“Existem basicamente dois modos de você responder uma acusação. O primeiro modo é mostrar que aquilo que a pessoa disse é mentira e que está errado. O segundo é desacreditar e tirar a credibilidade das pessoas que te acusam. O que vários acusados têm feito diante da robustez das provas é buscar agredir o acusador, tentando tirar desse modo a credibilidade. Mas isso é criar uma espécie de teoria da conspiração.” afirmou o procurador.
Dallagnol disse à Folha que o Ministério Público Federal está aguardando mais informações vindas da Suíça, que podem revelar novos fatos sobre o caso. “Existem muitas perspectivas novas. Investigações sendo desenvolvidas em relação a outros setores da Petrobras, perspectivas de novas colaborações que estão sendo tratadas, e existe também a expectativa de que venha um grande material da Suíça trazendo contas de pessoas usadas para pagar e receber propina.”
SOMENTE 10%…
Segundo ele, das 300 contas reveladas pelo procurador-geral suíço, que são suspeitas de terem sido usadas para pagamento de propinas, apenas cerca de 10% foram analisadas pela força-tarefa brasileira.
“O procurador-geral suíço quando veio ao Brasil, há cerca de um ano, falou que havia investigação sobre mais de 300 contas lá. Não vieram para cá 10% dessas 300 contas. Durante esse tempo certamente as investigações lá se expandiram. Existe um grande copo aprobatório de fatos que a gente ainda não tem conhecimento, que está lá e que em algum momento virá para o Brasil e repercutirá em novas investigações e novas delações aqui.”
NADA DE ELEIÇÃO
Ao lado do juiz Sérgio Moro, Dallagnol é uma das caras mais visíveis da operação Lava Jato. Ele diz que não pensa em qualquer cargo eletivo.
“Nunca tive qualquer intenção em concorrer ou participar de atividade político-partidária ao longo da minha história. O nosso objetivo é servir a sociedade. Muitas pessoas colocaram suas esperanças em nós, acreditando que nós seríamos capazes de conduzir um processo de transformação, mas o que fazemos quando oferecemos a sociedade 10 medidas contra a corrupção é devolver o protagonismo.”
Ele afirmou ainda que crê em uma redução dos casos de corrupção no Brasil, se o país passar por uma transformação social.
“Isso passa por uma transformação social eu nós não podemos implementar da noite para o dia, mas nós podemos atuar sobre condições que favoreçam esse processo. É necessária existência de campanhas para curar a corrupção com educação. Para que todos nós desenvolvamos uma intolerância real a corrupção, não só a grande corrupção, mas aquela pequena corrupção que acaba gerando um ambiente propício para o surgimento da grande.”
29 de fevereiro de 2016
Felipe de Oliveira
Folha
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