"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

REFLETINDO SOBRE A DERROTA DO BRASIL



Estava assistindo o jogo com amigos e foi reflexivo observar o misto de choque, tristeza e frustração com a derrota do Brasil. Eu, como todos que me conhecem, com a eterna alma de jornalista aposentada, me recolho na escrita.

Ao longo dos meus 50 anos, vi o Brasil perder por  muitas vezes, mas acho que essa foi a maior derrota. Meu primeiro pensamento foi, a partir de agora começam os julgamentos: a seleção não tinha time, faltava esquema tático,  os caras ganham demais e não tem garra, a culpa é do Fred, e assim por diante. Me deu até frio na barriga.

Acho que nada disso. Ouvi um narrador falar em tragédia. Tragédia para mim é a queda do viaduto da Pampulha, os desabrigados no Rio Grande do Sul,  a falta de dinheiro para a saúde, os dependentes de crack que morrem sem os cuidados devidos,  José Dirceu sair da prisão enquanto estamos preocupados com a vértebra do Neymar ou se a Marquezine dormiu com ele ou não, a impunidade dos nossos governantes. Tragédia é a politica do pão e circo. Tragédia é precisar de uma válvula de escape para não confrontar com a nossa dor. " O brasileiro precisa dessa alegria" .

Ouvi outro dizer  que o " futebol brasileiro tem que repensar muita coisa, a partir essa derrota. Não acho que seja o futebol brasileiro que tenha que repensar, mas o Brasil. Aonde estamos colocando o nosso interesse e nossa atenção.

Se tivéssemos perdido de 2x1, iríamos justificar. Puxa, faltou o Neymar. Lutamos! A única forma de sacudirmos foi com essa " tragédia". Não é só de futebol que vive o Brasil, precisamos legitimar outros esportes. Temos muitos talentos que não reverenciamos. Me parece tão pouco, nos intitularmos como a pátria de chuteiras.

 Somos uma nação de gente inteligente, receptiva, criativa, amiga, somos um País potencialmente cheio de riquezas. O brasileiro é uma riqueza.

Mas, primeiro, temos que honrar o nosso adversário. A Alemanha é um país nobre , organizado,  forte, disciplinado e talentoso. Que ressurgiu de duas guerras, tem todo o território plantado e aproveitado, campeã em sustentabilidade, economia  estável e GOVERNO RESPEITÁVEL, etc, etc, etc e não me venham falar em nazismo! Vamos aprender com os caras.  Sobrou gol e HUMILDADE. Sobrou de quem tem uma história de dor, arrependimento e superação!

Tudo bem ter o luto, a decepção, a tristeza, mas com o devido tempo, vamos ressurgir das cinzas . Vamos nos reinventar. Aprender com o nosso adversário.  Gente, o que precisamos aprender?  Precisamos aprender que para alcançar um objetivo, temos que trabalhar com disciplina e paciência. Chega do jeitinho brasileiro. Chega de bolsa família e de querer levar vantagem em tudo. Fazer limpo.  Não precisamos destruir caixas de bancos, queimar ônibus, praticar violência. É só acreditarmos que somos muito mais do que acreditamos.

Não vamos nos esquecer que  a Copa está linda. Nós não só somos o futebol, demos um banho de confraternização, amizade, respeito e solidariedade. Fomos considerados os melhores anfitriões. Isso também é virtude. Já pensaram se juntarmos as nossas qualidades com as dos caras!

A derrota vai ficar na história, mas podemos escolher como queremos ser reconhecidos. Como o povo que perdeu dentro de casa de 7 e ficou tentando arranjar um culpado e justificativas ou como o povo que levantou a cabeça, honrou seus jogadores, reconheceu a derrota sem vergonha ,desdém ou reatividade e aprendeu com isso. Humildade Brasil.

 
09 de julho de 2014
Elisa Cristina Castro é Cidadã brasileira.

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