Os fundos de investimento globais seguem cautelosos com o Brasil. O País é o emergente que mais perdeu espaço nas carteiras dos fundos de investimento estrangeiros desde abril, dentro do processo de realocação internacional das aplicações em 2015, de acordo com relatório do Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês), formado pelos maiores bancos do mundo. A Índia, ao contrário, caiu nas graças dos investidores estrangeiros desde o ano passado e foi o segundo país que mais teve aumento de alocação nas carteiras, atrás apenas da China.
No geral, o interesse de grandes fundos em alocar recursos nos emergentes caiu este ano, tanto em ações quanto em renda fixa. No início deste mês, estes mercados continuaram perdendo peso nas carteiras dos grandes investidores, em função do impasse da Grécia nas negociações com credores e da apreensão causada com o movimento de venda dos títulos de Tesouro nos países do primeiro mundo, destaca o relatório.
Desde o começo de 2015, a expectativa de elevação dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vem provocando realocação de carteiras e pode estimular fuga de recursos dos emergentes mais vulneráveis, ressalta o IIF em outro relatório.
BRASIL EM QUEDA
Em uma lista de 30 países emergentes preparada pelos economistas do IIF, o Brasil foi o mercado que mais perdeu espaço no portfólio dos fundos que investem em renda fixa e ações desde abril, incluindo os ETFs (que são carteiras que reproduzem índices de ações). Em seguida aparecem Coreia do Sul, Rússia e África do Sul. No lado oposto, dos países emergentes que mais ganharam participação nas carteiras dos gestores aparecem, nesta ordem, China, Índia e Colômbia. No primeiro trimestre de 2015, o Brasil já havia perdido espaço nas carteiras e a tendência continuou nos meses seguintes.
O Brasil, de acordo com a instituição, permanece na lista de países mais vulneráveis, que inclui também Indonésia, Turquia e Rússia. Em outro documento avaliando o Brasil, divulgado na semana passada, o IIF prevê piora da atividade econômica neste ano, mas recomenda que, apesar de doloroso no curto prazo, o ajuste fiscal e monetário feito pela equipe econômica de Dilma Rousseff precisa continuar a ser implementado.
FATOR GRÉCIA
A recente volatilidade nos rendimentos dos bônus da dívida da Europa e dos EUA, destaca o IIF, ajudou a provocar fuga de recursos dos emergentes. Outro fator que vem pesando negativamente é o impasse nas negociações entre a Grécia e os credores, com o país se aproximando da data limite em que precisa desembolsar 1,6 bilhão de euros para o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A alocação dos fundos internacionais em bônus e papéis de renda fixa dos EUA aumentou nas últimas semanas, enquanto a fatia alocada na zona do euro se reduziu, particularmente em bônus soberanos da Alemanha e da França, que tiveram vendas fortes em meados de abril e maio, ressalta o documento. Só no começo de junho, os fundos globais de renda fixa tiveram retirada de US$ 5,7 bilhões, com os aplicadores preferindo apostar em ações.
(artigo enviado por Guilherme Almeida)
02 de julho de 2015
Altamiro Silva Junior
Estadão
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