"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de maio de 2015

O GOVERNO CUBANO DETÉM 51 "DAMAS DE BRANCO" EM UM SÓ DIA



A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN) informou nesta segunda-feira (4) que durante o passado mês de abril houve ao menos 338 detenções por motivos políticos. Embora a cifra seja inferior à registrada em março, apresenta graus superiores de violência policial, especialmente contra as “Damas de Branco”. “Ao longo do mês de abril identificamos 101 vítimas inocentes de outras formas de repressão política em Cuba, tais como agressões físicas, fustigamentos, ações vandálicas e ‘atos de repúdio’ como forma de intimidar os dissidentes pacíficos e aterrorizar ainda mais os cidadãos”, expressa o documento “Atos de Repressão Política” no mês de abril de 2015.
51 Damas de Branco e 38 ativistas [1] de diferentes movimentos opositores defensores de direitos humanos do país, estiveram detidos por mais de seis horas nas mãos da Segurança do Estado neste domingo 3 de maio em Havana, Cuba. Berta Soler, representante do movimento Damas de Branco, contou a PanAm Postque o grupo leva cinco domingos, desde o passado 5 de abril, manifestando na Missa dominical, na qual difundem imagens dos presos políticos, repartem mensagens em defesa dos direitos humanos e demandas contra o Governo cubano. Em razão destas manifestações pacíficas, Soler denunciou que a Polícia Nacional Revolucionária, em conjunto com o Ministério do Interior e os grupos de apoio vestidos de civil, detiveram, reprimiram, perseguiram e violentaram os que saíram para protestar.
Soler explicou que previamente aos atos de repressão, o grupo havia se dado conta de que o Governo, através das “tropas militares” e para-militares, procurava provocar atos violentos nos quais envolviam crianças e mulheres, com a finalidade de imputar os manifestantes por suposta desestabilização, assinalou a ativista que, ao se dar conta disso, se mobilizaram para outra zona. A Dama de Branco contou a PanAm Post que mesmo quando não se apresentou nenhum ato de desestabilização encabeçado pelo grupo de defesa de direitos humanos, foram igualmente interceptados e detidos de maneira “brutalmente violenta”. 
Soler ressaltou que todos os dissidentes presentes foram algemados com “algemas metálicas muito apertadas” diferente de ocasiões passadas, nas quais eram detidos com “algemas plásticas”. Soler denunciou que foram “brutalmente golpeados” causando hematomas e lesões em algumas das vítimas detidas, e afirmou que durante o tempo da detenção os funcionários castrenses lhes negaram o consumo de água e alimentos.“Isto é mais uma mostra da intolerância do Governo cubano com as pessoas que pensam diferente dele”, sentenciou Soler.
Cúpula das Américas, um detonante de tirania
O documento publicado pela Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional resenha: “Nos Foros Paralelos da VII Cúpula das Américas, o regime totalitário imperante em Cuba mostrou seu verdadeiro rosto e sua decisão de continuar impondo o ruinoso modelo de partido e pensamento únicos, que afundou e continua afundando a imensa maioria dos cubanos na pobreza e na desesperança, e não aceitar os padrões internacionais em matéria de direitos civis, políticos, trabalhistas, sindicais e outros direitos fundamentais”.
O que Raúl Castro está procurando é crédito com países poderosos para se manter no poder
Soler secundou esta informação e acrescentou que desde que se efetuou a Cúpula das Américas no Panamá, o Governo cubano “recrudesceu” suas ações violentas sobre os manifestantes, especificamente contra as Damas de Branco. A representante do movimento afirmou que o regime dos Castro é qualificado como ditador e não está preparado para dialogar. Acrescentou que este assinalamento pôde-se observar quando durante a Cúpula das Américas se efetuaram atos de violência “financiados pelo Governo de Cuba”, para que boicotassem os foros de direitos humanos desenvolvidos no evento internacional.
Soler assegurou que o regime não conseguiu a façanha de interromper o desenvolvimento das mesas de diálogo e que expulsaram os membros defensores de direitos humanos porque “se encontravam em um país onde há sim democracia e onde se defendeu a livre opinião”. Além disso, acrescentou que com os atos de violência que se apresentaram no Panamá “demonstrou-se mais uma vez o desrespeito do Governo cubano à livre expressão”. A ativista informou que atualmente na ilha restam aproximadamente 60 presos políticos nas mãos do Governo. Informou que não pode dar um número exato, devido a que a quantidade varia de acordo com as detenções que se vão dando sobre a marcha, “enquanto prendem uns e soltam outros”. Expressou que se não contam com a informação das famílias, não podem oferecer um número determinado.
Diálogo com os Estados Unidos é uma procura de “crédito”De acordo com Soler, o diálogo implantado entre o Governo dos Estados Unidos e o Governo Cubano “não chegará a lugar nenhum”, com relação ao respeito aos direitos humanos e a liberdade de expressão. Assegurou que o que Raúl Castro está procurando é “crédito com países poderosos para se manter no poder devido a que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, já não pode cumprir com a cota que o ex-presidente Hugo Chávez lhes oferecia”.
10 de maio de 2015
SABRINA MARTÍN
Nota da tradutora:

[1] Dentre essas 51 pessoas presas, maltratadas e violentadas em seus direitos mais elementares, não se viu ou soube-se estar no rol a “bloguera cariñosa” Yoani Sánchez. Por que será?
Tradução: Graça Salgueiro

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