"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

BAND-AIDS: GOLPES DE CANETA QUE DÃO A IMPRESSÃO DE QUE AS COISAS ESTÃO RELSOLVIDAS

 

Como é frequentemente o caso, o inicio foi modesto, simplório, despretensioso. Quase irrelevante. Em 1921, Earle Dickson certamente não podia imaginar que sua invenção faria historia.

Earle apenas queria ajudar sua esposa, Josephine, a curar os pequenos, mas frequentes, cortes nos dedos que a afligiam. Notou que a gaze e o esparadrapo utilizados para proteger os ferimentos de sua esposa invariavelmente caiam. Decidiu inventar um curativo que protegeria os pequenos cortes e permaneceria firmemente colado aos dedos. A solução foi colocar um retalho de gaze no centro de uma fita adesiva. Nascia o Band-Aid.

Com o sucesso, Band-Aid virou substantivo e verbo. Passou a ter outros significados. No dicionário, band-aid também quer dizer solução temporária para um problema; ou aquilo que parece ser uma solução mais não tem qualquer efeito concreto.

Por definição, os band-aids da vida servem, e mesmo assim somente em alguns casos, para resolver, de forma temporária, pequenos problemas. A aplicação de band-aids não resolve questões relevantes, nem serve de remédio efetivo para qualquer coisa. Band-aids são soluções temporárias, precárias, ineficazes. Quebra-galhos, mesmo.

Apesar disso, são politicamente atraentes. Os golpes de caneta desfechados na aplicação dos band-aids dão a impressão de que as coisas estão resolvidas. Iludem, ou pelo menos, tentam iludir.

Band-aids vem em muitas formas, e com diferentes nomes. Às vezes se chamam bolsas. Outras vezes, subsídios. Invariavelmente beneficiam poucos à custa de muitos. Em todos os casos, vendem a ilusão de que, em algum lugar, existe um almoço de graça.



Band-aids são cúmplices perfeitos em estratégias cujo único objetivo é empurrar, para um futuro indefinido, mas não necessariamente distante, os problemas com a barriga. Evitam o confronto as causas dos problemas.

Ao fim e ao cabo, aplicações sucessivas e indiscriminadas de soluções temporárias (e ineficazes) a problemas permanentes geram custos, sofrimento e prejuízos. Quando a conta é apresentada, o arrependimento vem.

A má noticia vem acompanhada da constatação de que, de fato, como dita o senso comum, não existe almoço de graça. Band-aids não resolvem.

26 de agosto de 2013
Elton Simões, mora no Canadá.

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