"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A VERDADE É UMA SÓ: LEVY NÃO SABE COMO REATIVAR A ECONOMIA



Joaquim Levy tenta convencer os empresários a investir

Sempre que muda o governante (em nosso caso, “governanta”, como diz a comentarista Teresa Fabrício), sempre surge uma esperança de que as coisas possam melhorar. É uma sensação contagiante, que ocorre até mesmo quando se trata de uma simples reeleição.

Na verdade, esse delírio coletivo funciona nos mesmos moldes da chamada síndrome do Ano Novo, quando a maioria das pessoas tenta acreditar que os problemas serão resolvidos só porque o calendário foi renovado.

Nessas ocasiões, sempre lembro a letra que Milton Nascimento colocou na música que Wagner Tiso compôs para tema do documentário “Jango”, de Silvio Tendler. Milton adorou a criação do amigo, realmente uma música lindíssima, e colocou uma letra genial. Nascia assim “Coração de Estudante”, a canção preferida de Tancredo Neves, que acabou se tornando um dos hinos da campanha Diretas Já.

“Quero falar de uma coisa, / adivinha onde ela anda? / Deve estar dentro do peito / ou caminha pelo ar. / Pode estar aqui do lado, / bem mais perto que pensamos, / a folha da juventude / é o nome certo desse amor. / Já podaram seus momentos, / desviaram seu destino, / seu sorriso de menino / quantas vezes se escondeu. / Mas renova-se a esperança, / nova aurora a cada dia, / e há que se cuidar do broto / pra que a vida nos dê flor e fruto. / Coração de estudante, / há que se cuidar da vida, / há que se cuidar do mundo, / tomar conta da amizade, / alegria e muito sonho, / espalhados no caminho, / verdes, plantas e sentimento, / folhas, coração, juventude e fé”.

RENOVA-SE A ESPERANÇA

Neste reinício de governo, mais uma vez renovou-se a esperança, e o sentimento coletivo ficou inteiramente voltado para o ministro da Fazenda. De repente, Joaquim Levy foi transformado em gênio da Economia e da Administração Pública, embora não tenha currículo para tanto.

Seu cargo mais importante foi de Secretário do Tesouro, no início do primeiro governo Lula, quando a economia era conduzida, de fato, por Henrique Meirelles.
Depois disso, foi caindo de turma, como se diz na linguagem turfística. Virou secretário de Fazenda do então governador Sérgio Cabral, o que se tornou uma mancha em seu currículo, pois Levy esteve em Paris junto com a “Turma do Guardanapo”.
E acabou no quarto escalão do Bradesco, gerindo um simples fundo de investimento. Ganhava muito bem, começou a se vestir impecavelmente, com ternos e camisas sob medida, deu uma geral nos dentes e passou a exibir um sorriso permanente.

Lula e Dilma tentaram desesperadamente um nome de prestígio. Convidaram Meirelles, que disse “não”. Chamaram Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, que respondeu “nem pensar”.
Ninguém quis aceitar, porque o cargo de ministro é honroso, mas exige que se ature a governanta Dilma Rousseff, algo inimaginável a qualquer economista de sucesso. A função de ministro só interessa a quem esteja querendo engordar o currículo, como é justamente o caso de Joaquim Levy e Nélson Barbosa, que assumiu o Planejamento.

Logo no primeiro mês de trabalho, os dois já tiveram de provar do veneno. Barbosa foi desautorizado e humilhado pela presidenta, que mandou que ele mudasse uma declaração e fez questão de espalhar na mídia que estava “indignada” com ele. Depois foi a vez de Levy e a presidenta/govenanta pegou leve, não deu a bronca publicamente, mas obrigou o ministro a se desdizer. Até quando Barbosa e Levy suportarão esse clima, ninguém sabe.

“ESPÍRITO ANIMAL”

Levy está fazendo o que sabe: aumentar impostos e cortar despesas. Com não tem autorização para reduzir ministérios, diminuir o número de cargos em comissão nem suspender cartões corporativos, fez a governanta Dilma cortar aleatoriamente as verbas de todos os setores, o que demonstra uma colossal falta de visão administrativa e está destruindo a imagem do país no exterior, através da penúria das embaixadas e consulados.


Sônia Lacerda, a amiga que Dilma sustenta

Desgraçadamente, não há motivos para se renovar a esperança num governo que mantém duas inúteis Chefias de Gabinete da Presidência da República em São Paulo e Belo Horizonte, com sedes, funcionários, carros oficiais, mordomias e cartões corporativos.

Nenhuma outra cidade do país tem esse tipo de repartição pública, nem mesmo Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador ou Recife. Só existem duas Chefias de Gabinete fora de Brasília – uma em São Paulo, criada por Lula para sustentar sua namorada Rosemary Noronha; e a outra em Belo Horizonte, criada por Dilma para sustentar uma antiga companheira de cela, chamada Sônia Lacerda.

NÃO HÁ ESPERANÇA

O sentimento de esperança renovada pode até existir, mas não há fundamentos na realidade. O governo está desabando. Agora, o ministro Joaquim Levy acaba de convocar o “espírito animal” dos empresários, em palestra a uma seleta plateia de clientes do Bradesco, vejam só a coincidência.

“É preciso resgatar o espírito animal. […] Quando se abre a jaula, poucos animais vão pular para fora sem antes olhar o ambiente. O nosso dever é garantir esse ambiente”, disse o patético ministro, admitindo que, para que os empresários voltem a investir, é preciso que tenham confiança na economia, ou seja, no governo.

O fato é que Levy não sabe como retomar o crescimento econômico. Se é assim, deveria então perguntar ao emérito professor Carlos Lessa, mas o ministro não tem a humildade necessária. Está só engordando o currículo.

02 de fevereiro de 2015
Carlos Newton

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