"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 2 de maio de 2017

EX-SECRETÁRIO DE CABRAL CONFIRMA PROPINAS E CAIXA 2 NA CAMPANHA DE PEZÃO



Braga se diz ameaçado, mas quer fazer a delação
O ex-secretário de Obras Hudson Braga (novembro de 2011 a dezembro de 2014) confirmou, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas nesta terça-feira, a existência de caixa 2 na campanha à reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 2014, e o pagamento de 1% de propina em obras durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB), a chamada “taxa de oxigênio”, revelada pelo Globo no dia da prisão do ex-governador.
Braga, que foi coordenador da campanha de Pezão e está preso com Complexo Penitenciário de Gericinó, disse que ficou com R$ 3 milhões de “sobras de campanha” e guardou o dinheiro em um cofre da empresa Transexpert. Após citação a Pezão, o magistrado não fez mais perguntas sobre o assunto, já que o governador tem foro privilegiado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
PAC DAS FAVELAS – O ex-secretário também afirmou que a Andrade Gutierrez pagou 1% de propina sobre o contrato da obra do PAC das Favelas em Manguinhos, Zona Norte do Rio. Segundo ele, a cobrança do suborno foi uma orientação de Wilson Carlos, então secretário de Governo de Sérgio Cabral (PMDB).
Braga disse que os recursos ilícitos eram direcionados para presidentes de empresas vinculadas à Secretaria de Obras, além de superintendentes, subsecretários e assessores especiais do governo. O ex-secretário, que sinalizou várias vezes a intenção de firmar um acordo de delação premiada, afirmou que, “em outro momento”, pode “descrever” os nomes.

TAXA DE OXIGÊNIO – “É verdade sim, excelência (a cobrança da “taxa de oxigênio”). Só preciso esclarecer que, conforme disse, sou um técnico, não fui eu que criei isso. Fui convocado no final de 2007, início de 2008, pelo secretário Wilson Carlos, que me relatou que existiam diversas queixas do valor do pagamento do salário que o Estado remunerava e que ele tinha conversado com a Andrade para que contribuísse com 1% para que pudesse ser feito esse pagamento e melhorar o salário das pessoas envolvidas neste projeto. Isso aconteceu, ele me deu essa orientação, e eu organizei isso com o Wagner Garcia (Wagner Jordão, operador), que ficou responsável pelo recolhimento e pagamento das pessoas listadas” — afirmou.
Braga foi questionado sobre o pagamento de propina em outras obras citadas na denúncia do Ministério Público Federal (MPF), como a reforma do Maracanã, mas afirmou que preferia “colaborar” em outro momento. O ex-secretário não respondeu diretamente se já foi ameaçado, mas afirmou que “não está tranquilo”.
“Eu não estou tranquilo. Abrindo essa situação, eu não fico tranquilo, mas quero colaborar, tenho o desejo de colaborar” — afirmou.
HOMEM FORTE – Hudson Braga era considerado o homem forte da área de obras do governo Cabral. É um dos envolvidos no esquema de corrupção do ex-governador do Rio que mais exibe sinais exteriores de riqueza. Certidões obtidas pelo Globo em cartórios demonstraram que ele é dono de um edifício comercial em construção em Volta Redonda, de 10 andares, de uma propriedade no Frade e outra na Ponta dos Ubás, em Angra, e de dois postos de gasolina, um deles em nome da mulher, Rosângela.
Braguinha, como é conhecido na política fluminense, começou a vida pública em Volta Redonda, onde foi secretário municipal de Administração no governo de Antonio Francisco Neto. Chegou ao Rio no governo Garotinho e continuou no governo Cabral, apadrinhado por Pezão. Foi, inicialmente, subsecretário estadual de Obras, mas assumiu a titularidade da pasta depois de Pezão, então vice-governador, assumir no segundo mandato de Cabral, em 2014.
Em julho daquele ano, foi cuidar da campanha de Pezão. Anunciado depois das eleições para o cargo de coordenador de Infraestrutura e Integração Governamental, ele desistiu da função antes de assumir ao perceber que teria menos poder do que desejava. Homem de confiança do governador, queria sob o seu comando o Detran e a Comunicação Social.

02 de maio de 2017
Deu em O Globo

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