Agradeço profundamente a presença nesse Brasil, dos otimistas. São eles que aportam a tranquilidade com as suas mensagens de futuro, de esperanças, de expectativas promissoras.
São eles os anfitriões que nos convocam para a grande festa cristã, e que nos enchem o coração de alegria, porque precisamos crer, precisamos esperar o futuro melhor.
Não consigo organizar meus sentimentos para olhar o mundo que me cerca com olhos de bondade e tolerância. Defeito? Ceticismo desarrazoado? Cansaço de assistir a tanta incúria? A Tanta loucura? A Tanta perversidade?
Não sei... Não procurei as causas que me roubam a condição de olhar o meu país, o que ele nesse momento promete a cada um de nós, brasileiros cansados de tantos crimes perpetrados contra as crianças, os jovens, os desamparados, os injustiçados, os que apenas procuram trabalhar e são fraudados, roubados, espoliados...
Trilhões arrecadados e que escorrem para o mar de lama do abandono indecente, do desinteresse políticos , da corrupção deslavada, da ausência de políticas públicas, da falta de honestidade que campeia livremente, destroçando as esperanças de futuro do Brasil.
Não consigo mais conviver com tanta impunidade - apesar da Operação Lava Jato, que luta destemidamente para se manter em pé - com a ladroagem que avassalou o país transformando-o no escárnio internacional, no rebaixamento da sua credibilidade.
E exatamente isso, impede que eu olhe esperançoso para dias vindouros, cada vez mais distantes, validando o título de uma obra de Stefan Zweig, "Brasil, país do futuro". Que não chega nunca...
Agora o Natal, e com ele o constrangimento de desejar um Natal Feliz, com tantas mesas vazias, com tantos chefes de família desempregados, com tantas filas de doentes nos hospitais públicos, a espera de uma consulta, de uma cirurgia sempre adiadas... Com as assombrosas estatísticas dos homicídios, que nos colocam no centro de uma verdadeira guerra civil, com o triste cenário do crime organizado dominando a paisagem...
Tantas crianças abandonadas, olhos tristes que nos espreitam a espera de uma moeda, um afago, um pouco de amor...
E assim, encontro pessoas, e constangidamente balbucio um Feliz Natal, sem grandes efusividades, como deveria ser, mas como quem dispara automaticamente um "bom dia", sem mais preocupações se o dia realmente será bom.
De qualquer modo, que Papai Noel traga o presente que cada um espera receber (se o bom velhinho ainda existir por esses lados...).
24 de dezembro de 2015
m.americo
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