A equipe da reeleição dá como certo que Dilma será hostilizada na final da Copa, no domingo, quando a presidente entregará a taça ao campeão, no Maracanã. Ministros e coordenadores da campanha petista acreditam que o “efeito Copa” não dure até a eleição, em outubro.
O temor, agora, é que o fim antecipado da catarse coletiva alimente novos protestos, que podem ser disseminados e atingir “tudo o que está aí”, mirando em Dilma e na alta dos preços – e consequentemente dos índices de inflação – por causa da Copa.
“Quem tentar transferir para o campo da política eleitoral uma derrota no futebol dará um tiro no pé”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que assistiu à derrota do Brasil em Belo Horizonte. “A politização é simplesmente ridícula”. Para Cardozo, a derrota do Brasil “não muda em nada” o caráter da Copa, nem da segurança e da organização do evento, “que estão sendo aplaudidos pelo mundo inteiro”.
O chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que na terça-feira admitiu a preocupação do governo com a possibilidade de volta das ações violentas dos black blocs, ontem disse que “o desastre com a seleção brasileira não é o desastre com a Copa”. “Precisamos cuidar para que tudo continue dando certo.”
NA REDE
A coordenação da campanha de Dilma identificou nas redes sociais “perfis falsos” de apoiadores dos candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) associando a presidente ao vexame do Brasil diante da Alemanha, para desconstruir a imagem de “gerente” que a petista tenta apresentar. Vinte e quatro horas antes do fracasso da seleção, Dilma deu estocadas nos adversários e disse, em conversa com internautas, que a Copa era uma “belezura”, para “azar dos urubus”.
“Do ponto de vista de organização, a Copa é um sucesso e isso é inegável”, afirmou o ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. “O Brasil sofreu uma derrota absolutamente inesperada, que entristeceu todos nós, e quem quiser fazer proselitismo político com isso terá de enfrentar o julgamento do eleitor.”
Berzoini se reuniu nesta quarta com o presidente do PT, Rui Falcão, coordenador da campanha de Dilma. Mais tarde, Falcão conversou com o jornalista Franklin Martins, responsável pelo monitoramento das redes sociais. O governo e o comitê da reeleição estão atônitos com o fiasco da seleção e avaliam qual a melhor estratégia a seguir para blindar a presidente.
Uma das estratégias será apostar na agenda “positiva” dos próximos dias. Além de almoçar com chefes de Estado que estarão no Rio, no domingo, para a final da Copa, Dilma vai receber 21 presidentes na próxima semana. O comitê da reeleição quer aproveitar esses eventos para mostrar a presidente como “estadista”.
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