A aquisição bilionária do WhatsApp pelo Facebook colocou o aplicativo de mensagens de vez no hall das startups mais bem-sucedidas do mundo.
Os US$ 16 bilhões pagos pelo aplicativo são o maior valor ofertado pela aquisição de uma startup apoiada por fundos de venture capital da história. Só perde para a compra da Compaq pela HP em 2001, por US$ 25 bilhões.E é uma prova de que o mundo dá voltas. Em 2009, o cofundador do WhatsApp, Brian Acton, foi reprovado em um processo seletivo para trabalhar no Facebook. E publicou um tweet sobre isso. No mesmo ano, ele lançou o WhatsApp com o sócio Jan Koum.
Aparentemente, no mesmo ano ele também foi recusado pelo Twitter.
Além da dupla de fundadores, quem também ganhou muito com a aquisição foi a Sequoia Capital, o fundo de investimento por trás do WhatsApp, que investiu US$ 8 milhões no aplicativo em 2011. Aqui temos um outro dado interessante. É raro que uma startup deste porte e avaliada em bilhões tenha passado por apenas uma rodada de investimento no momento de sua aquisição.
O Instagram, por exemplo, havia recebido US$ 57 milhões em três rodadas de investimento quando foi comprado pelo Facebook, em 2012, por US$ 1 bilhão. A Nest Labs, comprada pelo Google por US$ 3,2 bilhões em janeiro, havia recebido US$ 80 milhões também em três rodadas de investimento antes da aquisição.
O TechCrunch fez a conta. Se o Sequoia tiver uma participação de 10% no WhatsApp, terá uma fatia de US$ 1,6 bilhão da empresa – o equivalente a um retorno de 200 vezes o valor do seu investimento inicial.
O Sequoia Capital fez um post em seu blog para falar sobre a aquisição que ajuda a entender bastante o perfil do WhatsApp.
“No momento em que abriram as portas do WhatsApp, Jan e Brian queriam uma empresa diferente. Enquanto outros buscavam atenção, eles se afastaram dos holofotes, se recusando até mesmo a colocar uma placa na porta do escritório do WhatsApp, em Mountain View. Enquanto os competidores promoveram games e correram para construir plataformas, Jan e Brian permaneceram devotados a um serviço de comunicação limpo e que funcionasse com perfeição”, diz trecho da carta escrito por Jim Goetz, o investidor por trás do fundo.
Quantas vezes já não ouvimos criticas às startups brasileiras por se preocuparem em ter um escritório bonito antes mesmo de ter um produto eficiente? E é claro que essas críticas não servem apenas para alguns negócios daqui. Na última Campus Party conversei com Talmon Marco, fundador do Viber (que acaba de ser adquirida pela japonesa Rakuten por US$ 900 milhões) e Luiz Felipe Barros, que está à frente do escritório brasileiro da empresa. Os dois provocaram os concorrentes asiáticos, como Line e WeChat, que chegaram a fazer propagandas na TV. “Você já viu alguma rede social ficar famosa por fazer propaganda na televisão?”, perguntaram.
Segundo o Sequoia, ao longo dos anos o WhatsApp nunca investiu um centavo em marketing. O que reforça a tese do Viber de que um investir em um bom produto vale muito mais do que esforços excessivos de marketing.
Por fim, vale a pena destacar a carta que Jan Koum mantinha colada na sua mesa de trabalho. O bilhete escrito pelo seu sócio Brian Acton lembrava três premissas da empresa: “Sem propaganda! Sem games! Sem truques!”
A história do WhatsApp e sua aquisição bilionária, sem dúvida, tem muito a ensinar para as startups do mundo inteiro. O que vem depois de uma aquisição como essa? Certamente uma fase de consolidação para o mercado de aplicativos de mensagem.
Uma observação: No Brasil, especula-se que em breve o mercado de aplicativos para táxi passe também por um período de consolidação e aquisições, mas com cifras bem menores, é claro. Algumas empresas já estariam negociando suas plataformas. Vamos acompanhar.
20 de fevereiro de 2014
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