Nas comemorações pela passagem de 1º de maio em São Paulo o ex-presidente Lula, dirigindo-se à CUT, pediu aos trabalhadores paciência para com Dilma Rousseff, como revela a reportagem de Juliana Grangeia e Ronaldo Dercole, publicada na edição de ontem de O Globo.
Analisando-se o episódio sob o inevitável ângulo político, ficou flagrante o reconhecimento de dois aspectos: primeiro, o reflexo negativo da ausência da presidente da República na passagem da data; segundo, a presença do Lula na comemoração, deixando claro mais uma vez que retomou o primeiro plano da vida nacional e será candidato a sucessão presidencial de 2018, na condição “de salvador da Pátria”. Ora, só se salva o que está mal, pois o salvamento só faz sentido em tal condição. Não se salva o que vai bem.
Analisando-se o episódio sob o inevitável ângulo político, ficou flagrante o reconhecimento de dois aspectos: primeiro, o reflexo negativo da ausência da presidente da República na passagem da data; segundo, a presença do Lula na comemoração, deixando claro mais uma vez que retomou o primeiro plano da vida nacional e será candidato a sucessão presidencial de 2018, na condição “de salvador da Pátria”. Ora, só se salva o que está mal, pois o salvamento só faz sentido em tal condição. Não se salva o que vai bem.
Juliana Grandeia e Ronaldo Dercole destacaram pontos essenciais da fala de Lula. Disse ele: “Na hora em que ela está com dificuldade, em vez de só criticar, é melhor a gente dar a mão e dizer, companheira você é nossa.” Lula anunciou ainda que voltará a percorrer o Brasil defendendo o governo Dilma Rousseff.
Com isso ele deixou claro mais uma vez que o governo não vai bem, porque logicamente, só se defende quem está envolvido em problemas.
AJUSTE DESAJUSTADO
Os problemas são muitos, a começar pelas controvérsias em torno da aprovação do ajuste fiscal, contra o qual se volta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao anunciar que no dia da votação abrirá as galerias da Casa aos que desejarem se manifestar.
Como se sabe que tanto a CUT quanto a Força Sindical são contrárias à matéria, fica flagrante o desejo de Cunha derrubar as medidas provisórias 664 e 665 enviadas pela presidente da República. Nesta hipótese, será a crise ampliada, porque envolve a iniciativa formulada pelo Ministro Joaquim Levy e o desfecho político do episódio.
Como poderá ser resolvida a contradição? Talvez com posicionamento de Lula, mas neste caso é bom lembrar que seria como se Dilma Rousseff dividisse o poder com ele. De qualquer forma, ela sairia enfraquecida no processo.
FORA DO PALANQUE
A insatisfação no país vem se agravando e as reações se fazem sentir através de críticas cada vez mais intensas, tanto assim que, presente nas comemorações de 1ª de maio, o ministro do Trabalho Manoel Dias retirou-se do palanque em São Paulo, ao ouvir afirmações contrárias ao governo por parte de representantes sindicais.
Este ponto, também assinalado na reportagem de O Globo, deixa bem claro o aprofundamento do impasse que envolve o poder Executivo. Um impasse nacional, agravado pelo comportamento do governador do Paraná Beto Richa, que é do PSDB, no caso das reivindicações dos professores estaduais, quando a repressão extremamente violenta ultrapassou os limites de apenas uma ação para garantir a segurança pública.
Ao contrário, os agentes da segurança transformaram-se em instrumentos da insegurança, com reflexos em todos os meios de comunicação. Até cães foram movimentados contra os professores que reclamavam a respeito de cortes propostos pelo governador em direitos sociais consolidados.
REPERCUSSÃO
A repercussão negativa foi tão grande que obrigou o ministro da Educação, Renato Janine, a se oferecer como mediador do conflito que culminou com o governo estadual sentindo-se obrigado a suspender as comemorações de 1º de maio por temer a oportunidade para novas manifestações. O ministro Renato Janine, que é professor da USP, evidentemente sentiu-se atingido pela absurda repressão contra uma classe à qual pertence.
Mas a reação negativa não partiu só dos professores, mas de todos os que trabalham e vivem do recebimento de salários, cujo poder de compra diminui a cada dia com o acréscimo sempre de novos impulsos inflacionários. Até porque os impulsos inflacionários antecedem a sua reposição nos vencimentos mensais, que assim somente podem ser repostos meses depois de ocorridos os aumentos de preço. Como se sabe, esses aumentos não cessam e dia a dia se tornam mais constantes, seja de forma direta ou de maneira indireta.
Esse é o quadro básico das dificuldades que cercam o governo Dilma Rousseff, dos quais a presidente não está conseguindo equacionar e, muito menos deles se livrar. Por esta razão é que o ex-presidente Lula pediu paciência para com ela, porém, é bom frisar, ele se dirigiu especialmente à CUT e não a toda a população brasileira.
Lula, claro, espera retornar ao Planalto em 2018, mas sabe que para isso, dependerá em parte do desempenho de sua sucessora. Por este motivo sua frase ao pedir paciência para com Dilma se reveste de um sentido duplo: de um lado, a paciência; de outro, um apelo à esperança.
Como quem diz, deixem comigo, o que ela não resolver, eu resolverei. Só que há uma distância de três três anos e meio entre uma coisa e outra. É muito tempo para que o país possa enfrentar uma crise, cuja solução, na visão de Lula, pode depender de tanto tempo.
04 de maio de 2015
Pedro do Coutto
Como quem diz, deixem comigo, o que ela não resolver, eu resolverei. Só que há uma distância de três três anos e meio entre uma coisa e outra. É muito tempo para que o país possa enfrentar uma crise, cuja solução, na visão de Lula, pode depender de tanto tempo.
04 de maio de 2015
Pedro do Coutto
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