Não precisa ter bola de cristal pra se dar conta de que o futuro do Lula não é radioso como todos imaginavam até seis meses atrás. O homem – que muitos consideram inteligente, mas que eu julgo apenas astucioso e oportunista – não consegue entender o que lhe está acontecendo.
Persistindo na crença de que foi o melhor presidente queessepaiz já conheceu, não atina com os motivos pelos quais ele e seus companheiros passaram a ser rejeitados. Dado que é virtualmente impossível adivinhar os pensamentos que circulam nos meandros do cérebro alheio, a gente pode, no máximo, conjecturar. No caso do Lula, tenho uma hipótese a propor.
Desde o tempo em que liderava metalúrgicos, ele entendeu que o mundo é um jogo de interesses. Toma lá, dá cá. Eu lhe dou isto, você me dá aquilo. A utilização intensiva da fórmula garantiu-lhe vasto círculo de ‘amigos’ e assegurou-lhe ascensão até o posto máximo da República.
Não há notícia de que o Lula jamais se tenha mostrado embaraçado com alguma falcatrua ocorrida à sua volta. Parece-lhe normal que dinheiro e favores circulem por debaixo do pano – faz parte do toma lá, dá cá. Daí ser-lhe impossível entender a razão da cólera popular, agora que escândalos estão sendo revelados. Nosso líder está sinceramente atônito, embasbacado, sem entender o porquê de reação tão negativa contra uma prática que lhe parece corriqueira e indispensável.
A Folha de São Paulo deste 18 maio traz artigo contando que nosso guia criou um ‘grupo para o futuro’, roda formada por alguns dos poucos amigos que lhe restam. Juntos, procuram solução pra vitaminar hipotética candidatura do líder a um terceiro mandato presidencial.
Os componentes do grupo fazem pensar num abraço de afogados. O taumaturgo não está só. A seu lado, estão outros personagens tão ou mais desprestigiados que ele: Antonio Palocci (ministro da Fazenda demitido), Alexandre Padilha (candidato malsucedido ao governo paulista), Fernando Haddad (prefeito paulistano mal-amado). São esses os mais conhecidos.
O Lula devia ter pendurado as chuteiras no dia em que entregou a faixa presidencial à sucessora. Tivesse feito como grandes personagens do passado, que saíram de cena no auge da carreira, teria ficado na memória nacional como grande líder.
Não o fez porque queria mais. Preferiu continuar no palanque sem se dar conta de que, depois de ter chegado ao topo da montanha, só pode descer. Tem descido. É melancólico.
20 de maio de 2015
José Horta Manzano
NOTA AO PÉ DO TEXTO
"O Lula devia ter pendurado as chuteiras no dia em que entregou a faixa presidencial à sucessora. Tivesse feito como grandes personagens do passado, que saíram de cena no auge da carreira, teria ficado na memória nacional como grande líder."
Não o fez, primeiramente porque nunca foi um "grande personagem", e depois, porque todo o lixo que acumulou nos mandatos, seria o suficiente para condená-lo historicamente. E não fosse Pindorama, mas um país sério, sua condenação seria levá-lo a Papuda.
Agora, quando o mau cheiro se espalha e começa a chegar em suas cercanias, Lula, cuja memória já está borrada pelos sucessivos escândalos que estão desmontando a blindagem que se lhe pespegou para livrá-lo da merecida condenação, está acuado, com medo, pois carrega a culpa junto com seus cúmplices, cujas delações apontam o indicador na sua direção.
Sem o conhecido refrão, "eu não sei de nada, eu não vi nada, eu não ouvi nada", queda-se mudo, as vezes tartamudo, visivelmente decadente, desejando que o mudno acabe junto com ele.
Não há para Lula um lugar na história, senão no sótão dos esquecidos, pois a lembrança traz o tempo perdido, o atraso, a vergonha internacional para o país.
Não mais surte efeito a sua 'palancagem' erroneamente interpretada como 'carisma', mas na verdade, o discurso pop e mentiroso, de linguajar vulgar, tão próximo de um povo abandonado a séculos pelos inúteis governos que por aqui passaram, o discurso que apenas ocupou o vácuo deixado por uma "elite" incompetente, voraz, ambiciosa, sempre curvada aos interesses das potencias do "primeiro mundo".
Elite descompromissada com o destino da nação, cabrestada pelos próprios interesses, sem se dar conta de que abria as porteiras para aventureiros identificados com ideologias estranhas, pouco democráticas, pretensiosas por trocar de lugar e aproveitar nababescamente da privatização do Estado, criando o esdrúxulo animal do patrimonialismo, vejam só, que disparate, "patrimonialismo de esquerda" para o gozo inebriante da apropriação indébita.
Lula deve ser esquecido. Lula deve ser banido da História. Tenta, sem forças, reerguer-se do descrédito político em que caiu, mas é da sua natureza estar rasteiro, e ser rasteiro.
m.americo
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