ficava definitivamente esfarrapada.
Ao final do congresso, o entendimento entre as duas maiores facções do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), de Lula, e Mensagem ao Partido, do ex-governador Tarso Genro, evitou mais dissabores para a presidente Dilma. O documento do encontro não cita o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nem pede, de forma direta, uma alteração nos rumos da administração da economia; apenas defende que a política econômica precisa visar à “ampliação das políticas sociais”. Sequer reivindica a volta da famigerada CPMF, como defende o presidente do partido, Rui Falcão. Tudo muito anódino. Melhor assim para o governo. Mas a questão para os petistas é saber o que virá pela frente.
Na sexta-feira, ao comparecer ao congresso, Dilma fez a correta defesa do ajuste e terminou aplaudida sem euforia pela militância. Entende-se a reação, porque sempre foi dito à massa que tudo depende da determinação política dos companheiros. E não é assim.
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A presidente soltou, ainda, uma frase sugestiva: “O partido precisa entender que muitas vezes as circunstâncias impõem movimentos táticos para alcançar objetivos estratégicos”. Pode ser que a militância metabolize a frase achando que o ajuste é apenas uma pequena parada para, depois de controlada a inflação etc., tudo voltar a ser como antes: gastança generalizada, subsídios a rodo no BNDES, déficits fiscais e assim por diante. Sério engano, pois, dessa forma, a crise renascerá com força.
Petistas clamam, também, pela “volta às bases”, por uma guinada à esquerda. Este retorno às origens supostamente energizaria a legenda. É difícil apostar nesta alternativa, já que o PT só se tornou viável para assumir o Planalto quando deu uma guinada para o outro lado, a direita.
É instigante a agenda de debates e reflexões que o partido precisa seguir. Um congresso como este de Salvador é pouco.
17 de junho de 2015
O Globo
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