BRASÍLIA - O grito "Qué se vayan todos", que marcou a crise argentina de 2001, parece pronto para explodir nas ruas brasileiras. A expressão é a que melhor traduz os resultados da nova pesquisa do Ibope. O levantamento aponta uma rejeição generalizada à classe política.
O mau humor com o governo Dilma já era conhecido. Em agosto, ela se tornou a presidente mais impopular desde a redemocratização do país. A novidade é que agora os eleitores também viram as costas para os políticos que sonham em sucedê-la.
O fenômeno atinge os principais pré-candidatos da situação, da oposição e da terceira via. Dos seis testados na pesquisa, cinco ostentam rejeição igual ou maior que 50%. O menos impopular amarga o desprezo de 47%. Em bom português, o eleitor quer mandar todo mundo para casa.
O ranking negativo é liderado pelo ex-presidente Lula, que acaba de fazer 70 anos mergulhado em uma maré de más notícias. Nada menos que 55% dos eleitores dizem que não votariam nele "de jeito nenhum".
O dado impressiona porque apenas 4% consideravam sua gestão ruim ou péssima no fim de 2010, quando ele deixou o Planalto. Cinco anos depois, o petista sofre efeitos do desgaste de Dilma e das investigações de escândalos de corrupção que nasceram no seu governo.
Os possíveis rivais de Lula também aparecem mal na foto. O senador José Serra (PSDB) enfrenta 54% de rejeição. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem 52%, mesmo índice de Ciro Gomes (PDT). Marina Silva (Rede) é rejeitada por 50%, e o senador Aécio Neves (PSDB), por 47%.
A bronca geral tem um lado positivo. Ao mostrar que não está satisfeito com ninguém, o eleitor cobra um discurso melhor de quem está no poder e de quem deseja retomá-lo. Por outro lado, o desencanto com tudo o que está aí pode abrir espaço para um novo "salvador da pátria", alguém que se sinta acima dos partidos e das instituições. O Brasil já viu esse filme, e ele não tem final feliz.
29 de outubro de 2015
Bernardo Mello Franco
O mau humor com o governo Dilma já era conhecido. Em agosto, ela se tornou a presidente mais impopular desde a redemocratização do país. A novidade é que agora os eleitores também viram as costas para os políticos que sonham em sucedê-la.
O fenômeno atinge os principais pré-candidatos da situação, da oposição e da terceira via. Dos seis testados na pesquisa, cinco ostentam rejeição igual ou maior que 50%. O menos impopular amarga o desprezo de 47%. Em bom português, o eleitor quer mandar todo mundo para casa.
O ranking negativo é liderado pelo ex-presidente Lula, que acaba de fazer 70 anos mergulhado em uma maré de más notícias. Nada menos que 55% dos eleitores dizem que não votariam nele "de jeito nenhum".
O dado impressiona porque apenas 4% consideravam sua gestão ruim ou péssima no fim de 2010, quando ele deixou o Planalto. Cinco anos depois, o petista sofre efeitos do desgaste de Dilma e das investigações de escândalos de corrupção que nasceram no seu governo.
Os possíveis rivais de Lula também aparecem mal na foto. O senador José Serra (PSDB) enfrenta 54% de rejeição. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem 52%, mesmo índice de Ciro Gomes (PDT). Marina Silva (Rede) é rejeitada por 50%, e o senador Aécio Neves (PSDB), por 47%.
A bronca geral tem um lado positivo. Ao mostrar que não está satisfeito com ninguém, o eleitor cobra um discurso melhor de quem está no poder e de quem deseja retomá-lo. Por outro lado, o desencanto com tudo o que está aí pode abrir espaço para um novo "salvador da pátria", alguém que se sinta acima dos partidos e das instituições. O Brasil já viu esse filme, e ele não tem final feliz.
29 de outubro de 2015
Bernardo Mello Franco
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