Dilma Rousseff vive um permanente inferno astral, apesar de fazer aniversário apenas em dezembro. Até a carta que pretendia endereçar aos senadores e à nação em geral vem sendo sabotada pelo Lula e dirigentes do PT. Só falta os Correios se negarem a transportá-la. Madame pretendia, e ainda mantém a disposição, de referir-se ao seu impeachment como um golpe parlamentar. Não pouparia agressões verbais para reagir ao seu afastamento do palácio do Planalto, em vias de tornar-se definitivo. Pois não é que seus companheiros discordaram e até ameaçaram vir a público declarando a discordância?
Os motivos são óbvios: ela vai e eles ficam. No caso, vai para o esquecimento e ficam para disputar as eleições de 2018. Lula está cada vez mais disposto a concorrer à presidência da República daqui a dois anos. Por falta de opção, o PT estimula a aventura. Por que iriam, então, tornar impossível a convivência com os senadores que, ofendidos, poderiam criar obstáculos para a candidatura?
É natural que a já quase ex-presidente proteste por todos os meios e adjetivos contra sua cassação. Se não merecia governar o país, pelas lambanças que fez, também não merecia ser deposta por crimes que não praticou.
Parece dispensável a carta, que deverá ser redigida e expedida na próxima semana, porque não mudará o voto dos senadores, mas a presidente afastada não abre mão do desabafo. No mínimo para os livros de História. Quantos dos 59, talvez mais, senadores que votarão contra a remetente mendigaram benesses e favores quando frequentavam seu gabinete? É natural que se sintam constrangidos e incomodados, na hora de ler lamentos e acusações. A começar por Renan Calheiros, que faz pouco mudou-se com armas e bagagens para o batalhão de Michel Temer.
13 de agosto de 2016
Carlos Chagas
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