"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

RECLAMAÇÕES DOS "MAIS IGUAIS" E AS DORES DO PARTO QUANDO A VERDADE NASCE

Gangue de Lula reclama porque bebe água de bica e usa uniforme de... presos
 
 
Senadores relatam condições de petistas na cadeia.  ‘Genoino é o que está mais exaltado, indignado, sentindo-se injustiçado. É uma tensão violenta, ele teve um pico de pressão hoje’, disse Jorge Viana
 
Os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares Foto: Montagem / Criação Internet
Os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio SoaresMontagem / Criação Internet

Senadores que estiveram no complexo Penitenciário da Papuda para visitar os presos do julgamento do mensalão relataram as condições da cela e como estão José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares. No plenário do Senado, após a visita, os senadores discursaram reclamando especialmente sobre a situação de Genoino e sobre supostas arbitrariedades na execução das prisões sem o mandato de prisão, na sexta-feira passada.
 
O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) comunicou que estava enviando um reequerimento para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e um oficio para o procurador geral da República, Rodrigo Janot, pedindo explicações sobre eventuais irregularidades nas prisões. Os líderes da Oposição, Aloysio Nunes (PSDB-SP) e José Agripino (DEM-RN), disse que assinariam embaixo, para dirimir dúvidas sobre os questionamentos do PT.
 
- Se acontecer algo mais grave do que já vem ocorrendo com o Genoino, em função dessas ilegalidades, vamos ter dificuldades de explicar isso para a História - discursou Viana.
 
Foi rebatido pelo líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), que disse ter sido as prisões absolutamente dentro da lei e que o pleno do Supremo havia delegado ao juiz da Vara de Execuções Penais, por unanimidade, a responsabilidade de executá-las. Disse ainda que se tivesse havido alguma ilegalidade, os advogados dos presos poderiam ter impetrado habeas corpus para liberá-los, o que não foi o caso.
 
- A Constituição faculta ao presidente da República a concessão de graça ao condenado. Sugiro a Vossa Excelência que recomende a presidente Dilma usar um dos poderes mais importantes que tem, do indulto e graça a condenados. Ela pode fazê-lo em caso de doença grave e questão humanitária, o que acho ser o caso do Genoíno, que não tem condições de cumprir pena restritiva de liberdade - aparteou o tucano.
Jorge Viana respondeu que, como o presidente do Supremo, Joaquim Brabosa, atua no caso como juiz, ele tinha a obrigação de expedir os mandados de prisão. E reafirmou ser preciso explicar se o ministro Joaquim Barbosa “armou e executou” as prisões para ser um espetáculo de TV.
 
- Há suspeita de que havia um conluio para que fossem presos em casa, de maneira espetaculosa, com exclusividade de imagens para uma TV - disse Jorge Viana.
 
Jorge Viana destacou que a visita deixou o grupo ainda mais preocupado com a saúde de Genoino. Viana relatou que ele teve um pico de pressão durante a visita e que estava bastante exaltado.
 
- Entre a humilhação e a subserviência, vou para a luta, nem que minha vida tenha que ir junto. Vou lutar até o final pela minha inocência - teria dito Genoino aos parlamentares nesta quinta-feira, segundo relatos.
 
Viana conta que os presos estão cumprindo as regras da Papuda. O único “privilégio” requisitado por José Dirceu foi para que Genoino pudesse beber água filtrada. Ao contrário de Genoino, que quer ser transferido para seu domicílio em São Paulo, Dirceu pretende permanecer em Brasília, onde tem uma filha de três anos, segundo Jorge Viana.
 
- O Genoino é o que está mais exaltado, indignado, sentindo-se injustiçado. É uma tensão violenta, ele teve um pico de pressão hoje, é um caso de alto risco. Ele já sofreu tortura física e agora está sofrendo tortura moral, por isso está muito exaltado - afirmou Jorge Viana.
 
