"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O FILME QUE O BONEQUINHO DO GLOBO NÃO QUER QUE VOCÊ VEJA

           
          Media Watch - O Globo 
É possível ser a favor do aborto, sem ser intelectualmente desonesto, isto é, sem ser Mario Abbade: basta admitir que o é por decisão livre, que prescinde de razões, já que nenhum argumento abortista fica de pé.



bloodmoneyComento abaixo uma “resenha” do crítico de cinema Mario Abbade.

Título: Não passa da panfletagem

Como recomendava Lenin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.” O título “Não passa da panfletagem” faz jus à resenha, muito mais que ao filme, como veremos a seguir.

Feito em 2010, “Blood Money: aborto legalizado” chega com atraso ao Brasil. O ideal seria que nunca chegasse.

Mario Abbade é o ombudsman do mercado cinematográfico. A Suzana Singer da crítica de filmes. A Miriam Leitão travestida de Bonequinho. Se Suzana Singer e Miriam Leitão condenam a presença do “rottweiller” Reinaldo Azevedo, de Demétrio Magnoli e de Rodrigo Constantino nos grandes jornais em que escrevem, Mario Abbade condena a exibição do documentário “Blood Money” nos cinemas brasileiros. Qualquer gotícula de conservadorismo no oceano cultural esquerdista já é motivo para cortar cabeças. Para Abbade, “o ideal seria que [o filme] nunca chegasse” ao país.
O ideal, imagino, seria que o público nacional, em vez de se informar sobre a indústria coercitiva do aborto e os efeitos reais da legalização, assistisse apenas aos diálogos edificantes de novelas como "Saramandaia":

– A mulher é dona do próprio corpo, é ela que decide se quer ter o filho ou não.
– Oh, minha querida! Que bom que você tem essa cabeça tão aberta!

Oh, Mario Abbade! Já pode escrever roteiro de novela também.

É difícil entender por que uma peça de campanha, disfarçada de documentário, ocupa salas tão disputadas.

É fácil entender por que uma peça de campanha abortista, disfarçada de resenha crítica de um filme contra o aborto, ocupa o caderno Rio Show do jornal O Globo, assim como é fácil entender por que outra peça de campanha abortista, disfarçada de cena de novela, ocupa a grade da TV Globo. Ambas rendem tapinhas nas costas dos colegas descolados. A turma da “cabeça aberta”.
Veremos adiante a diferença entre o filme e essas peças.

bonecosapatadaO filme de estreia de David K. Kyle, que assina não só a direção, mas também o roteiro e a produção, pode ser seu primeiro e último.

O único motivo pelo qual o filme “pode ser seu primeiro e último” é simples: Mario Abbade, o finalizador de carreiras, quis assim.

A única intenção do diretor era fazer uma obra panfletária contra o aborto.
A obra panfletária de David Kyle contra o aborto contém fatos, informações e depoimentos tão esclarecedores quanto estarrecedores, inclusive de ex-proprietários de clínicas abortivas - o que o resenhista providencialmente omite -, enquanto a resenha é panfleto abortista em estado puro, que contém apenas sua reação histérica a uma obra cujo conteúdo não consegue nem pode refutar e de cujo diretor, por isso mesmo, prefere desmerecer as supostas intenções.

Só um jornalista ativista pode condenar um documentário - como fez também a crítica Cláudia "Abbade" Collucci na Folha - pelo simples fato de tomar posição, expondo uma opinião pessoal do autor/diretor, como se 1) nenhum cineasta pudesse fazer aquilo que qualquer resenhista é pago para fazer; 2) a opinião, no caso, não fosse justamente um contraponto a todo o mainstream do qual esses resenhistas fazem parte; e 3) não viesse embutida nas contraposições boa parte das "ideias" do outro lado, ao qual a turma da "cabeça aberta" jamais se lembra de pedir - nas palavras de Collucci - "espaço para outras ideias". Não que Abbade condene a tomada de posição sempre, é claro. Só quando a opinião é contrária à sua, como já veremos.

Em seu blog, ele faz questão de firmar posição, definindo-se como republicano conservador.

