“O depoimento supera muito as expectativas”, disse o vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que chefia a comitiva de oito deputados que ouvem Taylor nesta terça em umHOTEL nos arredores de Londres.
O encontro ocorre desde às 13h30 (9h30, horário de Brasília), de maneira reservada, a pedido de Taylor, mas sem necessidade de sigilo das informações prestadas, segundo os deputados.
LOBISTA/LARANJA
O executivo detalhou aos membros da comissão, por exemplo, como US$ 31 milhões repassados pela Petrobras a contratos da SBM foram parar numa empresa sediada em paraíso fiscal em nome do lobista brasileiro Júlio Faerman, apontado como elo da propina a servidores da estatal.
Ele também descreveu como era a atuação de Faerman, algo que a CPI ainda não havia obtido já que o brasileiro não foi localizado até agora e a SBM tem evitado colaborar com as investigações.
Segundo os deputados, Taylor mostrou contratos da SBM com Júlio Faerman e emails confidenciais trocados dentro da empresa sobre o caso.
Durante o intervalo da reunião, os deputados relataram aos jornalistas que Taylor acusou a CGU de ter sido “negligente” ao receber a documentação e abrir processo contra a SBM somente em 12 de novembro, após a eleição da presidente Dilma Rousseff.
“O depoimento do Taylor nos fornece subsídios para questionar mais a CGU”, disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB).
COLABORADOR
A CPI ouve Taylor na condição de colaborador. O depoimento foi marcado depois de entrevista dada pelo executivo à Folha no mês passado em que revelou ter repassado o dossiê à CGU durante a campanha eleitoral.
Em 27 de agosto de 2014, Taylor repassou à CGU uma série de documentos por e-mail. No dia 3 de outubro, prestou depoimento a três servidores da CGU que o visitaram no Reino Unido.
Na ocasião do contato com a CGU, pouco se sabia sobre o caso —somente no fim de novembro, por exemplo, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco revelou às autoridades brasileiras, em delação premiada, ter recebido propina de Faerman oriunda de contrato com a SBM.
A controladoria nega protelação política e minimiza a contribuição do delator. O órgão alega que tomou a iniciativa de instaurar ação contra empresa após obter indícios de materialidade de irregularidades no âmbito de uma sindicância aberta em abril. Hoje, os dois lados, CGU e SBM, negociam um acordo de leniência.
NA AUDITORIA
Jonathan Taylor fez parte de uma auditoria da SBM no primeiro semestre de 2012 sobre supostos pagamentos de propina feitos pela empresa em países da África e no Brasil, quando ele então teria tido acesso aos documentos da empresa.
“Ele disse que teve acesso aos documentos para se defender e colaborar com as autoridades”, afirmou o deputado Efraim Filho.
Taylor afirma que a SBM e a Petrobras sempre tentaram abafar as investigações. O caso, diz, só foi apurado depois que dados da apuração interna foram publicados na Wikipedia em outubro de 2013.
A SBM acusa Taylor de ser o autor desse vazamento e de chantagear a empresa em troca do silêncio. O executivo não comenta sobre a autoria dessa divulgação na internet e nega qualquer tipo de ameaça à empresa holandesa.
20 de maio de 2015
Leandro Colon
Folha
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