A inveja é um sentimento arraigado na natureza humana. Quem quer que se destaca dos demais sofre dessa horrenda patologia, que perpassa culturas e épocas. Não só os indivíduos são alvos; qualquer coletivo dos variados tipos naturalmente desperta nas pessoas esse primitivismo repugnante.
Se a inveja é aplicável a indivíduos contra certos entes coletivos, obviamente as nações também a despertam. E de tantas nações que despertam inveja nas pessoas, os Estados Unidos são o alvo favorito de invejosos que culpam os problemas internos pela nação mais poderosa do mundo. Fatos, narrativas e detalhes são manipulados para perpetuar a imagem dos EUA como nação causadora de conflitos, desgraças e sofrimentos no mundo inteiro. A este sentimento de repugnância e ódio àquela nação denomina-se antiamericanismo.
O antiamericanismo é uma inveja apresentada como sentimento natural frente ao ”imperialismo americano”. Entretanto, ele não surgiu do nada, nem criou viva própria. Sua disseminação mundial aconteceu no contexto da Guerra Fria, e grande parte do suporte factual que deu sustentação ao antiamericanismo foi criado por operações de desinformação da famigerada KGB, a polícia secreta do regime comunista soviético. Toda sorte de tentativas de enquadrar os EUA como vilões foi lançada em uma disputa não apenas militar e econômica, mas também ideológica.
A tática da desinformação é esta: disseminar uma mentira contra o alvo pretendido, mas a ocultar a participação do realizador da mentira. Propaga-se uma notícia falsa com a generosa colaboração de uma outra fonte na qual as pessoas têm plena confiança, e daí o resto está feito. Se a mídia soviética veicula que os americanos cometeram atrocidades no Vietnã, ninguém vai dar crédito a isso. Mas se um soldado e futuro senador americano é quem realiza tal façanha, a coisa muda de figura e a chance dos americanos e demais populações ocidentais acreditarem é sem dúvidas maior.
Refiro-me a John Kerry e a Operação Áries, respectivamente. Cabe dissecar a coisa para um entendimento maior do assunto e do propósito do artigo.
O magistral livro Desinformação – do ex-general romeno Ion Mihai Pacepa – conta em detalhes os truques maquiavélicos do bloco comunista para jogar a opinião pública ocidental contra os esforços americanos na luta contra o comunismo. A Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) foi uma organização tomada pelos soviéticos que de muito serviu na luta contra os EUA. Diz Pacepa: ”[…] o objetivo desse congresso de jovens era denegrir os esforços americanos de deter a expansão do comunismo da Coreia do Norte”. E prossegue ao descrever a recepção do fim da guerra durante um congresso da FMJD. ”No dia seguinte, o governo romeno organizou uma reunião ‘popular’ em Bucareste para celebrar a ocasião. Foi a primeira derrota americana na arena internacional e foi festejada regiamente. Lembro de me juntar à festa, gritando: ‘Yankees, voltem para casa!’ ”.
Não por acaso a juventude foi a protagonista em outro conflito marcante da Guerra Fria. Refiro-me ao conflito no Vietnã. As famosas passeatas dos jovens americanos a pedir o fim da guerra é a perfeita constatação da vitória retórica soviética na Operação Áries, que tinha o objetivo de estimular o antiamericanismo nos EUA e no mundo com a Guerra do Vietnã. Deu tudo certo. O governo americano recuou de uma guerra praticamente vencida e entregou o território aos comunistas. No Vietnã, no Laos e em Camboja os comunistas mataram dois milhões de pessoas – fato nunca lembrado pelo mainstream midiático.
Aqui vale um importante adendo: a ideia dos soviéticos era que a desinformação ganhasse vida própria, segundo o próprio chefe da KGB na época, Yuri Andropov. Uma vez espalhada, ela iria ser alimentada não mais por seus criadores, mas por outras fontes e pessoas. A Operação Áries começou a criar o mito dos americanos assassinos de guerra, mas tal mito não poderia durar tanto tempo no imaginário global se ficasse apenas na Cortina de Ferro. Ela começou com os soviéticos e ganhou corpo com os esquerdistas americanos.
Pois agora se chega em um capítulo que ilustra o explicado no parágrafo anterior: a Guerra do Iraque. Ela é um bom exemplo de como a desinformação cria vida própria independente de seu criador.
Em um conflito inicialmente bipartidário – já que a resolução de guerra foi aprovada por um Senado controlado por democratas – a Guerra do Iraque foi a mostra de como a desinformação saiu das mãos soviéticas e encontrou morada no Partido Democrata. Durante a guerra, a oposição esquerdista espalhou inúmeros boatos contra o então presidente George W. Bush. A guerra foi motivada pelo petróleo, diziam eles. Outros afirmaram que o conflito era um projeto de autopromoção de Bush.
Para que se tenha ideia do tamanho da histeria democrata contra Bush, basta recordar o que disse o democrata Martin O’Malley. “Lembro que depois dos ataques de 11 de setembro, como prefeito da cidade, fiquei muito, muito preocupado com a Al Qaeda e ainda estou. Mas estou ainda mais preocupado com as ações e inações do governo Bush “. Ou seja, as ações terroristas antiamericanas preocuparam menos os democratas que os passos do governo americano. O senso de proporções foi convenientemente desprezado.
Percebam: o que não passava de trama soviética de mentiras sofreu uma metamorfose para virar propaganda antiamericana partidária. A origem ficou omitida para o púbico, restou apenas a parte conhecida.
A imagem dos EUA ficou para sempre manchada. O ódio ao país é facilmente percebido nos quatro cantos do mundo, com indivíduos sempre a culpá-lo pelas desgraças e conflitos ocorridos. A KGB ficou nos livros, o antiamericanismo por ela alimentado virou realidade e dominou o imaginário de vários países.