É realmente notável o empenho jornalístico de Mario Abbade: ele entrou no blog do diretor! E vejam só o que descobriu: que ele é um “republicano conservador”! O que mais é preciso argumentar contra um filme se ele é escrito e dirigido por um “republicano conservador”(!) que ainda “faz questão”(!) de “firmar” essa posição, em vez de omitir do público suas preferências político-ideológicas para ludibriá-lo com mais facilidade, como fazem certos jornalistas do Globo? Nada, claro. Só pode ser coisa ruim.Entre vários depoimentos, o longa recebe narração e chancela da Dra. Alveda King, sobrinha de Martin Luther King, que, apoiada pela Pro-Life (organização contra o aborto), envereda numa cruzada contra a Suprema Corte dos EUA, a PlannedParenthood (que defende a livre escolha) e quem quer que seja contrário a suas convicções.A Pro-Life, segundo Abbade, é uma “organização contra o aborto”, enquanto a Planned Parenthood “defende a livre escolha”. Ele poderia ter dito que uma é contra e outra a favor do aborto, ou que uma defende a vida e outra a livre escolha, e ainda assim seria desonesto, pelos motivos que já veremos, embora um tanto menos do que reservar o eufemismo de novela apenas para a Planned Parenthood.

Digo que ainda assim seria desonesto, porque Abbade dá a entender que esta é tão-somente uma Pro-Life ao contrário, como se a maior organização abortista dos EUA se limitasse a defender a “livre escolha” em filmes, livros e campanhas, e não fosse ela mesma a rede de clínicas responsável pela execução dos abortos, com um lucro na casa dos bilhões de dólares, incluindo aí os 542 milhões anuais oriundos dos bolsos dos contribuintes – majoritariamente contra o aborto (ao contrário do que sugere Bruno "Abbade" Carmelo, do site "Adoro cinema", ao falar em "ponto de vista... da minoria") – que o governo Obama – 101% a favor – lhe fornece de bom grado, dizendo "
Deus vos abençoe".

E não digo 101% à toa. A Planned Parenthood acredita que a decisão de matar até o recém-nascido sobrevivente de um aborto que falhou deveria ser deixada para a mulher que procurou o aborto e seu médico abortista, conforme
declarou em audiência a lobista Alisa LaPolt Snow, representante da organização. Obama acredita na mesmíssima coisa.

Quando senador, mesmo tendo estado entre os legisladores que ouviram em março do ano anterior (2001) o depoimento da enfermeira Jill Stanek sobre recém-nascidos deixados para morrer nos hospitais, votou contra um projeto de lei que visava proteger os bebês sobreviventes ao aborto.
Alguns democratas abortistas se convenceram então a votar a favor. Obama, não. Um dos efeitos práticos de suas ideias foi a série de infanticídios praticada pelo dr. Kermit Gosnell, cujo julgamento a mídia abortista-obamista americana - e por conseguinte os jornais brasileiros, que se limitam a traduzi-la - tratou de ocultar do grande público. Gosnell pegou prisão perpétua após acordo. Não lhe faltará tempo para ler e curtir as resenhas de Mario Abbade.

Para engrossar o caldo de fanatismo que Abbade quer atribuir à dra. Alveda King, ele ainda fala de sua cruzada contra a Suprema Corte, sem mencionar, é claro, o episódio que a levou a isso: a decisão sobre o caso Roe Vs. Wade, uma das maiores farsas da história recente dos EUA, em 1973. Como já resumiu Reinaldo Azevedo, ao desmascarar o ministro abortista do STF Luís Roberto Barroso, que quer copiar os procedimentos americanos no Brasil:


“Instruída e manipulada por advogados, como ela mesma confessou, e financiada por uma revista, Norma L. McCorvey (‘Jane Roe’) alegou ter sido estuprada para obter o direito ao aborto legal. Estudem sobre os desdobramentos. Seu filho nasceu antes do término do processo. Foi dado para a adoção. Era tudo guerra de propaganda. Mais tarde, afirmando ter cometido o maior erro de sua vida, ela confessou: não tinha sido estuprada coisa nenhuma; era só a personagem de uma causa.”
Uma causa que contou também com estatísticas propositadamente falsas de aborto clandestino (1 milhão, quando não chegavam a 100 mil) e de mortalidade materna em aborto clandestino (até 10 mil mulheres, quando morriam entre 40 e 70), conforme admitido por um de seus maiores manipuladores, o dr. Bernard Nathanson, que também aparece no filme. (No Brasil, falava-se em 200 mil mortes, uma mentira facilmente comprovável.)

