Reportagem de David Friedlander, Julio Wiziack e Raquel Landim, Folha de São Paulo edição do dia 06/03, revela que empresários passaram a defender a saída da presidente Dilma Rousseff como desfecho de uma crise que se agravou, sem dúvida alguma, no final da semana que passou. Os empresários, segundo minha visão, estão temendo o que está por trás do encontro entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula iniciado na tarde de sábado e que hoje se estenderá em Brasília no Palácio do Planalto. O empresário Flávio Rocha, ex-deputado, afirmou textualmente que é preciso encurtar o mandato da presidente porque o pior cenário são mais três anos com o transatlântico à deriva. O movimento, de acordo com a reportagem, inclui industriais e banqueiros preocupados com a queda do PIB de 3,8%, informação esta divulgada pelo IBGE. A esses 3,8% tem que se somar o crescimento demográfico de 1% registrado em 2015.
Entretanto, o que está mais preocupando tanto empresariado quanto a população é o apelo às ruas feito pelo ex-presidente Lula, que ameaça percorrer o país com essa bandeira. Trata-se da única saída possível de que ele pensa dispor para enfrentar a forte carga do Ministério Público contra ele pelas contradições que envolvem seu depoimento de sexta-feira. É preciso acentuar que, antes de ser levado a depor, o ex-presidente recorreu ao Conselho do Ministério Público para que não comparecesse e, diante da negativa deste, dirigiu-se ao Supremo buscando uma liminar que inclusive suspendesse as investigações contra si. A liminar foi negada pela ministra Rosa Weber.
Portanto não é verdadeira a versão de Lula de que estava disposto a depor normalmente. Pelo contrário, como os fatos comprovam, ele tentou evitar o episódio. A respeito dos imóveis do Guarujá e de Atibaia é difícil aceitar a hipótese de não terem sido adquiridos por ele ou para ele, já que frequentava Atibaia como se propriedade sua fosse. Empréstimo de sítio?
ATMOSFERA DENSA
Sabendo que dificilmente a Justiça aceitará sua versão, ou suas versões, Lula deseja fantasiosamente deslocar o tema para as ruas, como se elas pudessem se transformar num tribunal acima até do Supremo. Diante de tal impossibilidade, o que a população passou a temer, e os empresários destacaram o temor, é que nesse encontro com Dilma possa resvalar algum ângulo de pensamento para o setor militar. A atmosfera torna-se assim mais densa e tensa porque não se sabe o que poderá vir em seguida e se a voz das ruas que forem favoráveis a Lula poderão fazer diante de um confronto inevitável com as que lhe são contrárias.
Daí o temor de uma convulsão política que poderá se deslocar para a esfera de atuação militar, pois dificilmente as Forças Armadas poderão assistir como espectadoras um confronto físico nas ruas e nas praças do país, inevitavelmente esperado pela colisão de posições antagônicas, que assim escapariam ao universo da Justiça e ao cenário do Congresso Nacional. A crise, e seus desdobramentos são alarmantes. Coube aos empresários, segundo a Folha de São Paulo, levantar o sinal de alarme.
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