"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 7 de junho de 2016

PASSARINHO TEVE DUAS ESCOLHAS, NENHUMA PRESIDÊNCIA



Garrastazú Médici vinha de uma posse tumultuada por conta da grave doença do presidente Costa e Silva. Depois de uma inusitada Junta Militar, acabou sendo “eleito” o então comandante do III Exército, que ao tomar posse manteve alguns ministros e nomeou outros. Ficaram Delfim Netto, Mario Andreazza e Costa Cavalcanti, sendo deslocado Jarbas Passarinho, do Trabalho para a Educação. Depois da primeira vez que despacharam no palácio do Planalto, já se levantando, Passarinho surpreendeu-se com a iniciativa do chefe, que pegou o papel celofane de um maço de cigarros  já vazio, enrolou-o bem fininho e o ofereceu ao auxiliar. Sem entender, o novo ministro da Educação recebeu a explicação: “quando terminar meu mandato, pretendo passar-lhe o bastão”. Cauteloso, Passarinho ficou em silêncio e a promessa jamais se cumpriu. Nem ele cobrou.
Anos depois, Médici já morto, indaguei do ex-ministro o significado do gesto. Ele sorriu, confirmou a intenção não concretizada do general completou: “Com tantos generais candidatos, eles bateriam continência para um coronel?”
O coronel Jarbas Passarinho não chegou à presidência da República, mas houve outra oportunidade. O regime militar estava terminando, o general João Figueiredo lavara as mãos, o candidato civil e da oposição teria de ser Tancredo Neves.  Matreiro como nunca, o ex-governador de Minas procurou Passarinho, dando a impressão de abrir o jogo: “Se você for candidato, eu não serei!”
Mentira, mas faltava uma palavra também matreira  de entendimento, que coube ao ex-ministro: “Você acha que os generais bateriam continência?”
Tancredo foi eleito, mas, da mesma forma, foi embora antes de tomar posse. Passarinho viajou domingo, também sem assumir a presidência da República…

07 de junho de 2016
Carlos Chagas

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