Quando o eclesiástico sueco Jacob Wallberg (1746-1778) alterou o sobrenome para Wallenberg, não imaginava que, dois séculos mais tarde, seus descendentes formariam a família mais rica e poderosa do país.
Calcula-se que, faz vinte anos, no apogeu de sua influência, os descendentes do patriarca controlavam, direta ou indiretamente, um terço do PIB nacional. A dinastia está presente na banca e na indústria. Os interesses do conglomerado se estendem a grande parte dos grupos industriais suecos: Ericsson, SKF, Scania, Electrolux, Saab.
A Saab tem investido soma elevada na concepção e no desenvolvimento de um avião de caça de última geração, mas sua construção em série dependia de encomenda internacional. Dois países se interessaram pelo novo modelo. A Suíça precisava de 22 unidades e o Brasil gostaria de adquirir 36 aparelhos.
Na Suíça, decisões de tal importância não costumam ser resolvidas por uma canetada do presidente.
O povo foi consultado. As urnas, impiedosas, trouxeram a resposta: a compra foi recusada. Os eleitores, por maioria de 53,4%, consideraram que não valia a pena gastar tanto dinheiro. Depois do desaparecimento da União Soviética, o espantalho de uma invasão vermelha desbotou.
No Brasil, as coisas não funcionam assim. Uma pessoa sozinha(!) pode tomar decisões que afetam a segurança e as finanças do Estado. Pode passar por cima do parecer das Forças Armadas e do Congresso.
O Lula, quando presidente, garantiu a Monsieur Sarkozy que compraria aviões franceses. O tempo passou, e nosso fiel presidente, em meio a tantos afazeres, há de ter esquecido a promessa.
Sobrou para a sucessora que, anos mais tarde, deu a decisão. O Brasil vai comprar seus 36 aviões da firma Saab.
Marcus Wallenberg, membro do clã bilionário, é presidente e grande acionista do construtor aeronáutico sueco.
Estes dias, lançou comunicado à imprensa informando que o grupo industrial se orgulha de «caminhar lado a lado com o Brasil» no importante programa de construção de 36 caças Gripen NG. No fragor da campanha eleitoral, a informação passou silenciosa.
O valor anunciado da transação é de 39,3 bilhões de coroas suecas, algo em torno de 5,4 bilhões de dórares (R$ 13,75 bilhões). Dá uns vinte porcento a mais do que tinha sido noticiado faz alguns meses. Deve ser por causa da inflação sueca.
PS: A inflação anual sueca em 2013 foi de 0.14%. Yes, taxa anual.
27 de outubro de 2014
José Horta Manzano
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