"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

TROÇO DE DOIDO


BRASÍLIA - É assim que começa. Quando 20 dos 32 deputados do PR lançam o "volta Lula", não pense que é uma bobagem, coisa dos 20 ou só do PR. Não é. Reflete o temor crescente sobre as chances de Dilma e pode ser o fio da meada.

Para amenizar o impacto, os deputados dizem que, se não tem tu, vão de tu mesmo. Ou seja, se Lula não ceder --apesar de cada vez mais assanhado--, eles engolem Dilma. Não é exatamente estimulante...

A isso se somam vários outros sinais de rejeição à reeleição. O próprio PMDB, principal partido da base aliada, inclusive com a Vice-Presidência da República, tem se rebelado --ou tem rebelados-- no Rio Grande do Sul, no Paraná, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Ceará...

Em Minas, a desistência do senador Clésio Andrade de concorrer ao governo foi comemorada como apoio certo às candidaturas do PT, mas, ontem, ele disse em nota que só vai decidir "mais à frente" quem apoiará ao governo do Estado e ao Senado.

Assim como o retrato de Lula subiu à parede da liderança do PR na Câmara, o de Dilma sumiu do gabinete de Clésio Andrade no Senado. E ele é presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

E o que dizer do ex-prefeito Gilberto Kassab, que está com Dilma, mas janta daqui com Aécio Neves, reúne-se dali com Eduardo Campos?

Há, portanto, um recuo em relação a Dilma, um compasso de espera, como se a turma estivesse esperando para ver no que vai dar --ou para onde as pesquisas sopram.

A única sorte de Dilma é que todas essas crises, éticas, políticas, econômicas, ocorrem com muita antecedência. Em 2006, por exemplo, Lula foi ao fundo do poço com mensalão e aloprados, mas se reelegeu no final.

Há, porém, uma diferença fundamental: em 2006, a economia estava bem. Em 2014, há a soma de escândalos, descontrole político e economia devagar, quase parando. O cenário eleitoral é de dúvidas. E só piora a cada fala estapafúrdia de Lula.

30 de abril de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

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