26 de novembro de 2019
carlos júnior
Referências:
Se a inveja é aplicável a indivíduos contra certos entes coletivos, obviamente as nações também a despertam. E de tantas nações que despertam inveja nas pessoas, os Estados Unidos são o alvo favorito de invejosos que culpam os problemas internos pela nação mais poderosa do mundo. Fatos, narrativas e detalhes são manipulados para perpetuar a imagem dos EUA como nação causadora de conflitos, desgraças e sofrimentos no mundo inteiro. A este sentimento de repugnância e ódio àquela nação denomina-se antiamericanismo.
O antiamericanismo é uma inveja apresentada como sentimento natural frente ao ”imperialismo americano”. Entretanto, ele não surgiu do nada, nem criou viva própria. Sua disseminação mundial aconteceu no contexto da Guerra Fria, e grande parte do suporte factual que deu sustentação ao antiamericanismo foi criado por operações de desinformação da famigerada KGB, a polícia secreta do regime comunista soviético. Toda sorte de tentativas de enquadrar os EUA como vilões foi lançada em uma disputa não apenas militar e econômica, mas também ideológica.
A tática da desinformação é esta: disseminar uma mentira contra o alvo pretendido, mas a ocultar a participação do realizador da mentira. Propaga-se uma notícia falsa com a generosa colaboração de uma outra fonte na qual as pessoas têm plena confiança, e daí o resto está feito. Se a mídia soviética veicula que os americanos cometeram atrocidades no Vietnã, ninguém vai dar crédito a isso. Mas se um soldado e futuro senador americano é quem realiza tal façanha, a coisa muda de figura e a chance dos americanos e demais populações ocidentais acreditarem é sem dúvidas maior.
Refiro-me a John Kerry e a Operação Áries, respectivamente. Cabe dissecar a coisa para um entendimento maior do assunto e do propósito do artigo.
O magistral livro Desinformação – do ex-general romeno Ion Mihai Pacepa – conta em detalhes os truques maquiavélicos do bloco comunista para jogar a opinião pública ocidental contra os esforços americanos na luta contra o comunismo. A Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) foi uma organização tomada pelos soviéticos que de muito serviu na luta contra os EUA. Diz Pacepa: ”[…] o objetivo desse congresso de jovens era denegrir os esforços americanos de deter a expansão do comunismo da Coreia do Norte”. E prossegue ao descrever a recepção do fim da guerra durante um congresso da FMJD. ”No dia seguinte, o governo romeno organizou uma reunião ‘popular’ em Bucareste para celebrar a ocasião. Foi a primeira derrota americana na arena internacional e foi festejada regiamente. Lembro de me juntar à festa, gritando: ‘Yankees, voltem para casa!’ ”.
Não por acaso a juventude foi a protagonista em outro conflito marcante da Guerra Fria. Refiro-me ao conflito no Vietnã. As famosas passeatas dos jovens americanos a pedir o fim da guerra é a perfeita constatação da vitória retórica soviética na Operação Áries, que tinha o objetivo de estimular o antiamericanismo nos EUA e no mundo com a Guerra do Vietnã. Deu tudo certo. O governo americano recuou de uma guerra praticamente vencida e entregou o território aos comunistas. No Vietnã, no Laos e em Camboja os comunistas mataram dois milhões de pessoas – fato nunca lembrado pelo mainstream midiático.
Aqui vale um importante adendo: a ideia dos soviéticos era que a desinformação ganhasse vida própria, segundo o próprio chefe da KGB na época, Yuri Andropov. Uma vez espalhada, ela iria ser alimentada não mais por seus criadores, mas por outras fontes e pessoas. A Operação Áries começou a criar o mito dos americanos assassinos de guerra, mas tal mito não poderia durar tanto tempo no imaginário global se ficasse apenas na Cortina de Ferro. Ela começou com os soviéticos e ganhou corpo com os esquerdistas americanos.
Pois agora se chega em um capítulo que ilustra o explicado no parágrafo anterior: a Guerra do Iraque. Ela é um bom exemplo de como a desinformação cria vida própria independente de seu criador.
Em um conflito inicialmente bipartidário – já que a resolução de guerra foi aprovada por um Senado controlado por democratas – a Guerra do Iraque foi a mostra de como a desinformação saiu das mãos soviéticas e encontrou morada no Partido Democrata. Durante a guerra, a oposição esquerdista espalhou inúmeros boatos contra o então presidente George W. Bush. A guerra foi motivada pelo petróleo, diziam eles. Outros afirmaram que o conflito era um projeto de autopromoção de Bush.
Para que se tenha ideia do tamanho da histeria democrata contra Bush, basta recordar o que disse o democrata Martin O’Malley. “Lembro que depois dos ataques de 11 de setembro, como prefeito da cidade, fiquei muito, muito preocupado com a Al Qaeda e ainda estou. Mas estou ainda mais preocupado com as ações e inações do governo Bush “. Ou seja, as ações terroristas antiamericanas preocuparam menos os democratas que os passos do governo americano. O senso de proporções foi convenientemente desprezado.
Percebam: o que não passava de trama soviética de mentiras sofreu uma metamorfose para virar propaganda antiamericana partidária. A origem ficou omitida para o púbico, restou apenas a parte conhecida.
A imagem dos EUA ficou para sempre manchada. O ódio ao país é facilmente percebido nos quatro cantos do mundo, com indivíduos sempre a culpá-lo pelas desgraças e conflitos ocorridos. A KGB ficou nos livros, o antiamericanismo por ela alimentado virou realidade e dominou o imaginário de vários países.
26 de novembro de 2019
carlos júnior
Referências:
Nenhum comentário:
Postar um comentário