"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de maio de 2015

A FÉ QUE A CIÊNCIA ESTÁ PESQUISANDO



Quem dera se os céticos e ateus, que merecem meu respeito mesmo não me demonstrando de forma lógica e matemática a inexistência de Deus – o que me permitiria acreditar neles –, pudessem entender de forma definitiva que fé não é sinônimo de religiosidade! Repito em alto e bom som, inclusive para os religiosos de carteirinha: fé não é religião!
Na verdade, é uma energia inerente ao ser humano, e tem sido pesquisada de forma científica numa região específica do cérebro, o lobo temporal direito. Farei aqui uma ponderação que pode ilustrar e ir além das radicalizações que o tema suscita.
Pegaremos um fenômeno bem conhecido, embora sem a clareza que desejamos, que é o “efeito placebo”. Como explicar que entre 27% e 31% daqueles que recebem pílulas de farinha de trigo, ao invés da medicação científica, respondem de forma positiva e terapêutica, como se tivessem usado a medicação com os princípios científicos verdadeiros? Ou ainda, quando médicos com atitudes mais humanas e receptivas ao prescreverem uma mesma medicação – comparados a outros profissionais frios, indiferentes ou mal-humorados – têm resposta quase 40% mais positiva no primeiro caso?
EFEITO CURATIVO
Estudos recentes mostram que palavras de líderes religiosos, uma imantação pelas mãos e orações coletivas, ou mantras, têm poderoso efeito curativo. Funcionam tal qual o efeito placebo de um médico acolhedor, transmitindo confiança (con – do grego, “junto de”, “compartilhado” e fiare – “fé”) e ativando a mesma área do cérebro citada acima. Tudo isso para lamentar a tremenda falta de fé que assola a humanidade.
Falta dela que, principalmente, assola os jovens viciados em tecnologia. Pessoas que abdicam de experimentar as sensações espirituais, transcendentais, ao mesmo tempo que assistem a guerras religiosas descabidas sem qualquer relação com a fé, num mundo de intolerância e barbáries. De sunitas, xiitas e Estado Islâmico, passando por Al-Qaeda, muçulmanos e católicos. E até mesmo a divisão entre os budistas! Realmente, é o fim da picada!
DENTRO DE CADA UM
Fé, meus amigos, começa dentro de cada um de nós e nunca num milagre desejado. Afinal, já somos, em nós mesmos, milagres da natureza (embora não percebamos).
Essa energia da fé como sinônimo de crença e percepção que somos moléculas divinas, capazes de transformar pensamentos em ações, sentimentos em energia. Essa necessidade básica de sermos animados (do grego, “anima” ou “alma”), portanto, de carregar uma entidade espiritual – algo que vai muito além do físico e psíquico –, de sermos movidos a sonhos, metas e intenções, nos tornarmos transformadores de elementos de uma tabela periódica, de máquinas, tecnologia de ponta, cidades e organizações espetaculares enquanto, simplesmente, nos matamos por coisas banais, roubamos, traímos, mentimos…
Essa evolução louca, cheia de altos e baixos, esse alvorecer da humanidade, que tem só 150.000 anos, demonstra que o conflito entre o mais animalesco que herdamos de nossos ancestrais e o mais divino que buscamos está só no início.
RECÉM-NASCIDOS
Somos récem-nascidos no espaço e tempo universal. Ainda que pretensiosos candidatos a deuses artificiais e incompetentes.
Se fé fosse representável por conceitos e palavras que significassem emoções e afetos, talvez fosse uma porção mágica, de especiarias como o desapego, a serenidade, a entrega sem dúvida ou preocupação, a percepção infinita da paz-de-espírito.
Adicionada ao relaxamento, êxtase e comunhão com a natureza que nos circunda e invade ao deliciar com o nascer e o pôr do sol, aquela paisagem divina, o mar sereno ou o simples cheiro da dama-da-noite. Nos detalhes, os grandes milagres que cismamos diariamente em não usufruir…

10 de maio de 2015
Eduardo Aquino
O Tempo

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