Marina Silva: "O que penso sobre..."
...aborto, religião, política, casamento gay e outros 12 temas
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Protecionismo
Produção de autopeças
O protecionismo atrofia nossa capacidade de produzir com maior eficiência para nos firmarmos em setores mais promissores. Não tem nenhum problema o Estado criar mecanismos para estimular a economia, se isso é feito com lisura, com transparência e levando em conta os aspectos de efetiva capacidade competitiva, em vez de puro lobby.
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Protecionismo
Produção de autopeças O protecionismo atrofia nossa capacidade de produzir com maior eficiência para nos firmarmos em setores mais promissores. Não tem nenhum problema o Estado criar mecanismos para estimular a economia, se isso é feito com lisura, com transparência e levando em conta os aspectos de efetiva capacidade competitiva, em vez de puro lobby.
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Autonomia do Banco Central
Sede do Banco Central em Brasília A experiência brasileira mostra que foi acertada a autonomia do Banco Central. É uma autonomia não institucionalizada. E a não institucionalização é boa para evitar o que aconteceu na Argentina.
Afinal, não é necessária uma lei para dizer que não devo comer açúcar de manhã, à tarde e à noite para não me tornar diabética. Não precisa da institucionalização. Até porque já tivemos experiências no governo de Fernando Henrique e no de Lula em que havia essa autonomia.
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Privatização
Fila de caminhões a caminho do Porto de Santos, em São Paulo As mudanças nas regras, depois de constatado o desinteresse dos empresários, mostram um governo errático, a falta de discussão com os setores envolvidos e a ausência de uma visão sistêmica sobre os problemas do Brasil.
As concessões estão sendo feitas agora, mas com um atraso de oito anos. Houve uma grande resistência no início. Depois, tentou-se abrir com um nível de interferência governamental tamanho que ninguém se dispôs a entrar no processo. Mas já tem uma aprendizagem que começa a acontecer. É preciso dizer que queremos um serviço de qualidade, com um preço acessível para as pessoas. E permitir uma taxa de retorno que não inviabilize a qualidade e o acesso ao serviço. Se fechar a taxa de retorno, tira-se a possibilidade da concorrência.
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Consumo
Consumidores aproveitam promoção de um supermercado Medidas que têm como finalidade um resultado puramente imediato, com agenda eleitoral, não darão conta dessa realidade complexa porque tem algo bem mais difícil. Estimular o consumo quando a capacidade produtiva do país já está a pleno vapor significa que tem um esgotamento dessas fórmulas.
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Macroeconomia
A presidente Dilma Rousseff Em 2010 falávamos no desafio de propor uma agenda que integrasse a necessidade de desenvolvimento econômico e social com a proteção ambiental. Isso continua importante, mas hoje já passamos pelo susto de perda as conquistas já alcançadas nos últimos anos. Temos um problema que sinaliza uma série de dificuldades que comprometem alguns dos instrumentos mais importantes para o equilíbrio econômico do país, que são o tripé meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. A presidente Dilma fez um esforço grande para manter as conquistas no campo social, mas, com os riscos no ambiente econômico podemos prejudicar essas conquistas anteriores.
E como se fez uma ginástica para chegar a um crescimento de 7,5% em 2010 por razões eleitorais, o governo brasileiro continuou dando os mesmos incentivos quando já não era mais necessário. Isso nos levou a um problema. Atualmente, o próprio tripé da estabilidade econômica está sendo comprometido, sobretudo em relação à inflação.
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Aborto
Manifestantes protestam contra o aborto em frente ao STF em 2012 Há no Brasil uma legislação que prevê situações com amparo legal para a prática do aborto. Portanto, já existe uma lei que permite o aborto em caso de estupro, quando há algum problema com o feto ou quando a mãe corre risco de vida. Considero a questão tão complexa e importante que deve ser decidida diretamente pela sociedade, através de um plebiscito. Eu pessoalmente tenho uma posição contrária ao aborto, não faria um aborto e não advogo em favor dele, mas reconheço que existem argumentos relevantes dos dois lados da discussão e respeito as pessoas que têm posições diferentes da minha.
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Casamento gay
Protesto em Paris contra o casamento gay Em relação ao casamento não sou favorável, e em relação aos direitos eu acho que o Estado não deve e nem tem o direito de discriminar qualquer pessoa. Inclusive que eles possam ter união de bens, que possam ter seus planos de saúde conjuntamente, que tenham direitos que são assegurados às outras pessoas, porque não é justo que quem constituiu um patrimônio juntos não possam usufruir desse patrimônio. E eu digo isso de forma muito transparente para que a comunidade olhe para mim e pense: a Marina ela concorda com vários dos pontos que nós colocamos, mas ela não concorda com a questão do casamento porque ela entende que é um sacramento; e isso eu tenho defendido, eu tenho sido criticada de forma muito veemente por alguns segmentos, mas outros compreendem a minha posição.
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Jovens
Manifestantes em frente ao Congresso Nacional em 7 de setembro Estamos saindo daquele ativismo dirigido para um ativismo autoral. As pessoas não querem mais ser espectadoras dirigidos pelo sindicato, pelas ONGs ou pelos partidos políticos. Elas se colocam como sujeitos políticos e vivem um processo de autoconvocação. A juventude colocou 20 mil pessoas no dia 7 de setembro contra a corrupção. Não havia ONGs, nem partidos ou centrais sindicais. Com a estagnação dos partidos, que querem o poder pelo poder, o cidadão jovem quer deixar de ser um mero espectador da política. Ele quer contribuir para melhorar, efetivamente, o país.
