Não adianta. O fato da eleição é este. Os mineiros nos apontaram uma esperança para, em seguida, derrotar o nosso sonho. Não a totalidade dos mineiros, mas uma parte dos nossos irmãos outrora inconfidentes cometeu um terrível erro histórico, que custará muito caro ao resto do país. Os números não mentem, só mostram verdades inconvenientes.
Primeiro ponto: se Aécio Neves tivesse feito 62,76% em Minas Gerais estaria eleito presidente do Brasil. Teria feito 1.731.000 votos a mais e, evidentemente, tirado 1.731.000 votos de Dilma Rousseff. Ela terminaria a eleição totalizando 52.770.000 votos. Ele somaria 52.772.000 votos, sendo eleito presidente da República.
Segundo ponto: Minas, mesmo assim, ainda teria dado menos votos ao mineiro Aécio Neves do que São Paulo, onde 64,31% dos paulistas sufragaram o tucano, dando um exemplo de maturidade política e de desapego a regionalismos. E mesmo em meio a uma enorme crise hídrica, causada pela falta de chuvas.
Que crise Minas enfrenta para dar uma punhalada nas costas do seu mais dileto filho, esperança de metade do país em dias melhores? Nenhuma.
Que crise Minas enfrenta para dar uma punhalada nas costas do seu mais dileto filho, esperança de metade do país em dias melhores? Nenhuma.
Terceiro ponto: não foram todos os mineiros que derrotaram Aécio, porque ele recebeu 48,36% dos votos no estado. Como precisaria de 62,76%, apenas 14,40% foram os responsáveis pela derrota do seu maior político. E, certamente, estes 14,40% não vivem de Bolsa Família, não moram no Vale do Jequetinhonha, não são pobres coitados que teriam motivos, por uma campanha suja e nojenta feita pelo PT, para não votarem em Aécio com medo de perder seus benefícios. Com toda certeza também não fazem parte do tradicional voto partidário petista. Mais certo é que façam parte da tradicional família mineira.
Portanto, nós brasileiros, não devemos culpar os nordestinos ou os beneficiários de programas sociais pela derrota de Aécio Neves.
Pelo menos antes de condenar esta pequena parte de mineiros que não são petistas, que não são bolsistas, mas que devem carregar em si alguma herança genética de Joaquim Silvério dos Reis ou mesmo do carrasco que enforcou Tiradentes.
Pelo menos antes de condenar esta pequena parte de mineiros que não são petistas, que não são bolsistas, mas que devem carregar em si alguma herança genética de Joaquim Silvério dos Reis ou mesmo do carrasco que enforcou Tiradentes.
A profunda tristeza que estava marcada no rosto de Aécio Neves, ontem à noite, não foi motivada por brasileiros. Estes só lhe deram alegrias. Foram estes mineiros, estes poucos mineiros que apequenaram a História de Minas e sangraram o seu coração.
Carlos Drummond de Andrade, o mais mineiro de todos, escreveria ontem para Aécio:
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Aécio sonhou, mas Minas não se cumpriu. Dói. Dói demais da conta.
Carlos Drummond de Andrade, o mais mineiro de todos, escreveria ontem para Aécio:
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Aécio sonhou, mas Minas não se cumpriu. Dói. Dói demais da conta.
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