O primeiro sequestro aéreo da história aconteceu em MACAU com um fim trágico, quando um avião 'Catalina'— modelo PBY-5 — que fazia a ligação diária Macau Hong-Kong em 16 de julho de 1948 se estatelou em pleno mar, em voo picado, devido à morte do piloto que caiu sobre o manche, executado por um assaltante do avião.
O ataque foi tão “antes de tempo” que o avião desviado era um anfíbio Catalina e o motivo não teve nada a ver com motivações políticas, mas apenas com o roubo de uma considerável quantidade de ouro que era transportada de Macau para Hong Kong.
Miss Macao era a denominação dessa aeronave anfíbia, pertencente à Cathay Pacific e operada por uma subsidiaria —Companhia Limitada de Transportes Aéreos de Macau (MATCO), fundada por Pedro Lobo e Liang Chang em abril de 1948.
"A proibição do comércio de ouro, decretada pelo tratado de Bretton-Woods estava prestes a vigorar em Hong Kong, e motivou um enorme frenesi aéreo, com a criação, em 1948, de uma companhia de aviação em Macau — MATCO(Macau Aerial Transport Co.) — e a tentativa frustrada de se criar uma pista na Areia Preta.
Como alternativa, o então homem forte de Macau, Pedro José Lobo, associa-se aos fundadores da Cathay Pacificcom os quais explora a rota para Hong Kong com aparelhos anfíbios que usavam as águas do Porto Exterior para chegar e sair de Macau. É um desses Catalina que em 16 de Junho de 1948 foi assaltado em pleno voo por uma quadrilha de chineses, embarcados em Macau como passageiros, e que apenas conseguiram fazer despencar o avião, levando para a morte todos os que iam a bordo, exceto um dos assaltantes que ficou preso em Macau durante alguns anos. No dia da sua libertação, foi morto à porta da cadeia.
“Abril de 1948 – Pedro Lobo e Liang Chang organizam a Companhia Limitada de Transportes Aéreos de Macau, registada em Hong Kong tendo alugado à Cathay Pacific Airways o seu primeiro avião (anfíbio, de 2 hélices) baptizado como «Miss Macau». As viagens entre Kai Tak e o Porto Exterior de Macau custavam 40 dólares de Hong Kong (simples) e 75 (ida e volta). A viagem num sentido demorava cerca de 20 minutos.”—SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direção dos Serviços de Educação e Juventude, 2ª Edição, Macau, 1997, 454 p. (ISBN 972-8091-11-7)
O Miss Macao fazia um voo de rotina de Macau para Hong Kong (cerca de 20 minutos de voo). Ele foi sequestrado poucos minutos após decolar, por quatro homens portando armas, um deles determinou que o copiloto lhe passasse o controle. O copiloto recusou e foi baleado. O piloto, Dale Warren Cramer, que estava no domo da aeronave, saltou para baixo, para ver o que acontecia e foi baleado cinco vezes nas costas por um Chinês que portava uma metralhadora. Ele, então tombou sobre os controles de voo do avião.
A aeronave entrou em um mergulho incontrolado e caiu no mar. Vinte e seis das 27 pessoas a bordo morreram na queda. O único sobrevivente foi o líder dos sequestradores. (como lembrou o irmão do piloto).
Esse único sobrevivente, Huang Yu, foi levado ao Tribunal pela Polícia de Macau, mas o Tribunal de Macau sugeriu que a acusação fosse feita por Hong Kong, uma vez que o avião estava registrado lá e a maioria dos passageiros também era de lá. No entanto, o governo colonial britânico em Hong Kong afirmou que o incidente aconteceu em território chinês, no qual os britânicos não teriam jurisdição. No final, Huang foi absolvido.
Nos 30 anos seguintes, os sequestros se tornaram cada vez mais frequentes. A média de 10 anos — entre 1948 e 1957— foi de pouco mais de uma por ano, mas a média anual de 1968 a 1977 subiu para 41 por ano. Desde 1948, as medidas de segurança das companhias aéreas melhoraram bastante e o número de sequestros não voltou a atingir a marca dos anos 70."
(Tradução livre de texto do livro “Um Século de Aventuras, Aviação em Macau” - Edição Livros do Oriente, de Luís Andrade de Sá).
Fonte: Macau Antigo
17 de julho de 2019
mujahdin cucaracha
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