"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

MASSACRE DE MANAUS MOSTRA QUE O PAÍS NÃO É CIVILIZADO, MAS AINDA HÁ ESPERANÇA


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Parentes das vítimas choram seus mortos no Amazonas
Nascido em 1903, o londrino Kenneth McKenzie Clark foi um dos mais conhecidos intelectuais de sua geração. Escritor e especialista em História da Arte, estudou na Universidade de Oxford e aos 30 anos já era diretor da National Gallery, e no ano seguinte, superintendente da Royal Collection. Professor em Oxford e chanceler na Universidade de York, aos 35 anos foi ordenado cavaleiro, depois a Rainha Elizabeth lhe outorgou o título de barão Clark de Saltwood, no Condado de Kent. Provocador, costumava ironizar o estágio da evolução social em meados do século passado. Dizia: “Civilização? Jamais conheci nenhuma. Mas sei que, se algum encontrar alguma civilização, saberei reconhecê-la”.
Lord Kenneth Clark morreu em 1983 sem ter conseguido encontrar uma verdadeira civilização na face da Terra. Mas agora, 35 anos depois, algumas sociedades evoluíram bastante e o grande pensador britânico certamente já poderia vislumbrar a existência de uma quase civilização nos países nórdicos e na Suíça, embora ainda deixem a desejar em vários aspectos.
Se avaliasse o Brasil neste início do Terceiro Milênio, Clark constataria que o país nada tem de civilização, mas nada mesmo. Pelo contrário, vive em meio à barbárie, provocada pela insistência suicida de tentar fazer com que a riqueza total possa conviver com a miséria absoluta. E qualquer idiota percebe que isso jamais dará certo.
MUITOS ATRATIVOS – Mesmo sob a barbárie, que transmite ao exterior a imagem de uma sociedade violenta e corrupta, ainda assim o Brasil tem muitos atrativos e continua a receber turistas do mundo inteiro. Mas verdade seja dita, a maioria dos estrangeiros vem atrás de alegria, para participar das grandes festas, como Réveillon e Carnaval, e grande parte dos turistas busca mais especificamente o turismo sexual, que inclui até mesmo pedofilia, sejamos francos.
Nossa imagem no exterior está péssima, massacrada pela insegurança pública nas grandes cidades e pelas mortes de estrangeiros em pontos turísticos. Mesmo assim, as atrações do Brasil são tantas que eles não resistem, e aí está Leonardo DiCaprio que não nos deixa mentir. As celebridades vivem por aqui e quase sempre chegam dissimuladamente. Certa vez, eu e meu filho entramos no elevador no Aeroporto do Galeão e demos de cara com Alec Baldwin e Kim Bassinger, que estavam de passagem, rumo ao Amazonas. Aliás, se fosse bem trabalhada, a Amazônia seria o maior pólo turístico do mundo. Um dia será. Mas agora esse importante polo turístico sofreu um baque, com o massacre no presídio privatizado.
UM PAÍS EM TRANSE – O fato concreto é que o Brasil  está glauberianamente em transe. É um país maravilhoso e sinistro, ao mesmo tempo. Quinto maior do mundo em extensão e número de habitantes, a oitava economia do mundo, tem um clima ideal para curtir a natureza e viver à vontade, ao ar livre. Mas o Brasil está dividido e desgovernado. Precisa ser passado a limpo, para começar de novo e se tornar o país do futuro de Stefan Zweig, e isso tem de acontecer o mais rápido possível.
A nova geração de delegados federais, procuradores da República, juízes federais e auditores da Receita está mostrando que isso é possível, apesar do claro boicote que sofrem das cúpulas dos três Poderes. O trabalho desses jovens na Lava Jato tem uma força descomunal, está destinado a servir de exemplo nos Estados e Municípios, e esse bendito fenômeno é irrepresável, jamais será vencido por articulações de bastidores na calada da noite. Essas manobras que ainda são tentadas no Planalto, no Congresso e no Supremo chegam a ser patéticas e ridículas. Este país vai mudar, porque nós queremos mudar. E isso já está acontecendo. Agora, é só uma questão de tempo.
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PS-1 – Quanto à briga de facções no presídio de Manaus, já está provado que a privatização das penitenciárias não deu certo na matriz, os Estados Unidos, e muito menos na sucursal. Aqui na “Tribuna da Internet”, os articulistas e comentaristas estão cansados de defender as prisões-fábricas, com marcenarias, oficinas de carros, recuperação de máquinas e equipamentos públicos etc., as prisões-agrícolas, para fornecer alimentos da merenda escolar,  e as prisões-móveis, para abrir estradas e ferrovias, construir pistas de pouso no interior etc. Um dia isso vai acontecer, é claro.
PS-2 – Quanto ao pensador britânico Lord Kenneth Clark, que no final da vida aderiu à religião católica, tenho a impressão de que ele era meio comunista e vislumbrava uma civilização que conseguisse oferecer serviços universais de educação e saúde, para que todos os jovens tivessem oportunidades iguais e realmente prevalecesse a meritocracia que Marx e Engels tanto defendiam, ao reconhecer que os direitos devem ser iguais, mas as pessoas são desiguais(C.N.)

04 de janeiro de 2017
Carlos Newton

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