O deputado Sibá Machado (PT/AC) – ao ameaçar ampliar a CPMI da Petrobras para investigar o governo FHC – deu um tiro na testa de Dilma. Ele abriu caminho para a inclusão, na mesma CPMI, do caso Gemini, capaz de provocar sérios danos à presidenta.
Diante de tal ameaça, os documentos que foram encaminhados ao deputado Francischini (SD/PR) sobre a Gemini terão que ser discutidos na CPMI. Isso, ou a oposição se mostrará incapaz de reagir a chantagens do tipo “se vocês apurarem isso, eu vou apurar o caso da Plataforma P-36 e da compra da Rede Repsol, ocorridos no governo FHC”.
Obviamente, se a oposição se acovardar, ela dará uma prova incontestável que não merece, em absoluto, o voto dos eleitores. Nessa hipótese, Sibá, o mestre das ameaças, será o maior responsável pela derrota de Aécio, o medroso.
Na outra hipótese – se a oposição usar os documentos por mim encaminhados a Francischini – a reputação de Dilma será arrasada nos dois quesitos mais cultuados por seus seguidores: a transparência e a competência administrativa.
A Gemini e Dilma
A Gemini é uma espúria sociedade feita pela Petrobras com uma transnacional para produzir e comercializar Gás Natural Liquefeito. Arquitetada no período em que Dilma acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, a Gemini é um perfeito exemplo de como deixam a maior empresa brasileira nas garras de sócios, que podem espoliá-la a seu bel prazer.
A matéria “A omissão da oposição: o (des)caso Gemini”, publicada no Alerta Total de 30 de janeiro de 2012 mostra o erro de Serra em não ter questionado Dilma na hora devida, que era no primeiro debate da campanha presidencial por ela vencida. Só quando não havia mais como questionar o assunto, Serra viu que esse era o ponto fraco de Dilma.
Nesta altura, fica uma pergunta para a campanha de Aécio: também deixarão Dilma ficar posando de pessoa transparente e gerente eficiente, ou vão questionar o caso Gemini?
A documentação encaminhada a Francischini
Grande parte da documentação encaminhada ao deputado Francischini sobre a Gemini pode ser vista no site www.maracutaiasnapetrobras.com
Os links de tal documentação estão, também, disponibilizados na matéria “Detonando o pronunciamento de Dilma sobre a Petrobras”, publicada no Alerta Total em 5 de maio de 2014. Acessando-os, a pessoa pode constatar que Dilma tem motivos de sobra para temer ser questionada sobre a Gemini.
A seguir, alguns comentários sobre a documentação em poder do deputado Francischini.
Depoimento à Polícia Federal
No depoimento prestado ao Delegado Gilvan Cleófilas de Paula em 29 de setembro de 2011, apresentei um relatório contendo 11 páginas e 21 anexos, comprovando, inclusive, que o Acordo de Quotistas da Gemini firmado em janeiro de 2004 possibilita que a sócia da Gemini superfature eternamente contra a Petrobras.
Logicamente, como ex-Delegado da Polícia Federal, o deputado Francischini tem a necessária condição técnica para analisar tal depoimento. Principalmente, a acusação segundo a qual a cláusula 3.2 de referido Acordo deixa a Petrobras indefesa, passível de ser submetida a uma rapinagem consentida.
Denúncia ao MPF
Na denúncia por mim feita ao MPF em 19 de outubro de 2010, se encontram detalhadas oito fortes evidências da prática de tráfico de influência no caso Gemini.
Sem nem mesmo comentar qualquer das oito evidências detalhadas, o Procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho, praticamente, me acusou de estar caluniando a presidenta Dilma, e decidiu pelo arquivamento da denúncia.
Em seu despacho, o Procurador Carvalho chegou a afirmar que:
1 – “O objeto destas peças informativas é, exclusivamente, o suposto tráfico de influência imputado à Presidenta da República”;
2 – “A alegação de tráfico de influência praticado pela então Ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi mera ilação”;
3 –“Aprovação da formação da sociedade pelo CADE, ilícito este que teria sido praticado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff”.
1 – “O objeto destas peças informativas é, exclusivamente, o suposto tráfico de influência imputado à Presidenta da República”;
2 – “A alegação de tráfico de influência praticado pela então Ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, foi mera ilação”;
3 –“Aprovação da formação da sociedade pelo CADE, ilícito este que teria sido praticado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff”.
Por que será que, tendo o MPF me acusado de imputar um crime à Presidenta da República, eu não fui processado? A propósito, reitero tudo que afirmei.
O fraudulento Acordo de Quotistas
Conforme explicado em minhas denúncias, por meio da cláusula 3.2 do Acordo de Quotistas da Gemini de 29 de janeiro de 2004, entregaram o cartório nacional de produção e comercialização de Gás Natural Liquefeito à sócia da Gemini.
Incontestavelmente, essa cláusula já deu, continua dando e dará muito prejuízo à Petrobras. O que mais impressiona é que tal cláusula é evidentemente lesiva à Petrobras. Ela não pode ter nem mesmo o benefício da dúvida, que tiveram as cláusulas “Marlim” e “Put Option” – que, dizem, foram ocultadas pelo diretor Cerveró.
Cartas protocoladas para Dilma
Entre as diversas cartas protocoladas para a então presidente do Conselho de Administração da Petrobras Dilma Rousseff que levei ao conhecimento do deputado Francischini, uma contém um trecho especialmente constrangedor para quem diz ser transparente. É o trecho a seguir transcrito:
“Não é pelo sádico prazer de aporrinhar V. Exª. que volto, mais uma vez, à sua ilustre presença. Faço-o, porque a arrogância e a prepotência de administradores públicos que imaginam estarem dispensados de prestar contas de seus atos à sociedade agridem a minha cidadania de maneira insuportável. V. Exª. há de convir que o caso que ora nos ocupa deveria – mesmo se fosse única e exclusivamente por mera questão de pudor – merecer um mínimo de atenção da alta administração da Petrobras. Afinal, o procedimento de seus administradores foi colocado sob suspeita de ter ocasionado um ato altamente lesivo ao interesse público”.
Vídeo “Saia do armário, Dilma!”
Jogando uma pá de cal na reputação de “transparente” de Dilma, encaminhei ao deputado Francischini os links da série de vídeos “Saia do armário, Dilma!”, que podem ser vistos ao final.
Conclusão
Diante do que foi exposto, é inevitável concluir: 1 – se os governistas continuarem ameaçando ampliar a CPMI para investigar fatos ocorridos no governo FHC, é sinal que eles consideram que os estragos na oposição serão maiores que os que a oposição fará a Dilma com a apuração do caso Gemini; 2 – se os governistas cessarem suas ameaças, é sinal que sentiram o golpe, e temem a apuração do caso Gemini; 3 – se a oposição não alardear o fato de Dilma fugir da discussão sobre a Gemini, é sinal que ela está acovardada, e se submetendo a chantagens incontornáveis.
Seguem os links anunciados
03 de junho de 2014
João Vinhosa é Engenheiro
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