Numa ponta da meada do Petrolão, lideranças de um governo que afunda de nariz empinado falam como se a Petrobras fosse tesouro de quem o encontrou ao pé de promissor arco-íris. E o dia, durante 12 anos, nasceu feliz.
Na outra ponta, até quem manteve as mãos distantes do óleo grosso quer transferir culpas. O sujeito cumprimentou cordialmente um jornalista da praça – “Como vai, fulano?”, e este revidou: “E o efeagacê? E o efeagacê?”. Calma, rapaz, um simples bom-dia basta.
Não lembro de período com tanta sandice no noticiário.
Li que o ministro da Justiça aferrolhou a porta e conversou com o advogado de uma empreiteira que entrou nervoso e saiu tranquilo. Li exaustiva lista relacionando, com ufania, quatro (!) petistas que teriam desentranhado sua contrariedade com a corrupção em curso.
A virtude é assim, tão contagiante? Quatro gotinhas tornam potável a água mais impura? Li que na versão marota do “regime de partilha”, na qual 3% dos contratos abasteciam os partidos da base (2% para o PT e 1% para o PMDB e o PP) tudo era feito “em nome da governabilidade”. Bom, para o país, não?
Li que um grupo de 50 “intelectuais” partiu para o ataque afirmando que:
1) a operação Lava Jato põe em risco nossa soberania e a democracia;
2) seus alvos são a Petrobras e o pré-sal;
3) as investigações estão “dizimando” empresas de alta tecnologia;
4) desenha-se um projeto golpista no país. Com intelectuais assim, quem precisa de tolos?
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?
Ouvi Lula em ato para salvar a Petrobras. Falou como quem mata e vai discursar no velório. Disse que os achados da Lava Jato nas águas profundas do governo são tema de quem quer criminalizar a política.
Ensinou História, afirmando que tais ações acabam em ditadura (certamente lembrou de seus amigos do Foro de São Paulo prendendo opositores).
Ameaçou com o “exército do Stédile” (MST) quem atacasse o governo nas ruas. E ao final, surtou:
“O que nós estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte do povo brasileiro”. Mas o que é isso, Lula?
Li sobre a campanha por Eleições Limpas. E pergunto à CNBB, que mantém união estável com o PT há 35 anos: por que não começou a limpeza dentro de casa, fazendo com que suas Análises de Conjuntura não propagassem as mentiras desse partido sobre a situação nacional? Li no hino da Campanha da Fraternidade:
“Os grandes oprimem, exploram o povo”.
Marxismo de boteco, em pentagrama. E um velho comunista me escreve: por culpa da direita, a Venezuela era um país rico de povo pobre onde o chavismo veio redimir os pobres. Agora, a Venezuela é um país pobre, de povo pobre. Mas a culpa, insiste ele, continua sendo da direita. Vai entender!
04 de março de 2015
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