"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MINAS: O DESENCONTRO COM A VERDADE

Minas falta ao encontro marcado e dá ao PT a quarta vitória consecutiva no país

Minas não compareceu ao encontro marcado. A Minas que muitos imaginavam existir — e que só estaria à espera de um filho da terra para ungi-lo à Presidência da República, quem diria?, era São Paulo.
Nas terras paulistas, sim, a vitória do PSDB foi acachapante: 64,31% contra 35,69%, com uma diferença de 6.807.906 votos. Nunca antes na história de São Paulo, nem mesmo quando os candidatos que enfrentavam o PT eram paulistas, algo semelhante se viu.
Por que é assim? Ainda voltarei a este assunto, mas adianto: nem tanto é por Dilma, é pelo PT. O que cresce na capital paulista e no Estado é o repúdio ao partido e a seus métodos.
 
Faço um breve comentário a respeito e retomo o fio: os petistas voltaram a explorar a crise hídrica no Estado, buscando jogar a reponsabilidade nas costas dos tucanos. Deu errado de novo. Mas voltemos a Minas.
 
Vejam que coisa: no Brasil, a petista obteve 51,64% dos votos válidos — em Minas, 52,41%; no país, Aécio ficou com 48,36%; no seu Estado, com 47,59%. Vale dizer: ela ficou acima de sua média, e ele abaixo. A diferença entre os dois, ali, foi de 550 mil votos; no Brasil como um todo, de 3.459.963. Se a diferença mineira de lado, ainda assim, ele perderia. Ocorre que a conta a se fazer é outra.
 
Em Minas, os votos válidos foram de quase 11,5 milhões. Se o Estado tivesse dado a Aécio a proporção que lhe deu São Paulo, a fatura estaria liquidada. É claro que, matematicamente, não faz sentido atribuir a derrota a um único estado. Ocorre que estamos diante de uma questão política. A expectativa era que Minas votasse esmagadoramente com Aécio.
 
É inescapável concluir que erros vários foram cometidos pelo PSDB no Estado — e a escolha do candidato do partido ao governo, Pimenta da Veiga, não foi o menor deles. Estava afastado havia tempos da linha de frente da política. Do outro lado, havia o petista Fernando Pimentel, uma brasa encoberta, político que pode ser notavelmente agressivo nos métodos.
 
A campanha petista de desconstrução da imagem de Aécio parece que acabou tendo mais eficácia em sua terra natal, coisa com qual, convenham, ninguém contava. E esse pode ter sido o grande acerto estratégico do PT. Se a gente observar no detalhe, por mais que os petistas tenham tentando fazer barulho em São Paulo, o objetivo, por aqui, era não sofrer uma derrota humilhante — mesmo assim, humilhante ela foi.
 
Os “companheiros” perceberam a tempo que a fronteira da vitória ou da derrota seria mesmo Minas. Não se trata, obviamente, de ficar caçando responsáveis. O fato é que, se o PSDB quiser se estruturar para as batalhas vindouras, parece que algo há de se fazer por ali. O Estado votou majoritariamente com o PT em 2002, 2006, 2010 e 2014. E contará agora com um governador do PT.
 
São Paulo foi o Estado que, individualmente, deu mais votos a Aécio e, percentualmente, ficou em segundo lugar, com 64,3%. Só perdeu para Santa Catarina, com 64,59%. Com seus magros 47,59%, Minas faltou ao encontro marcado e deu ao PT a quarta vitória consecutiva não apenas no Estado, mas também no país.
 
27 de outubro de 2014
Reinaldo Azevedo

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