Todos vocês aí, achacadores, picaretas, ladrões, corruptos. Larguem o osso. Todos. Larguem os milhões de dólares desviados do povo, da educação, da moradia e da saúde. Devolvam (para quem mesmo?) as propinas das consultorias fantasmas. Entreguem as obras de arte das lavanderias secretas. Suspendam o aumento vergonhoso do fundo partidário, que acaba de passar de R$ 372 milhões para R$ 867 milhões – um “presente” da União para os partidos políticos.
Por enquanto, a grana está voando e, junto com ela, os empregos e as ilusões de gente honesta, os trabalhadores brasileiros – os patos do “pacto” do PT, que não conseguem nem receber o seguro-desemprego.
Quem está a favor de Dilma Rousseff, de verdade? Não são as centrais sindicais. Não é o MST. Não são os sem-teto urbanos nem os caminhoneiros ou os professores. O PSDB também não, mas os tucanos não precisam dar um pio. O panelaço está a cargo do PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
Não apoiam Dilma os setores do PT envergonhados com o massacre ao tesoureiro Vaccari Neto, cujo nome surge na boca de tantos delatores como receptor de propina para o Partido dos Trabalhadores. Vaccari está em agonia lenta, como foi a de Graça Foster na Petrobras. Todo mundo sabe que Vaccari vai cair e a vaca vai tossir.
Quem aplaude Dilma de coração aberto? Segundo o DataFolha, 62% acham seu governo ruim e péssimo. Não é a classe média que apoia Dilma. Não é a burguesia. Não são os desempregados. Não são os empresários. Não é a esquerda nem a direita.
Por enquanto, a grana está voando e, junto com ela, os empregos e as ilusões de gente honesta, os trabalhadores brasileiros – os patos do “pacto” do PT, que não conseguem nem receber o seguro-desemprego.
Quem está a favor de Dilma Rousseff, de verdade? Não são as centrais sindicais. Não é o MST. Não são os sem-teto urbanos nem os caminhoneiros ou os professores. O PSDB também não, mas os tucanos não precisam dar um pio. O panelaço está a cargo do PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
Não apoiam Dilma os setores do PT envergonhados com o massacre ao tesoureiro Vaccari Neto, cujo nome surge na boca de tantos delatores como receptor de propina para o Partido dos Trabalhadores. Vaccari está em agonia lenta, como foi a de Graça Foster na Petrobras. Todo mundo sabe que Vaccari vai cair e a vaca vai tossir.
Quem aplaude Dilma de coração aberto? Segundo o DataFolha, 62% acham seu governo ruim e péssimo. Não é a classe média que apoia Dilma. Não é a burguesia. Não são os desempregados. Não são os empresários. Não é a esquerda nem a direita.
Nunca foi o Zé Dirceu, ou alguém duvida? O Zé Dirceu é aquele companheiro que fez vaquinha on-line para pagar R$ 971.128,92 à Justiça no mensalão. Agora se soube que sua firma de consultoria ganhou R$ 29 milhões em oito anos.
Se quem apoia Dilma é o clã dos Gomes, a presidente está em maus lençóis cearenses. A demissão folhetinesca do ministro da Educação Cid Gomes só ocorreu porque a presidente está mais fraca do que nunca. Cid chamou de achacador o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – um dos 35 legisladores investigados no petrolão. Em novembro, Ciro Gomes, irmão de Cid, já havia dito que Cunha era “o picareta-mor”. Em 1993, na oposição, Lula denunciara “os 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses no Congresso”. Notícia velha. Mas, vindo publicamente de um ministro, pareceu roteiro para abalar o Planalto.
Triste país este, obrigado a achar que Cid Gomes – o mesmo que contratou Ivete Sangalo por R$ 650 mil para inaugurar um hospital em Sobral, no Ceará – tem certa razão. O Planalto cedeu ao ofendido Eduardo Cunha o privilégio de anunciar a queda do ministro da pátria educadora. Disse Cunha: “Comunico à Casa o comunicado que recebi do chefe da Casa Civil comunicando a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes”. Comunicamos a Cunha que ele se repetiu demais na curta fala.
Se quem segura Dilma no colo é um Levy estranho ao ninho de Falcão, o ajuste é hoje, para a presidente, muito mais que fiscal. Dilma perdeu o chão, o discurso, a confiança dos aliados, de Lula e de grande parte de seus eleitores, preocupados com a recessão e o desemprego. Só lhe resta pedir “trégua”, “tolerância” e “pacto”.