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Drogas
Maconha encontrada em apartamento no Rio de Janeiro Insisto no argumento de que falta informação. Temos que ter mais informação, mais debate, mais convergência para podermos encontrar o caminho. As pessoas que advogam a posição da descriminalização também são sérias e não estão fazendo um discurso da apologia às drogas. E pessoas com embasamento técnico, numa série de outras informações e com um outro olhar, têm uma posição contrária. Então nós precisamos aprofundar esse debate para que possamos ter uma saída. Se esse debate for apenas dicotomizado em quem é contra e quem é a favor, nós não vamos encontrar solução. Continuar como está não é a solução. Descriminalizar, sem o acolhimento, o atendimento, o tratamento, também não é a solução. Então vamos buscar os meios conjuntamente. Essa é a minha posição e eu também advogo em favor de um plebiscito.
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Código florestal
Deputados comemoram a aprovação do Código Florestal É interessante ver alguns políticos fazendo cálculos eleitorais para 2022, mas incapazes de ver as perdas econômicas na agricultura, causadas por geadas e secas, de R$ 7 bilhões anuais até 2020. Ainda nos próximos sete anos, o plantio de soja pode perder 20% de produtividade. Se esse prazo curto, no horizonte político mais estreito, não sensibiliza quem governa o país, pouco adianta alertar que a geração de energia ser ameaçada pela redução de até 20% na vazão dos rios até 2050. Os cientistas dizem que o Brasil cumpriu as metas de redução das emissões apenas com o controle do desmatamento, mas alertam que isso não basta: neste ano, o desmatamento na Amazônia pode subir 35%.
Isso ocorre porque a pauta do governo e de setores atrasados do agronegócio fixou-se em desmontar a legislação ambiental e anistiar quem desmatou, como se as florestas e rios atravancassem o país e a agricultura. Agora, voltam-se contra os índios e suas terras, para reduzi-las e abri-las à exploração mineral e agropecuária.
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Política
O deputado Natan Donadon no plenário da Câmara dos Deputados na noite em que teve o mandato preservado pelos colegas As pessoas partem do princípio de que o que está aí é o que é, é o que será e não haverá oportunidade para mais nada. Se for isso, então tem gente que faz melhor do que eu. Se não compreendemos que está sendo demandado um novo arranjo político para o país, então não estamos aprendendo nada com o que está acontecendo nas ruas. É preciso aposentar de vez a velha República e estabelecer uma melhor contribuição para a renovação da política e das instituições políticas.
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Pré-sal
Plataforma da Petrobras Por enquanto, o petróleo ainda é um mal necessário. A possibilidade de ter os recursos do pré-sal faz sentido para usá-los em educação, tecnologia e inovação. Ou seja, investimentos que nos levem a sair da dependência do petróleo, usando o dinheiro para investir em novas fontes de energia. Isso criaria um novo ciclo virtuoso.
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Religião
Papa Francisco saúda os peregrinos na Praça São Pedro Defendo o estado laico. Mas há uma confusão, como se o estado laico fosse um estado ateu. Mas não é, é um estado para defender o direito de quem crê e para assegurar os direitos civis das pessoas. As pessoas têm livre arbítrio para ser o que elas quiserem, de acordo com as leis estabelecidas pela sociedade. Ninguém vai impor comportamentos religiosos a ninguém utilizando o estado, até porque é antibíblico. A bíblia diz que não é pela força e pela violência que se toca o espírito. Não existe um ‘faça uma lei e decrete que todo mundo é católico, evangélico ou espírita’. Não existe respaldo bíblico ou legal para isso. A Constituição assegura o direito civil das pessoas. E eu tenho esse compromisso com o estado laico.
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Estado
Homem caminha próximo ao Congresso Nacional em Brasília Precisamos sair da dualidade de estado provedor x estado fiscalizador. Precisamos de um estado mobilizador, que consiga mobilizar o melhor de si mesmo, do setor privado e da academia.
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Produtividade
Fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, em São Paulo Precisamos de políticas de longo prazo nos nossos curtos prazos políticos e isso só é possível em torno de uma agenda estratégica que englobe todos os setores e crie um ambiente de confiança.
Nós teríamos um grande potencial se já tivéssemos feito o dever de casa em relação às indústrias. A realidade é poliglota, nós é que somos monoglotas e vamos acabar ficando para trás.
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Cota racial
Campus da Universidade de São Paulo Eu sou favorável. Porque eu fui uma exceção à regra perversa, em que os excluídos e, principalmente, os excluídos entre os excluídos, que são os negros, não têm oportunidades – e essas oportunidades lhes foram negadas e subtraídas historicamente – para ter acesso aos meios que os levem a desenvolver suas potencialidades. Obviamente que nós não podemos perpetuar no Brasil um sistema que faça com que as pessoas sempre entrem pelo processo da discriminação positiva nas universidades.
A gente tem que tratar o processo de conhecimento, de ensino e aprendizagem, não apenas pelo lado do esforço. O esforço é importante, mas é fundamental que existam oportunidades para que o esforço seja acolhido. E eu entrei aos dezesseis anos pelo Mobral, fiz supletivo de primeiro grau, supletivo de segundo grau, entrei na universidade em décimo oitavo lugar para o curso de História e é por isso que virou quase uma façanha. Aquilo que deveria ser normal na vida das pessoas, passa a ser um exemplo citado o tempo todo. Por que é citado? Porque é uma exceção na regra.
Marina em 1994 
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