Há os que, fotogenicamente, melhoram nas molduras e exageram nas selfies e os que são muito melhor ao vivo e a cores. Tal preâmbulo para falar do espanto enorme e espontâneo, de um cliente ao entrar no meu consultório e soltou um grito “Doutor, como o senhor está velho!”.
Vinte anos depois haveria de estar, ainda mais com meus cabelos brancos em imensa maioria, as rugas, um sobrepeso insistente mas, principalmente, um longo caminho onde desafios, superações, quedas e vitórias, de forma justa e inconteste, marcam meu corpo, sinalizam minha mente e aos poucos vai purgando minha alma.
ALGUNS CONCEITOS
Me vem à memória alguns conceitos da filosofia quântica, tais como “tempo é uma criação psicológica do ser humano, na verdade tempo é uma dimensão”, ou “não existe início e fim, pois no espaço-tempo o observador contamina a experiência”. Em outras palavras, “pois é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Para quem crê ou busca um novo saber, dá no mesmo, vida material ou não material são lados de uma mesma moeda. Eu, particularmente, acho justíssimo ir devolvendo ao universo todas as substâncias de uma tabela periódica, que de átomos se aglomeraram em moléculas, destas evoluem para aminoácidos e destes para proteínas, formando as células, que, quando agrupadas, viram órgãos, que, sistematizados, se transformam no corpo humano, que se nutre das proteínas animais e vegetais de outros seres mortos, que permitem a vida. Tudo é uma grande dança universal ao estilo Lavoisier “na natureza nada se cria, nada se perde tudo se transforma”.
No fundo somos tão jovens! O que nos envelhece é o medo da velhice, das rugas e da flacidez. O medo de morrer, adoecer e perder alguém. Nos falta a lucidez da certeza de sermos eternos. Somos carentes é da fé verdadeira, de entender que, neste plano terrestre, estamos penando, expiando nossas imperfeições, convivendo com nossas fraquezas, imaturidades, pecados inerentes à nossa pouca evolução. Aqui, sem dúvida, entra a vaidade, a valorização pueril da aparência, do consumismo, do jeito esteta e artificial de se apresentar ao mundo.
Admiro a beleza na sua atemporalidade, dos que se eternizam jovens no conteúdo e sabedoria, que geram prazer ao falar de forma poética e emocionante de suas vivências vida a fora. Sim, como dizia o Renato Russo, “somos tão jovens” , quanto à capacidade de experimentar a cada dia um novo desafio, adquirir mais um aprendizado, ensinar algo, ouvir e semear o milagre da vida!
02 de julho de 2015
Eduardo Aquino
O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário