"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de maio de 2015

VITÓRIA PARCIAL DE DILMA FOI A DERROTA DO PT NA OPINIÃO PÚBLICA



O título deste artigo – creio eu – sintetiza o resultado efetivo da votação da noite de quarta-feira, na Câmara dos Deputados, quando o Palácio do Planalto, por 252 contra 227 votos, conseguiu aprovar a parte que se refere ao seguro-desemprego e abono salarial, da Medida Provisória relativa ao Ajuste Fiscal projetado pelo ministro Joaquim Levy. O governo, na realidade, venceu perdendo e, com isso, arrastou o PT à derrota junto a opinião pública. Este aspecto está plenamente refletido e contido na reportagem de Júnia Gama, Simone Iglesias, Isabel Braga, Eliane Oliveira, além de Catarina Alencastro e Luiza Damé, O Globo, edição de 7 de maio.
O texto deixa evidente o duplo destaque da presidente e da legenda, na medida em que o governo arregimentou votos em troca de promessas explícitas de cargos no Executivo, inclusive ao nível de ministérios. Um deles, reflexivamente vago desde já, o do Trabalho, ocupado por Manoel Dias, do PDT, cuja bancada votou contra a proposição redutiva do acesso ao seguro-desemprego. No mérito, a redução colocada poderia ser aceita, mas não como produto de barganha ou ameaça.
Trocar cargos na administração por votos de deputados é algo escandaloso que colide com o sentimento popular. Com isso, no fundo, aumentou a impopularidade, tanto de Dilma Rousseff quanto a do Partido dos Trabalhadores.
Isso de um lado. De outro, é preciso lembrar à presidente que a matéria segue agora para o Senado. O procedimento da cooptação de votos será o mesmo? Quem vai preencher as vagas abertas pela persuasão? Os deputados ou os senadores? Ou os representantes das duas Casas do Congresso? Uma pergunta difícil de responder. E mais difícil ainda que tal hipótese venha a se concretizar na prática.
TEORIA E PRÁTICA
Na teoria, os impasses são sempre fáceis de resolver, basta acionar as teclas dos computadores e colocá-la no papel. O papel aceita tudo e, não fosse ele, não se teria a memória dos tempos. Mas quantas ideias se realizaram concretamente? Uma pesquisa importante a ser feita, não só no Brasil, mas em muitos outros países, está no confronto entre o sonho de um projeto, seja ele qual for, e sua transformação em realidade. Deixo aqui a ideia aos companheiros deste site. Talvez surjam comparações interessantes as quais acrescentem ao processo cultural.
Mas voltando as negociações em torno da oferta por cargos em troca de votos, verificamos a dimensão do desajuste da colocação do governo, pois na medida em que abre a perspectiva de acesso, em decorrência acelera a demanda, levando-a a um ponto de saturação e ruptura.
E, ao lado desse ângulo, devemos colocar outro, este proveniente da leitura de reportagem de Bruno Vilas Boas, Folha de São Paulo, também na edição do dia 7, revelando que a produção industrial brasileira encolheu nada menos que 5,9% em relação a igual período do ano passado. Além disso, Vilas Boas acentua que no exercício passado houve queda em todos os setores industriais, envolvendo os de bens de capital, bens duráveis, além do setor de bens de consumo. O processo comprova que o rumo da política econômica não está produzindo consequências positivas.
SEM ÉTICA
A volta ao código decifrado das negociações políticas menos éticas e mais tradicionais, acrescida ao processo econômico social, só pode resultar num fracasso de grande dimensões, semelhante ao que marcou e manchou a história da Petrobrás. A população brasileira merece que o poder deixe as sombras e se exponha à luz da razão.

01 de maio de 2015
Pedro do Coutto

Nenhum comentário:

Postar um comentário