"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"ABANAR O RABO" ERA CÓDIGO DOS LOBISTAS NA COMPRA DE MP


Investigadores da força-tarefa da Operação Zelotes apontam que “abanar o rabo” era um dos códigos usados pelos lobistas das montadoras MMC Mitsubishi e Caoa Hyundai para “comprar” a Medida Provisória 471, que estendeu benefícios fiscais para o setor automobilístico. A mensagem é uma resposta do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, para o hoje número 2 do Ministério do Turismo, Alberto Alves, que foi gerente de representação da associação das montadoras (Anfavea).
Segundo a Operação Zelotes, a medida provisória foi “comprada” por meio de dinheiro pago pelas montadoras ao consórcio de escritórios Marcondes & Mautoni, de Mauro Marcondes, e SGR Consultoria, de propriedade de APS. As investigações apontam que R$ 6,4 milhões seriam distribuídos pelos lobistas a “colaboradores” para a aprovação da norma, o que policiais e procuradores do Ministério Público entendem como destinatários de propina.
Em um e-mail de 16 de dezembro de 2009, às 22h17, horas depois de a Câmara aprovar a MP 471, o então dirigente da Anfavea, Alberto Alves, parabeniza APS pelo feito. E pergunta quem será o relator no Senado. “Como ela foi aprovada sem emendas, vai dar para intrujar aquela que vcs fizeram?”, questiona o hoje secretário executivo do Ministério do Turismo, segundo cargo abaixo do ministro da pasta, Henrique Eduardo Alves (PMDB).
APS responde que não. “Para aquela emenda ter entrado era necessário que alguém abanasse o rabo, e ninguém se mexeu”, responde o lobista no dia seguinte, às 19h02. Segundo relatório da PF, era uma referência ao fato de a Caoa Hyundai não ter pago os valores combinados com os lobistas da M&M e da SGR. “Como esta não sinalizou que queria ou pagaria, isto é, como a Caoa não ‘abanou o rabo’, eles não se movimentaram para consegui-la”, diz o relatório da PF.
“DEVER DE OFÍCIO”
A reportagem não localizou advogados de APS, que foi preso anteontem pela PF na quarta fase da Zelotes e está recolhido na Papuda, em Brasília. Alberto Alves disse ao Correio na noite de ontem que só comentaria o caso por meio da assessoria do ministério, que distribuiu uma nota à imprensa. No texto, porém, ele não esclarece qual emenda escrita por APS ele desejava “intrujar” na Medida Provisória nº 471.
“Alberto Alves esclarece que deixou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores — Anfavea — há mais de três anos e, enquanto ocupava a gerência de Relações Institucionais e Governamentais da entidade em Brasília, tinha por dever de ofício acompanhar o debate sobre matérias de interesse do setor automotivo no Congresso Nacional”, disse o secretário executivo em nota. A Anfavea não prestou esclarecimentos ao jornal. Na segunda-feira, a entidade afastou Mauro Marcondes, preso na Zelotes, da tesouraria da associação.

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