Dilma temia as manifestações de 15 de março. Mas apenas por desconhecer o que viria depois. Há uma enorme panela de pressão acesa em sua cozinha, assobiando sem parar, com receitas de crises diárias produzidas por seu próprio governo. A semana passada foi indigesta para a presidente. Nem é preciso continuar a dieta, porque o cenário faz perder o apetite.
O emprego formal caiu, foi o pior fevereiro em 16 anos. As greves pipocam de todo lado. No Rio, o desempregado e morador de rua Diógenes Antunes Faria vende por R$ 30 um lugar na fila do seguro-desemprego. Dorme em frente à Superintendência Regional do Ministério do Trabalho. Se quase ninguém apoia Dilma, vamos chamar os soldados, os robôs, a guerrilha. Certo? Errado.
Se quem apoia Dilma é o clã dos Gomes, a presidente está em maus lençóis cearenses. A demissão folhetinesca do ministro da Educação Cid Gomes só ocorreu porque a presidente está mais fraca do que nunca. Cid chamou de achacador o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – um dos 35 legisladores investigados no petrolão. Em novembro, Ciro Gomes, irmão de Cid, já havia dito que Cunha era “o picareta-mor”. Em 1993, na oposição, Lula denunciara “os 300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses no Congresso”. Notícia velha. Mas, vindo publicamente de um ministro, pareceu roteiro para abalar o Planalto.
Triste país este, obrigado a achar que Cid Gomes – o mesmo que contratou Ivete Sangalo por R$ 650 mil para inaugurar um hospital em Sobral, no Ceará – tem certa razão. O Planalto cedeu ao ofendido Eduardo Cunha o privilégio de anunciar a queda do ministro da pátria educadora. Disse Cunha: “Comunico à Casa o comunicado que recebi do chefe da Casa Civil comunicando a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes”. Comunicamos a Cunha que ele se repetiu demais na curta fala.
Se quem segura Dilma no colo é um Levy estranho ao ninho de Falcão, o ajuste é hoje, para a presidente, muito mais que fiscal. Dilma perdeu o chão, o discurso, a confiança dos aliados, de Lula e de grande parte de seus eleitores, preocupados com a recessão e o desemprego. Só lhe resta pedir “trégua”, “tolerância” e “pacto”.
Dilma temia as manifestações de 15 de março. Mas apenas por desconhecer o que viria depois. Há uma enorme panela de pressão acesa em sua cozinha, assobiando sem parar, com receitas de crises diárias produzidas por seu próprio governo. A semana passada foi indigesta para a presidente. Nem é preciso continuar a dieta, porque o cenário faz perder o apetite.
O emprego formal caiu, foi o pior fevereiro em 16 anos. As greves pipocam de todo lado. No Rio, o desempregado e morador de rua Diógenes Antunes Faria vende por R$ 30 um lugar na fila do seguro-desemprego. Dorme em frente à Superintendência Regional do Ministério do Trabalho. Se quase ninguém apoia Dilma, vamos chamar os soldados, os robôs, a guerrilha. Certo? Errado.
Um documento da Secretaria de Comunicação do Planalto diz que a comunicação do governo é “errada e errática” e que “a militância se sente acuada pelas acusações e desmotivada por não compreender o ajuste na economia”. Solução? A Secom recomenda: uma “guerrilha política”, com “munição vinda de dentro do governo, mas para ser disparada por soldados fora dele”. Uau. Dilma se disse “perplexa”. E nós?
Enquanto o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que a baixa popularidade de Dilma é “fotografia do momento”, o país continua aterrorizado com a série infinita de denúncias. Alguém acredita no pacote anticorrupção ou nos benefícios de uma reforma ministerial? No Brasil, não existe mea-culpa. A culpa é sempre dos outros. Vocês aí, todos, larguem o osso.
Enquanto o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que a baixa popularidade de Dilma é “fotografia do momento”, o país continua aterrorizado com a série infinita de denúncias. Alguém acredita no pacote anticorrupção ou nos benefícios de uma reforma ministerial? No Brasil, não existe mea-culpa. A culpa é sempre dos outros. Vocês aí, todos, larguem o osso.
26 de março de 2015
Ruth de Aquino, Revistá IstoÉ
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