"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de julho de 2014

DESPEDIDA


 

Chegou a hora da despedida. Não é mais o caso de lamentar-se pelos motivos que culminam na completa deterioração dos princípios democráticos, levando de roldão as instituições republicanas brasileiras. Não. Até para lamentos o tempo já se esgotou.

Pouco a pouco os acontecimentos foram se sucedendo nestes doze últimos anos. Como um carcinoma letal, de maneira lenta e silenciosa, umas após outras as metástases tomaram conta do organismo nacional debilitando-o por completo com a malignidade perversa. Um sonho de mudança foi acalentado por um discurso que prometia reverter todas as expectativas de desalento que povoara o imaginário das camadas menos favorecidas por várias décadas.

Um populismo endêmico tornou a assomar o cenário nacional depois de um hiato provocado pelo período autoritário. Cantaram aos quatro ventos que, finalmente, os pobres teriam suas vozes ouvidas e recorrentes reivindicações atendidas.

Quanto às expectativas dos setores produtivos que há décadas reclamavam reformas profundas na política fiscal e tributária, como também na reformulação da legislação trabalhista e conseqüente eliminação do crônico déficit do sistema previdenciário, palavras foram empenhadas com empresários e sindicatos patronais. Garantiram a geração de milhões de postos de trabalho; acesso aos serviços de saúde; vagas escolares em todos os níveis, inclusive nos de formação técnica.

O que se viu, porém, foi uma sucessão de práticas assistencialistas, demagógicas, cujo propósito eleitoreiro foi sendo confirmado ano após ano. Um artifício de baixa qualidade que compõe o arsenal voltado para perpetração do decantado Projeto de Poder anunciado no mesmo dia em que o resultado das eleições de 2002 foi proclamado.

Os compromissos foram abandonados. Tomaram a frente as negociações suspeitas, os arreglos, as compras de consciências, a cooptação de votos dos congressistas. Nasceram os programas que sob títulos com pomposidade social abriram as comportas dos desvios, seguidos de magnânimos financiamentos às empreiteiras dedicadas desde sempre ao abiscoitamento das grandes obras públicas.

Um inexplicável conluio com um empresário interessado em múltiplos setores de atividade que resultou em uma dezena de bilhões mal explicados e mal consumidos.

Assim foram se sucedendo os escândalos enquanto o país um tanto anestesiado perdia a esperança de ver concretizadas tantas promessas anunciadas no decorrer de anos.

Às decepções somou-se a revolta pela deterioração dos serviços públicos, com destaque para saúde, para a segurança, educação, transportes.

Um desvario de fundo ideológico notabilizou-se pelos perdões das dívidas, pelos  empréstimos secretos e investimentos em infra estrutura de regimes totalitários. O aparelhamento desmedido denunciando a sede insaciável pela perenidade no poder, instalou a incompetência e a baixa eficiência em empresas, autarquias e departamentos do Estado brasileiro.

Os serviços públicos essenciais atingiram um grau de deterioração inédito na história do Brasil provocando revolta no seio da sociedade. As mentiras, as falsas promessas, a subversão e inversão de valores estabeleceram-se como regras nos pronunciamentos, nas declarações e atos oficiais.

Inútil esboçar contraponto com quem subverte o princípio do contraditório fazendo uso da dialética comunista que ensina a xingar daquilo que for xingado e acusar do que for acusado por outrem. Aliás, proceder assim ratifica a falta de argumentação racional que é manifesta em qualquer modelo socialista.

O Brasil está politicamente, institucionalmente, econômica e financeiramente, moral e socialmente em regime de insolvência.

Resta-nos clamar pela misericórdia divina.

12 de julho de 2014 Oswaldo Alves de Siqueira Júnior é Profissional Independente de Marketing e Publicidade.

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