"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

MAIS DO QUE VERGONHA, UMA DEMONSTRAÇÃO TRANSPARENTE DO CORPORATIVISMO DO CONGRESSO NACIONAL

Vergonha nacional: pela quarta vez, Renan preside o Senado


Renan Calheiros
Depois da eleição, Renan é cercado pelos jornalistas

Renan Calheiros (PMDB-AL) foi reeleito neste domingo (1) para a presidência do Senado Federal. Será a quarta vez que Renan vai comandar a instituição, em um mandato de dois anos. Em votação secreta, Renan recebeu 49 votos contra 31 para o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), seu adversário na disputa. Um senador votou nulo.

Foi a votação mais apertada para Renan nas quatro vezes em que disputou o cargo. Em 2007, quando enfrentou o senador José Agripino Maia (DEM-RN), o peemedebista recebeu 51 votos – até então a sua menor margem de vitória. Neste domingo, o senador recebeu dois votos a menos.

Luiz Henrique tinha, oficialmente, o apoio de sete partidos: PSDB, DEM, PP, PDT, PSB, PSOL e PPS, além de apoios individuais em outras siglas, como PMDB e PT. Todas as bancadas somadas garantiriam pelo menos 34 votos ao candidato independente. Na prática, porém, Luiz Henrique não conseguiu garantir a unanimidade dos votos das siglas que lhe prometeram apoio.

A candidatura de Luiz Henrique promoveu um racha no PMDB, já que o catarinense decidiu entrar na disputa mesmo sem o apoio de seu partido para enfrentar o colega de sigla. Renan foi o candidato oficial, com o apoio do partido.

Após ser eleito, Renan disse em discurso que a disputa é “passado” e vai trabalhar para ser representante de todos os senadores. Dirigindo-se a Luiz Henrique, Renan elogiou sua “correção e espírito público”. O candidato, porém, já tinha deixado o plenário no momento em que o presidente do Senado discursou.

A candidatura de Renan teve o apoio do Palácio do Planalto, que mobilizou ministros para garantir sua vitória. O PT, partido da presidente Dilma Rousseff, anunciou publicamente apoio à reeleição do peemedebista –mesmo enfrentando divergências internas de um grupo pró-Luiz Henrique.

Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) responsabilizou os petistas pela vitória de Renan. “Eu espero que ele seja mais um presidente de um poder do que um aliado do Planalto. Dentro da própria base de apoio do governo, há frustração”, disse o tucano.

LAVA JATO

Renan decidiu manter sua candidatura mesmo sob a ameaça de ser um dos políticos citados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O nome do peemedebista aparece na suposta lista de políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, mas oficialmente não há confirmação do envolvimento de Renan.

Em conversas com aliados, o peemedebista disse estar disposto a enfrentar as denúncias no comando do Senado, caso seja citado. Em 2006, na presidência da Casa, Renan foi alvo de diversas denúncias depois de ter usado recursos de uma empreiteira para pagar pensão à filha que teve fora do casamento.

Na época, Renan renunciou à presidência para escapar da cassação. Mas saiu ileso dos processos a que respondeu no Conselho de Ética do Senado. Em 2013, também foi alvo de protestos de manifestações populares que pregavam o “Fora Renan”, mas encerrou seu mandato na presidência do Senado sem percalços.

02 de fevereiro de 2015
Gabriela Guerreiro e Mariana Haubert
Folha

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