Foi uma vitória e tanto a de Beto Richa, 49 anos, reeleito governador do Paraná no primeiro turno da eleição do ano passado.
Derrotou o senador Roberto Requião (PMDB), ex-governador, e a senadora Gleisi Hoffmann (PT), ex-chefe da Casa Civil de Dilma.
Parecia destinado a integrar a lista de nomes de onde sairá o candidato do PSDB a presidente em 2018. Seis meses depois, está seriamente encrencado.
A exemplo de Dilma, durante a campanha vendeu a imagem de um Paraná aonde tudo ia bem e o melhor estava por vir. Em momento algum admitiu que fosse obrigado, uma vez reeleito, a promover um duro ajuste nas contas públicas.
O governo gastara R$ 4 bilhões além do que poderia, o segundo maior déficit do país. Richa herdou dele mesmo um Estado quebrado. E desde então só fez descer a ladeira. Até que na quarta-feira passada aconteceu o pior.
Cerca de 20 mil professores reuniram-se defronte do prédio da Assembleia Legislativa. Queriam impedir os deputados de votarem um projeto de lei do governo que modificava o sistema previdenciário dos servidores públicos – não conseguiram.
Por ordem judicial, a polícia isolou o prédio. Os professores forçaram a passagem. A polícia reagiu com a força máxima. Curitiba jamais assistiu nada igual.
Exatos 213 manifestantes saíram feridos. A polícia valeu-se de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, jatos de água e cães.
A sede da prefeitura da cidade, ali perto, serviu de abrigo para quem precisava de socorro médico. As cenas produzidas “foram chocantes”, como admitiria Richa. A pancadaria durou duas horas. Podendo interrompê-la, Richa não o fez.
Apelos não faltaram. Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba, telefonou para Richa. José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, telefonou para Richa.
Ele esteve todo o tempo informado sobre o que se passava por meio do secretário de Segurança Pública e do comandante da Polícia Militar.
Um vídeo gravado dentro do palácio do governo mostrou um grupo de assessores de Richa comentando a violência sem recriminá-la - antes pelo contrário. Richa defendeu a polícia.
Disse: “Os policiais agiram em legítima defesa de suas vidas”. E quem agiu em defesa da vida dos professores? Richa disse: “Os policiais ficaram parados. Os manifestantes partiram para cima deles”.
É ou não tarefa da polícia garantir a liberdade de expressão e reagir com moderação quando provocada por uma minoria? Sim, porque o próprio Richa contou que a polícia prendera sete black blocs. E que eles portavam “artefatos perigosos”.
Mentiu.
A Defensoria Pública do Paraná informou que nenhum dos manifestantes detidos pela polícia era black bloc ou portava artefato perigoso.
Quem esteve com Richa enquanto professores eram massacrados revela que ele se dizia vítima de um plano do PT para desestabilizar o seu governo. E repetia que fizera mais pela Educação do que qualquer outro governador. Surtara.
A popularidade de Richa despencou desde sua reeleição. O governo é reprovado por 76% dos paranaenses.
Suspeitas de corrupção bateram à porta de Richa. Um primo dele, responsável por suas campanhas, foi sócio oculto de uma oficina que reparava a preços exorbitantes a frota de carros do governo.
Jornalistas que investigavam o caso abandonaram o Paraná por falta de segurança.
Richa é o primeiro governador da safra de 2014 a perder a condição de circular livremente por seu Estado sem risco de ser hostilizado.
Fez por merecer.
Derrotou o senador Roberto Requião (PMDB), ex-governador, e a senadora Gleisi Hoffmann (PT), ex-chefe da Casa Civil de Dilma.
Parecia destinado a integrar a lista de nomes de onde sairá o candidato do PSDB a presidente em 2018. Seis meses depois, está seriamente encrencado.
A exemplo de Dilma, durante a campanha vendeu a imagem de um Paraná aonde tudo ia bem e o melhor estava por vir. Em momento algum admitiu que fosse obrigado, uma vez reeleito, a promover um duro ajuste nas contas públicas.
O governo gastara R$ 4 bilhões além do que poderia, o segundo maior déficit do país. Richa herdou dele mesmo um Estado quebrado. E desde então só fez descer a ladeira. Até que na quarta-feira passada aconteceu o pior.
Cerca de 20 mil professores reuniram-se defronte do prédio da Assembleia Legislativa. Queriam impedir os deputados de votarem um projeto de lei do governo que modificava o sistema previdenciário dos servidores públicos – não conseguiram.
Por ordem judicial, a polícia isolou o prédio. Os professores forçaram a passagem. A polícia reagiu com a força máxima. Curitiba jamais assistiu nada igual.
Exatos 213 manifestantes saíram feridos. A polícia valeu-se de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, jatos de água e cães.
A sede da prefeitura da cidade, ali perto, serviu de abrigo para quem precisava de socorro médico. As cenas produzidas “foram chocantes”, como admitiria Richa. A pancadaria durou duas horas. Podendo interrompê-la, Richa não o fez.
Apelos não faltaram. Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba, telefonou para Richa. José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, telefonou para Richa.
Ele esteve todo o tempo informado sobre o que se passava por meio do secretário de Segurança Pública e do comandante da Polícia Militar.
Um vídeo gravado dentro do palácio do governo mostrou um grupo de assessores de Richa comentando a violência sem recriminá-la - antes pelo contrário. Richa defendeu a polícia.
Disse: “Os policiais agiram em legítima defesa de suas vidas”. E quem agiu em defesa da vida dos professores? Richa disse: “Os policiais ficaram parados. Os manifestantes partiram para cima deles”.
É ou não tarefa da polícia garantir a liberdade de expressão e reagir com moderação quando provocada por uma minoria? Sim, porque o próprio Richa contou que a polícia prendera sete black blocs. E que eles portavam “artefatos perigosos”.
Mentiu.
A Defensoria Pública do Paraná informou que nenhum dos manifestantes detidos pela polícia era black bloc ou portava artefato perigoso.
Quem esteve com Richa enquanto professores eram massacrados revela que ele se dizia vítima de um plano do PT para desestabilizar o seu governo. E repetia que fizera mais pela Educação do que qualquer outro governador. Surtara.
A popularidade de Richa despencou desde sua reeleição. O governo é reprovado por 76% dos paranaenses.
Suspeitas de corrupção bateram à porta de Richa. Um primo dele, responsável por suas campanhas, foi sócio oculto de uma oficina que reparava a preços exorbitantes a frota de carros do governo.
Jornalistas que investigavam o caso abandonaram o Paraná por falta de segurança.
Richa é o primeiro governador da safra de 2014 a perder a condição de circular livremente por seu Estado sem risco de ser hostilizado.
Fez por merecer.
04 de maio de 2015
Ricardo Noblat
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