Os indignados que foram às ruas acham que o Brasil não será mais o mesmo depois de sua explosão cívica.
O médico mandou não contrariá-los. Falando baixinho para não incomodar os revolucionários: o grande legado das manifestações foi o surgimento de um bando de débeis mentais de preto que quebram tudo o que veem pela frente, diante de outro bando de débeis mentais que consentem – e eventualmente apoiam – o chilique fascista. Dilma assiste a tudo isso tão a salvo que até já recuperou a soberba: declarou que seus adversários eleitorais “têm de estudar muito” o país.
E têm mesmo. O que Dilma e sua turma conseguiram fazer com o Brasil não é para leigos. Como arrebentar as finanças públicas com politicagem e trazer de volta a inflação, sem que uma única e miserável passeata identifique seu crime e peça sua cabeça? É coisa de gênio – só estudando muito mesmo.
As tecnologias petistas de sucção e privatização da máquina pública alcançaram tal grau de sofisticação que, é duro dizer, a oposição talvez precise de gerações para estudá-las razoavelmente.
Toda a arquitetura parasitária montada para substituir o mensalão – a fantástica rede de convênios e programas piratas que irrigam a base política nas quatro dezenas de ministérios – é só a parte mais visível do plano. Há um trabalho ainda mais profundo do que esse, como se vê agora com o caso da Bolsa Vereador.
Foram descobertos cerca de 2 mil vereadores eleitos em vários pontos do território nacional com a mesma peculiaridade: todos são beneficiários do Bolsa Família. Estavam inscritos no programa antes de se eleger e continuaram inscritos depois de eleitos. Uma manobra sensacional, de tirar o chapéu.
Programas sociais como esse, e como o Bolsa Vereador, vieram acabar com o complexo de vira-latas do brasileiro, frequentemente citado pela própria Dilma
O pulo do gato é simples: o esquema petista distribui dinheiro de graça para multiplicar sua base eleitoral, depois puxa representantes da própria turma da mesada para ocupar cargos eletivos – numa espécie de Partido da Bolsa.
É genial, porque o sujeito passa de cliente assistencial a militante, daí diretamente para o poder, sem ter de trabalhar na vida. É o modelo Dilma, o mais bem-sucedido do país.
A trajetória dela é a prova incontestável da eficácia dessa fórmula. Dilma foi ser militante na vida – ótima receita para os que não se dão muito bem com trabalho. Como “quadro” partidário, ocupou várias funções na administração pública, sem precisar saber nada, uma das maravilhas do apadrinhamento político.
Como prêmio à sua trajetória irretocável de mediocridade e irrelevância, chegou a ministra-chefe da Casa Civil, e ali ganhou de Lula o apelido consagrador: “Mãe do PAC” – título que, não significando nada, é a sua cara.
Não há dúvida de que a oposição precisa estudar muito o país para entender como alguém assim vira presidente da República.
O que seria a ex-guerrilheira Dilma Rousseff hoje, se não fosse presidente do Brasil? Dona de uma agência de black blocs? Sócia de Erenice Guerra numa Cooperativa de despachantes, especializada em favores de segunda mão? Governanta de José Dirceu – e, portanto, correndo o risco de ficar desempregada se o STF tomar vergonha na cara?
A inclusão social de Dilma é uma obra-prima do petismo, e o Brasil não há de permitir uma derrota da presidente na eleição do ano que vem, que poria tudo a perder. Programas sociais como esse, e como o Bolsa Vereador, vieram acabar com o complexo de vira-latas do brasileiro, frequentemente citado pela própria Dilma.
Hoje, o brasileiro sabe que a falta de perspectivas na vida é um problema apenas daqueles que não se filiaram aos partidos certos. Se você for um militante abnegado, pode até chegar a ministro do PT no Supremo – onde terá sua boquinha vitalícia e ainda poderá proteger as boquinhas da gangue que o colocou lá. Solidariedade é tudo.
Aí aparecem esses candidatos aventureiros da oposição, que não têm a menor ideia de como se vampiriza profissionalmente um país, querendo ser presidentes… Vão estudar, vagabundos!
24 de outubro de 2013
Guilherme Fiuza
Fonte: Época
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