"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

PELA CULATRA

Petrolão: Dilma e Lula prometem processar Youssef e a revista Veja, mas devem tropeçar feio

petrolao_01A denúncia do doleiro Alberto Youssef, de que Lula e Dilma Rousseff sabiam do esquema de corrupção que funcionava em algumas diretorias da Petrobras, não é novidade para quem acompanha as entranhas do poder central.

Conhecendo a personalidade de Lula e Dilma é impossível imaginar que ambos não soubessem do escândalo do “Petrolão”, que desde a eclosão do Mensalão do PT funcionou normalmente até março deste ano, quando foi deflagrada a Operação Lava-Jato.
 
Entre imaginar que Lula e Dilma tinham conhecimento do esquema e ter provas a respeito do assunto há uma enorme distância. Mesmo assim, o ucho.info afirma, sem medo de errar, que nas áreas mais restritas do Palácio do Planalto o tema “Petrolão” era voz corrente. Afinal, os dois petistas jamais teriam conseguido ampla maioria no Congresso Nacional apenas na conversa fiada.

A presidente Dilma Rousseff, acusada por Alberto Youssef, apelou à censura e tentou impedir a circulação da revista Veja, que chegou às bancas na última sexta-feira (24).
Como fracassou em sua tentativa ditatorial, a petista disse que responderá à revista na Justiça. Lula, outro acusado, disse que está tranquilo em relação à reportagem da revista Veja e às denúncias do doleiro, mas não é assim que ambos estão reagindo nos bastidores.
 Lula e Dilma deveriam estar preocupados com as respectivas declarações, uma vez que passado o período eleitoral o caminho da verdade continuará ser trilhado, querendo ou não o governo. Isso significa que é mínima a chance dos dois petistas saírem-se bem em evetual demanda judicial contra a Veja.

A afirmação que ora fazemos não se deve apenas ao fato de o site ter sido o primeiro palco das denúncias, em janeiro de 2009, que desaguaram na operação da Polícia Federal, mas, sim, porque o editor se infiltrou na cúpula de alguns partidos políticos para confirmar o que já sabia ser verdade. Ou seja, temos certeza que o esquema criminoso funcionava com a anuência explícita do governo federal, até porque no Parlamento o assunto corria à solta.

Outro ponto que nos dá tranquilidade para fazer tal afirmação é o perfil de Alberto Youssef, um homem extremamente detalhista, metódico e acostumado a guardar documentos e provas. No acordo de delação premiada o doleiro sabe, desde o início, que qualquer informação sem procedência pode comprometer a eventual redução de pena.

Para que os leitores avaliem a veracidade das informações repassadas às autoridades por Youssef, a previsão de pena era de aproximadamente cem anos de prisão. Em conversa com o ucho.info, um dos procuradores da República que trabalham no caso disse, antes do acordo de delação premiada, que o doleiro não sairia tão cedo da cadeia.

Se por um lado o doleiro não seria irresponsável de comprometer o acordo de delação premiada, por outro há um detalhe que garante a nossa afirmação. A revista Veja não publicaria uma estrondosa reportagem de capa se não tivesse em mãos provas suficientes que garantam a denúncia. A revista Veja tem um sistema rígido de avaliação de matérias jornalísticas, uma espécie de trincheira quase intransponível, que barra qualquer reportagem que não tenha em seu arcabouço um cipoal de provas.

Responsável pela defesa do doleiro, o criminalista Antonio Figueiredo Basto disse que não desmentiu a reportagem da revista Veja, até porque não teria como fazê-lo, pois qualquer opinião sobre o assunto configuraria quebra do acordo de confidencialidade que pauta a delação premiada.
“Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”, disse o advogado. Acontece que o PT, de forma sorrateira, tentou distorcer a fala de Figueiredo Basto, dando a entender que Youssef em momento algum fizera tal afirmação, Isso porque o objetivo dos petistas era minimizar o estrago feito pela matéria.

“Sobre a reportagem, o que eu disse é que não concordo com o vazamento dos depoimentos. Mas isso, num país que tem a imprensa livre, cabe às autoridades investigar.
A imprensa é livre para divulgar o que apura, mas não posso me manifestar sobre um conteúdo que é sigiloso, sobre o qual não tenho autorização para falar. A defesa sabe de tudo que é dito nos depoimentos, mas não se pronuncia nem para desmentir nem para confirmar”, disse Antonio Figueiredo Basto.

27 de outubro de 2014
ucho.info

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