"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 11 de dezembro de 2016

INSTITUIÇÕES FUNCIONANDO, EM RITMO DE SURREALISMO POLÍTICO



Ao voltar, Renan cria uma comissão para defender a moral
Os roteiristas de ficção têm muito a aprender com o Congresso brasileiro. Depois de protagonizar uma grave crise institucional e afrontar decisão do Supremo, o Senado amanheceu  como se nada tivesse acontecido. A cadeira de presidente voltava a ser ocupada por Renan Calheiros, réu por peculato e multi-investigado na Operação Lava Jato. À vontade na poltrona de couro azul, ele distribuía ordens, organizava a lista de oradores e fazia piadas ao microfone.
“A oposição não costuma cansar nunca!”, disse a Magno Malta, dublê de senador e cantor evangélico, recusando uma sugestão para que deixasse a minoria falar “até cansar”.
Pouco depois, Renan passou a anunciar a criação de um novo órgão: a Comissão Permanente Senado do Futuro. Lendo uma folha de papel pousada sobre a mesa, ele enumerou as questões a serem debatidas. “A saúde dos oceanos e dos rios; o mundo pós-energia fóssil; as novas fronteiras da vida, inclusive com a inteligência artificial e o potencial das células-tronco; as novas fronteiras do universo, inclusive o potencial de viagens espaciais”, recitou.
ÚLTIMO ITEM – Para completar o surrealismo da cena, o senador-réu leu o último item da lista: “a evolução da moral e da conduta humana”. Em seguida, passou a palavra a Romero Jucá, também investigado na Lava Jato e primeiro dos seis ministros a cair em seis meses de governo Temer.
Na Câmara, não houve votações relevantes. Oposicionistas apresentaram outro pedido de impeachment, mas o presidente Rodrigo Maia nem apareceu para recebê-los. O documento foi lido diante de uma poltrona vazia. No plenário, deputados-pastores promoviam uma sessão solene. Homenagem ao Dia da Bíblia.
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PS –
 O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella, diz ter batido o martelo. Reduzirá o número de secretarias do município para 12. É a metade da estrutura chefiada por Eduardo Paes.

11 de dezembro de 2016
Bernardo Mello Franco
Folha

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