No futebol, estrelas significam sucesso, glória e honra. Não à toa elas estão estampadas nas camisas dos times campeões. Na Alemanha, além das estrelas dadas por cada título, há oito anos os clubes as recebem também quando realizam um bom trabalho nas categorias de base.
A iniciativa é parte de um projeto ambicioso da Federação Alemã de Futebol (DFB), que sentiu a necessidade de renovar o futebol do país após o vice-campeonato mundial de 2002 e a eliminação, ainda na primeira fase, na Eurocopa de 2000. Desde 2004, todos os times da primeira e da segunda divisão são obrigados a construir um centro de excelência para jovens.
A maioria dos grandes clubes já possuía categorias de base. Mas na última década uma empresa escolhida pela DFB e pela Liga de Futebol da Alemanha (DFL), organizadora da Bundesliga, passou a fiscalizar, em intervalos regulares, o trabalho dos hoje cerca de 50 centros espalhados pelas três principais divisões do país.
Referência mundial
A formação de atletas de ponta é, certamente, um aspecto a ser considerado. Mas a avaliação dos centros de treinamento vai além: organização, recursos humanos, infraestrutura, estratégia, comunicação, efetividade e, sobretudo, o desenvolvimento dos jovens. Os centros que atenderem com excelência os requisitos recebem “três estrelas” da federação.
Com exceção do veterano Miroslav klose, todos os 23 convocados pelo técnico Joachim Löw passaram por esses centros de excelência, que ajudaram a formar a que, para muitos, é uma das melhores gerações da história recente do futebol alemão.
A receita do sucesso não é apenas treinos periódicos, mas também técnicos de ponta, que elaboram atividades específicas para os jovens. Somadas a isso estão as condições perfeitas de infraestrutura, com o melhor material esportivo e a possibilidade de as grandes promessas garimpadas por toda a Alemanha estarem em contato com colegas igualmente talentosos.
A Alemanha tem uma boa fama quanto à formação de novos jogadores. Delegações de países estrangeiros visitam com frequência o país para se aperfeiçoar e entender como a “geração Özil-Götze-Reus” foi formada. Desde cedo, os jogadores alemães estão aptos a jogarem em alto nível.
Desde o início da década de 1990, a idade média dos jogadores alemães na Bundesliga e na seleção diminuiu de 29 para 25 anos. A ideia era conciliar a já consagrada disciplina e combatividade dos jogadores do país com a criatividade. “Técnica, tática e coordenação de alto nível fazem parte das condições básicas buscadas por nós. Mais tarde são formadas então a vontade e a criatividade”, diz Ulf Schott, diretor da DFB responsável pela base.
Psicólogos e pedagogos
Segundo Rainer Kubern, que trabalha com as categorias de base do Colônia, a maior parte dos centros de excelência já possui bons treinadores, que cobrem todas as faixas etárias. "Agora, o foco está numa cooperação que funcione bem com escolas e na formação da personalidade do jovem”, comenta.
O Colônia, time que revelou o meia Lukas Podolski, caminha para receber sua terceira certificação da federação alemã. Para isso, explica Kubern, o clube tem que contar, por exemplo, com um pedagogo, um psicólogo e realizar palestras para jovens sobre temas como manipulação de jogos, doping e redes sociais.
A necessidade de observar detalhadamente todas as abordagens da formação se deve à grande pressão física e psíquica sofridas pelos jogadores. Um adolescente que joga num time da primeira liga treina de cinco a sete vezes por semana, e joga nos fins de semana. Nada que um jogador adulto também não faça, mas o adolescente ainda tem que ir à escola.
Os atuais jogadores da seleção alemã foram preparados com base em todos os aspectos considerados ideais pela federação alemã. O único que durante a adolescência não jogou em um clube licenciado pela DFB foi mesmo Klose. Mesmo assim, o jogador mais velho da seleção alemã não se opõe, de forma alguma, a mais uma estrela na camisa oficial da Alemanha.
12 de julho de 2014
12 de julho de 2014
Kathrin Schrage é Jornalista. Originalmente publicado no site DW (Deutsche Welle), em 5 de junho de 2014, com o título: “Reestruturação da base rende à Alemanha uma de suas melhores gerações”
Será que, como de costume, fazemos merda, vamos para o buraco, mas não aprendemos com os erros a ter vontade política de acertar, se espelhando em que faz bem, bonito, certo e barato, com foco em boa gestão, honestidade e resultados previsíveis?
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