Com juros mais civilizados, ficou mais difícil ganhar dinheiro com renda fixa
Um colega pede uma avaliação de investimentos que um banco ofereceu a ele. Trata-se de um CDB que paga 104% do DI e uma LCI que paga 96% do DI as siglas são explicadas mais abaixo.
Como esse colega tem salário razoável e aplicações de certo volume no banco, não deve estar nem de longe pegando as piores taxas de rendimento do mercado. Em um ano, seu CDB deve render uns 5,8%, descontado o Imposto de Renda. Descontada a inflação esperada para o período, é um rendimento de 1,7%. No caso da LCI, o rendimento real seria algo melhor, 2,4%.
E daí? É fácil perceber que ficou mais difícil ganhar dinheiro com aplicações de renda fixa. Se a economia do país melhorar de fato, vai continuar difícil.
Na semana passada, o Banco Central baixou a Selic, a taxa básica da economia, para 6,75%. O DI rende um pouco menos que isso.
A taxa do DI é a dos negócios do atacadão de dinheiro.
Não dá para saber quanto vai ser a taxa do DI daqui a um ano, claro. Estas estimativas foram feitas com base nos negócios futuros com DI fechados na semana passada. É apenas um exercício didático, para facilitar comparações e dar alguma medida de grandeza dos rendimentos.
As aplicações na caderneta de poupança devem render 4,8% em um ano, rendimento real de menos de 0,8%. Fundos de renda fixa simples que cobram 1% ou mais de taxa de administração não devem render mais do que a poupança.
Esses fundos simples precisam aplicar pelo menos 95% do dinheiro dos cotistas em ativos de baixo risco. Por exemplo, em títulos do governo federal, os mesmos que se compram no Tesouro Direto (que, comprados sem intermediários, rendem mais). É o grosso dos fundos de varejo dos bancos.
CDB, Certificado de Depósito Bancário, é um empréstimo para bancos, que oferecem uma porcentagem do rendimento do DI, de acordo com o volume da aplicação. Um CDB que pague 100% do DI deve render 1,6% em um ano, mais que a poupança, em termos reais, mas não muito animador. Uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) que pague 100% do DI renderia 2,7%, pois isenta de Imposto de Renda.
Em resumo, quem quer rendimento maior terá de se arriscar mais, em investimentos de longo prazo (mais de cinco anos) ou de renda variável.
Para dar um exemplo simples, um título do Tesouro Direto com vencimento em 2024 (uma NTNB) pode render 3,4% além da inflação, caso o dinheiro permaneça aplicado até o vencimento (supondo uma taxa de administração de 0,5%, descontado o IR).
Para uma NTNB com vencimento em 2035, o rendimento vai a 4%.
O risco é o de variação da taxa de juros e/ou de desaplicar antes do prazo de vencimento. Quanto maior o prazo da aplicação, maior a possibilidade de variação do rendimento, para baixo ou para cima, a depender da taxa de juros no momento da venda dos títulos isto é, da desaplicação do dinheiro.
No caso de ações ou fundos multimercado (que podem combinar e variar aplicações), cada caso é um caso muito particular de risco.
Este texto não contém recomendação alguma de investimento, que sempre depende de características muito individuais, mais do que roupa sob medida. Chama apenas a atenção para a queda da rentabilidade e, pior, para o risco de rendimento nenhum, a depender das taxas de administração.
16 de fevereiro de 2018
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
Um colega pede uma avaliação de investimentos que um banco ofereceu a ele. Trata-se de um CDB que paga 104% do DI e uma LCI que paga 96% do DI as siglas são explicadas mais abaixo.
Como esse colega tem salário razoável e aplicações de certo volume no banco, não deve estar nem de longe pegando as piores taxas de rendimento do mercado. Em um ano, seu CDB deve render uns 5,8%, descontado o Imposto de Renda. Descontada a inflação esperada para o período, é um rendimento de 1,7%. No caso da LCI, o rendimento real seria algo melhor, 2,4%.
E daí? É fácil perceber que ficou mais difícil ganhar dinheiro com aplicações de renda fixa. Se a economia do país melhorar de fato, vai continuar difícil.
Na semana passada, o Banco Central baixou a Selic, a taxa básica da economia, para 6,75%. O DI rende um pouco menos que isso.
A taxa do DI é a dos negócios do atacadão de dinheiro.
Não dá para saber quanto vai ser a taxa do DI daqui a um ano, claro. Estas estimativas foram feitas com base nos negócios futuros com DI fechados na semana passada. É apenas um exercício didático, para facilitar comparações e dar alguma medida de grandeza dos rendimentos.
As aplicações na caderneta de poupança devem render 4,8% em um ano, rendimento real de menos de 0,8%. Fundos de renda fixa simples que cobram 1% ou mais de taxa de administração não devem render mais do que a poupança.
Esses fundos simples precisam aplicar pelo menos 95% do dinheiro dos cotistas em ativos de baixo risco. Por exemplo, em títulos do governo federal, os mesmos que se compram no Tesouro Direto (que, comprados sem intermediários, rendem mais). É o grosso dos fundos de varejo dos bancos.
CDB, Certificado de Depósito Bancário, é um empréstimo para bancos, que oferecem uma porcentagem do rendimento do DI, de acordo com o volume da aplicação. Um CDB que pague 100% do DI deve render 1,6% em um ano, mais que a poupança, em termos reais, mas não muito animador. Uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) que pague 100% do DI renderia 2,7%, pois isenta de Imposto de Renda.
Em resumo, quem quer rendimento maior terá de se arriscar mais, em investimentos de longo prazo (mais de cinco anos) ou de renda variável.
Para dar um exemplo simples, um título do Tesouro Direto com vencimento em 2024 (uma NTNB) pode render 3,4% além da inflação, caso o dinheiro permaneça aplicado até o vencimento (supondo uma taxa de administração de 0,5%, descontado o IR).
Para uma NTNB com vencimento em 2035, o rendimento vai a 4%.
O risco é o de variação da taxa de juros e/ou de desaplicar antes do prazo de vencimento. Quanto maior o prazo da aplicação, maior a possibilidade de variação do rendimento, para baixo ou para cima, a depender da taxa de juros no momento da venda dos títulos isto é, da desaplicação do dinheiro.
No caso de ações ou fundos multimercado (que podem combinar e variar aplicações), cada caso é um caso muito particular de risco.
Este texto não contém recomendação alguma de investimento, que sempre depende de características muito individuais, mais do que roupa sob medida. Chama apenas a atenção para a queda da rentabilidade e, pior, para o risco de rendimento nenhum, a depender das taxas de administração.
16 de fevereiro de 2018
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
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