SÃO PAULO - Dilma Rousseff decidiu falar com jornalistas com maior frequência. Nas últimas semanas, chamou três grupos para jantar no Palácio da Alvorada e passou a noite respondendo a perguntas. É uma boa notícia, mas o formato desses encontros é uma deturpação do espírito que deveria presidir o contato entre os poderosos e a imprensa.
Os jornalistas que participam dos jantares são escolhidos pela assessoria da presidente. Todos podem reproduzir o que ouvirem como acharem melhor, mas câmeras e gravadores são vetados. Dizem que Dilma fica desconfortável com os aparelhos.
A ideia é criar um clima descontraído, para baixar a guarda dos jornalistas e evitar embaraços para a presidente. Dilma abre uma fresta em sua intimidade e diverte com histórias do neto. O fotógrafo oficial registra tudo e faz retratos individuais dos convidados com a presidente.
Dilma não gosta do contato com a imprensa. Como muita gente no PT, ela vê os jornalistas como adversários que só apontam defeitos em seu governo e ignoram acertos. Suas entrevistas são raras e, em geral, são improvisadas entre uma cerimônia e outra, quando repórteres gritam perguntas e ela responde qualquer coisa antes de bater em retirada.
Numa democracia, os políticos se submetem ao questionamento dos jornalistas porque reconhecem que devem prestar contas à sociedade e entendem que a imprensa existe para fiscalizar os governos, não para elogiá-los. Dilma parece pensar diferente, e só decidiu falar aos jornalistas agora porque está em campanha para se reeleger e acha que precisa assumir a defesa de seu governo.
Há um jeito de resolver a questão. No próximo jantar, a presidente libera câmeras e gravadores e deixa à vontade quem quiser transmitir a conversa ao vivo. O público ganharia assim uma chance de avaliar melhor a consistência das suas respostas. E quem desconfia dos jornalistas teria uma oportunidade para julgar quem faz o seu trabalho direito.
Os jornalistas que participam dos jantares são escolhidos pela assessoria da presidente. Todos podem reproduzir o que ouvirem como acharem melhor, mas câmeras e gravadores são vetados. Dizem que Dilma fica desconfortável com os aparelhos.
A ideia é criar um clima descontraído, para baixar a guarda dos jornalistas e evitar embaraços para a presidente. Dilma abre uma fresta em sua intimidade e diverte com histórias do neto. O fotógrafo oficial registra tudo e faz retratos individuais dos convidados com a presidente.
Dilma não gosta do contato com a imprensa. Como muita gente no PT, ela vê os jornalistas como adversários que só apontam defeitos em seu governo e ignoram acertos. Suas entrevistas são raras e, em geral, são improvisadas entre uma cerimônia e outra, quando repórteres gritam perguntas e ela responde qualquer coisa antes de bater em retirada.
Numa democracia, os políticos se submetem ao questionamento dos jornalistas porque reconhecem que devem prestar contas à sociedade e entendem que a imprensa existe para fiscalizar os governos, não para elogiá-los. Dilma parece pensar diferente, e só decidiu falar aos jornalistas agora porque está em campanha para se reeleger e acha que precisa assumir a defesa de seu governo.
Há um jeito de resolver a questão. No próximo jantar, a presidente libera câmeras e gravadores e deixa à vontade quem quiser transmitir a conversa ao vivo. O público ganharia assim uma chance de avaliar melhor a consistência das suas respostas. E quem desconfia dos jornalistas teria uma oportunidade para julgar quem faz o seu trabalho direito.
20 de maio de 2014
Ricardo Balthazar, Folha de SP
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