O senador contou ainda que, em recente encontro com o ex-presidente Lula, ele teria demonstrado preocupação com a saúde de Genoino, a exemplo do que fez a presidente Dilma Rousseff. Viana disse que, na Papuda, o maior questionamento dos presos era sobre as condições em que se haviam dado as prisões, já que relatam que não havia mandado de prisão quando se entregaram.
 
O relato dos senadores começa com fatos da segunda-feira. A camisa polo Lacoste vermelha que Delúbio Soares vestia naquela noite, antes de ser transferido junto com José Genoino, José Dirceu e demais condenados do mensalão para a ala do Complexo Penitenciário da Papuda reservada aos presos do regime semiaberto, foi substituída, nesta quinta-feira no encontro com senadores e deputados do PT, pelo uniforme que usarão daqui pra frente: camiseta e calça curta na cor branca e chinelos de dedo.
Os cabelos e barba, entretanto, foram mantidos intactos. Como nas outras visitas de parlamentares petistas, os três presos mais famosos foram levados nesta quinta-feira para a sala do diretor geral do complexo da Papuda, João Feitosa, para a reunião com sete senadores e três deputados do PT.
 
Como descreveu um dos presentes no primeiro encontro, eles contaram o que estão comendo e como estão sendo tratados. No dia da chegada, foram socorridos pelos outros presos comuns, que dividiram com eles lençóis e comida.
 
- Como é o banho? - perguntou o filho de Genoino na primeira visita, quando ainda não tinham sido transferidos para a ala especial.
 
- É de bica, no cano, não tem chuveiro não. E bebemos água da torneira. Mas eu olhei em volta e vi que os outros presos estão fortes, então não tem problema não - respondeu José Dirceu.
 
Genoino, ao reclamar da prisão, na segunda-feira, mostrou preocupação com os netos:
 
- Meus netos assistiram a tudo. Me viram sendo preso, passando mal. Não estão entendendo nada!
 
Preocupado com a alimentação dos companheiros, na visita de hoje, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) levou um farnel com suco e sanduíches. Mas o diretor, João Feitosa, que acompanhou parte do encontro, comunicou aos parlamentares que os advogados poderão levar ventiladores e repassar a cada preso R$ 125 por semana para que gastem na cantina que funciona na ala especial onde estão instalados, a mesma onde ficou preso o italiano Cesare Battisti.
 
Na sala do diretor, para onde foram levados para o encontro com os parlamentares, havia um sofá grande e cadeiras para todos. Os assessores e fotógrafos que os petistas levaram para registrar o encontro, não puderam entrar. Foram barrados e ficaram do lado de fora.
 
- Os três chegaram com camiseta branca e uma calça abaixo do joelho, com cabelo e barbas normais. O Genoino estava com a feição mais séria, muito quieto ao entrar. Mas aos poucos foi se soltando e fez uma fala muito brava, sobre como se entregaram antes e evitaram o verdadeiro espetáculo televisivo que queria o ministro Joaquim Barbosa - contou Suplicy.
 
Segundo o senador petista, no encontro de hoje, embora com a feição tensa, Genoíno não passou mal nem cuspiu sangue, como havia relatado na segunda-feira. Genoíno manifestou o desejo de cumprir logo a prisão domiciliar, em São Paulo, mas Dirceu e Delúbio pediram para ficar em Brasília. Dirceu quer trabalhar num escritório de advocacia e fazer um mestrado. E está lendo o livro “A guerra da independência dos Estados Unidos”, um dos cinco livros levados por Suplicy na segunda-feira.
 
Coube a Dirceu pedir que não se faça nenhuma grande manifestação que possa interferir no julgamento dos embargos infringentes, no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
- Os três ponderaram que não é o momento para fazer qualquer ato, num sentindo ou em outro, que é preciso esperar os embargos. Não querem nenhuma manifestação mais forte. Querem que tudo se resolva de forma tranquila e dentro do direito - disse Suplicy.

22 de novembro de 2013
Maria Lima e Júnia Gama  - O Globo

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