"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

JANOT DESPERTA DA LETARGIA E MANDA INVESTIGAR RENAN, JUCÁ, SARNEY E MACHADO


Resultado de imagem para rodrigo janot charges
Charge do Ronaldo. reproduzida da Charge Online
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta segunda-feira (dia 6) ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de novo inquérito para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-presidente José Sarney (PMDB-AM) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado. Eles são suspeitos de criar embaraços às investigações da Operação Lava Jato.
Caberá ao ministro Luiz Edson Fachin, novo relator da Lava Jato no STF, autorizar ou arquivar o pedido de inquérito.  Renan, Jucá e Sarney tiveram conversas com Sérgio Machado gravadas pelo ex-diretor da Transpetro, que se tornou posteriormente um dos delatores do esquema de corrupção.
Nessas conversas, eles discutiram, por exemplo, formas de “estancar e impedir, o quanto antes” os avanços das apurações sobre políticos – especialmente do PMDB, do PSDB e do PT –, inclusive mediante supostos acordos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com aprovação de novas leis que, na visão da PGR, poderiam inibir as investigações e esvaziar os processos judiciais.
VERSÕES – À TV Globo, a assessoria de Renan Calheiros informou que ele não praticou nenhum ato para embaraçar ou dificultar qualquer investigação e que sempre foi colaborativo. “O senador reafirma que a possibilidade de se encontrar qualquer impropriedade em suas contas pessoais ou eleitorais è zero. O senador está convencido que, a exemplo do primeiro inquérito, os demais serão arquivados por absoluta falta de prova.”
Também à TV Globo, o advogado que representa José Sarney informou considerar importante a abertura do inquérito para comprovar que o crime foi comedito por Sérgio Machado, que gravou as conversas.
A assessoria de Romero Jucá divulgou a seguinte nota: “A defesa do senador Romero Jucá afirma que não há preocupação em relação à abertura do inquérito pois não vê qualquer tipo de intervenção do mesmo na operação Lava jato. Ressalta que a única ilegalidade é a gravação realizada pelo senhor Sergio Machado, que induziu seus interlocutores nas conversas mantidas, além de seu vazamento seletivo. O senador Romero jucá é o mais interessado em que se investigue o caso e vem cobrando isso da PGR reiteradamente desde maio do ano passado.”
Procurada, a defesa de Sérgio Machado informou que não tem ciência do pedido da PGR e por isso não iria se manifestar.
CONVERSAS GRAVADAS – Numa das conversas gravadas por Sérgio Machado, Renan Calheiros defende que “não pode fazer delação premiada preso”. E explica:  “Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso”, disse o senador a Machado em março do ano passado. Para investigadores, isso poderia desestimular empresários envolvidos em corrupção a confessar os crimes.
À época, Renan afirmou que os diálogos “não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas”.
Jucá, por sua vez, foi gravado dizendo que era preciso um “pacto” para tentar barrar a Lava Jato. “Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa p… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”, disse.
“DELIMITAR” – Questionado, Romero Jucá disse, em maio do ano passado, que os diálogos reiteraram seu posicionamento sobre a crise política e econômica do país. De acordo com o peemedebista, o termo “delimitar” usado na conversa não significa “barrar” a Lava Jato, mas definir quem é culpado, o crime, e a punição de cada acusado.
Em outra gravação, o ex-presidente Sarney afirmou que a delação premiada de executivos da Odebrecht seriam “uma metralhadora de [calibre] ponto 100”. Em nota, Sarney disse lamentar que “conversas privadas tornem-se públicas, pois podem ferir outras pessoas que nunca desejaríamos alcançar”.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Deve ter sido coincidência, é claro. Na manhã deste domingo, dia 5, publicamos aqui na Tribuna Internet  uma matéria nos seguintes termos: “Nada se revela acerca da explosiva delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Ele dedurou todos os caciques do PMDB, calcula-se que tenha embolsou centenas de milhões de dólares, pois um dos filhos aplicou quase 100 milhões de dólares em imóveis na Inglaterra, e a famiglia Machado está livre, leve e solta, morando na mais luxuosa mansão de Fortaleza, de fazer inveja à família Jereissati. Alguém pode explicar por que o relator Teori Zavascki foi tão compreensivo em relação a Sérgio Machado???”. E no dia seguinte surge a notícia de que o procurador-geral Rodrigo Janot pediu a abertura de novo inquérito sobre o assunto, porque o anterior o relator Teori Zavascki sepultou. Realmente, deve ser coincidência.  (C.N.)

07 de fevereiro de 2017
Renan Ramalho
Do G1, Brasília

Nenhum comentário:

Postar um comentário