"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

ALMIRANTE CORRUPTO ERA CULTUADO COMO HERÓI NA MARINHA



Pai do programa nuclear era um corrupto de alta especialização
O presidente llicenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso nesta terça-feira, 28, pela Polícia Federal, por ter sido acusado de recebimento de R$ 4,5 milhões de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, é tido como uma referência na comunidade científica por estudos sobre o uso de combustíveis nuclear.
Engenheiro naval pela Escola Politécnica de São Paulo, formado em 1966, Othon é autor de um projeto de criação de centrífugas usadas no enriquecimento de urânio para propulsão nuclear em submarinos. Em 1994, chegou a receber do então presidente da República Itamar Franco a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, por conta de suas colaborações à ciência e à tecnologia.
Othon se especializou em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT), em 1978. Foi diretor de pesquisas de reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entre 1982 e 1984, além de fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Atuou ainda como diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (Copesp), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.
Na Marinha, Othon chegou ao posto de vice-almirante. Ele estava no comando da Eletronuclear desde 2005, até que se licenciou do cargo em abril deste ano, a partir de apurações de denúncias envolvendo contratos firmados na construção da usina de Angra 3.
PAGAMENTOS VULTOSOS
Paralelamente à presidência da Eletronuclear, Othon era dono da empresa Aratec Engenharia. Sua empresa é investigada por ter recebido “pagamentos vultosos” de outras companhias que compõem o consórcio que atua nas obras de Angra 3, o consórcio Angramon. Os pagamentos, que teriam sido feitos pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear, ocorreriam por meio de empresas intermediárias: CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e Participações Ltda., e a Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda., “algumas com características de serem de fachada”, segundo a PF.
O despacho que autorizou a prisão temporária de Othon, assinado pelo juiz Sérgio Moro, informa que “embora os pagamentos das empreiteiras à Aratec possam eventualmente ter causa lícita, pela prestação de serviços reais de assessoria ou consultoria ou por eventuais direitos de patentes, pelo menos considerando as conhecidas qualificações técnicas de Othon Luiz, há aqui um possível conflito de interesses que coloca em suspeita esses pagamentos”.
NA ATIVA, JÁ ERA CORRUPTO
No mesmo documento, Moro ponderou que “não passa sem atenção o fato de Othon Luiz ser militar da reserva”.
“Apesar do prestígio das Forças Armadas, o fato é que as provas indicam possíveis crimes de corrupção em tempo muito posterior a passagem dele para reserva e no exercício de atividade meramente civil. Então a investigação não tem qualquer relação com atividade militar, não sendo os fatos em apuração crimes militares nos termos do art. 9º do Código Penal Militar.”
Reportagem publicada pelo Estado no último domingo, 26, revelou que a construção de Angra 3 já custou R$ 1 bilhão aos cofres públicos, sem nunca ter entregue energia.O valor total da obra, antes estimado em R$ 9,6 bilhões, já ultrapassa R$ 16 bilhões.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A prisão do vice-almirante corrupto, que na ativa já estava no crime, é uma lição para aqueles que defendem novo governo militar. No caso em questão, Othon era cultuado na Marinha como uma espécie de herói tecnológico. Agora, sabe-se que é um ladrão requintado, com especialização no MIT, apenas isso. (C.N.)

29 de julho de 2015
André Borges e Talita Fernandes
Estadão

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