É verdade, sim, que a dra. Alveda King está numa cruzada contra “quem quer que seja contrário a suas convicções”. A diferença é que, diferentemente do que Abbade dirá em seguida, ela não precisa de trapaças intelectuais para “sustentar suas ideias”.

Para sustentar suas ideias, ela não tem pudor em usar argumentos estapafúrdios, relacionando o aborto a temas como extermínio da população afro-americana e suicídio.

Abortista é assim: quando não consegue refutar um argumento, xinga o argumento: “Ora, seu estapafúrdio!” Abbade não quer contar ao leitor qual é a tal relação que o filme faz, muito menos explicar por que diabos ela é estapafúrdia. Quer apenas fazer a plateia bocó acreditar que o filme é coisa de fanático, simplesmente porque relaciona de algum modo essas coisas (como se não fosse um fato puro e simples que a proporção de abortos na comunidade afro-americana é maior do que nas outras). Seria como eu dizer que, no documentário “Uma verdade inconveniente”, Al Gore não tem pudor em usar “argumentos estapafúrdios”, relacionando o “aquecimento global” a temas como o acidente de carro de seu filho. O que eu teria dito, se tivesse parado aí? Nada. Teria apenas tentado fazer o sujeito parecer um fanático. E eu não preciso desse método para isso, porque posso expor as mentiras de Al Gore, como já veremos. Já Abbade não pode expor as mentiras da dra. Alveda King. Ele precisa do fingimento histérico. Precisa da trapaça. É o Al Gore global.

“Blood Money: the business of abortion” (no original), em estilo doutrinador, não pretende deixar o público pensar.

Vamos ver então o que Abbade, o antidoutrinador, propõe para fazer o público pensar?

Empurra ideias de especialistas como se fossem verdades absolutas — uma rápida pesquisa demonstra que outros estudiosos refutam essas teorias.

Singer e Leitão chamam Reinaldo de cachorro ao mesmo tempo que exigem, respectivamente, um “bom nível de ‘conversa’” e um debate com “dados, fatos e argumentos”. Abbade diz que “Blood Money” “empurra ideias de especialistas como se fossem verdades absolutas” e, na hora de expor sua verdade relativa, joga para o Google: “uma rápida pesquisa demonstra que outros estudiosos refutam essas teorias”. Se o leitor quiser saber quais estudiosos refutam quais teorias e como e onde fazem isso, precisa é enviar uma carta à redação do Globo e torcer para que o ombudsman não seja uma Singer.

Agora pergunte aí, leitor do Globo, se, em 2006, na resenha que Abbade escreveu de “Uma verdade inconveniente”, ele afirmou que Al Gore empurrava “ideias de especialistas como se fossem verdades absolutas” sobre o aquecimento global. Pergunte se ele exigiu o outro lado, chamando o filme de “obra panfletária”. Pergunte se ele falou que uma “rápida pesquisa demonstra que outros estudiosos refutam essas teorias”, como qualquer leitor poderá ver que já acontecia na época se, em uma “rápida pesquisa”, digitar “inconvenient truth 2006 lies” no famigerado Google. Nananinanão. Na verdade, Abbade encheu Al Gore de elogios: “articulado, inteligente, entendido e passional sobre o assunto”, “consegue explicar o problema de forma clara e simples, usando citações de Mark Twain e Upton Sinclair”. O máximo que chegou a dizer foi que “incomoda o estilo didático da produção, orientado para converter”, mas logo em seguida fez questão de redimi-lo, afirmando que “Gore não queria fazer o filme e precisou ser persuadido”, sendo então “convencido pela importância da mensagem, até porque somos ao mesmo tempo os vilões e as vítimas dessa história”. Não é lindo? Al Gore não queria fazer o papel de salvador – imagine –, mas, como era para o bem de todos e felicidade geral do mundão, disse ao povo que sim. É o herói do Bonequinho. Um herói quase tão mentiroso quanto Michael Moore.

Reproduzo a nota que incluí no best seller ‘
O mínimo que você precisa saber para não ser um Mario Abbade’ (p. 245/6):

“Sobre a farsa do aquecimento global, por exemplo, ver os documentários ‘
The Great Global Warming Swindle’ (‘A grande farsa do aquecimento global’), produzido pelo Canal 4 da TV inglesa e ‘Global Warming or Global Governance?’ (‘Aquecimento Global ou Governança Global?’), da Sovereignty International. ‘Em ambos a tese da origem humana do aquecimento global é não só contestada, mas denunciada como uma fraude proposital. Uma das provas mais eloquentes é que o ex-presidente americano Al Gore exibe por toda parte um gráfico da evolução comparativa das emissões de CO2 e do aumento da temperatura global ao longo de 400 mil anos, daí concluindo triunfalmente que o primeiro desses fenômenos causa o segundo. Toda a credibilidade dessa conclusão advém de um pequeno detalhe: Gore mostra as duas curvas separadamente. Quando as superpomos, verificamos que as elevações de temperatura não se seguem aos aumentos das emissões de CO2, mas os antecedem. O espertinho simplesmente trocou a causa pelo efeito’ [Olavo de Carvalho, ‘Nós quem, cara pálida?’, editorial do Diário do Comércio, 28 de agosto de 2008].”

Mario Abbade aplaude as mentiras mais do que convenientes de Al Gore sobre o aquecimento global (alimentadas “pela santa aliança da mídia chique, dos organismos internacionais, da militância esquerdista organizada e das grandes fortunas – os quatro pilares da estupidez contemporânea”, como já escreveu Olavo de Carvalho, referindo-se a NYT, CFR, George Soros, ONU, Hollywood, fundações bilionárias etc.) e condena as verdades, estas sim, inconvenientes da dra. Alveda King sobre a indústria do aborto. Não se vê no desenho, mas resta evidente que o Bonequinho tem uma agenda.

A cereja do bolo é um discurso do ator Ronald Reagan, quando era presidente dos EUA, contra o aborto.

Abbade poderia ter dito “discurso do então presidente Ronald Reagan”, mas precisou falar “do ator Ronald Reagan, quando era presidente dos EUA”, só para desmerecer sua autoridade, já que não é capaz de refutar o conteúdo do seu discurso. Pura vigarice, com o agravante da “cereja do bolo”.

Toda a sua “resenha” consiste nisso: expor diretor, cenas, personagens e argumentos do filme da maneira mais superficial e caricata possível, acrescentando expressões e adjetivos de cunho negativo, como “obra panfletária”, “peça de campanha, disfarçada de documentário”, “em estilo doutrinador”, “não pretende deixar o público pensar”, “não tem pudor em usar argumentos estapafúrdios”, “primeiro e último” filme do diretor etc.

É possível ser a favor do aborto, sem ser intelectualmente desonesto, isto é, sem ser Mario Abbade: basta admitir que o é por decisão livre, que prescinde de razões, já que nenhum argumento abortista fica de pé, a não ser na cabeça de quem ignora as refutações intelectuais e a lógica pura e simples, esta última exposta no capítulo “Aborto” do nosso livro “O mínimo...”.

(O filme não trata disso, mas aviso: Mesmo que não se aceite que o feto é uma vida humana, a simples ausência de prova de que ele não é torna moralmente obrigatório a quem quer que seja abster-se de cometer um ato que teria 50% de chances de ser um homicídio.)

Décadas atrás, Mario Abbade foi ao Programa do Jô como um jovem excêntrico que andava por aí vestido de Batman. Faz tempo que a máscara caiu. Se Christian Bale, o ator que encarnou “O cavaleiro das trevas”, ao menos assumiu uma postura contra os abortos forçados na China, restou a Abbade apenas o papel de Bonequinho histérico do Globo, indo embora do cinema para não ter de assistir aos efeitos práticos das suas ideias. Cada país tem o Bruce Wayne que merece.


26 de novembro de 2013
Felipe Moura Brasil

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